As geadas esperadas no período de maio a setembro geram preocupação maior esse ano devido ao déficit hídrico que a Região Norte do Estado enfrenta desde 2018. A falta de chuvas pode potencializar os efeitos da geada na agricultura, já que a falta de umidade propicia a formação de cristais de gelo nas plantas.

A falta de chuvas é motivo de preocupação para a cultura do café, pois o  solo ressecado propicia a formação de cristais de gelo, potencializando os efeitos da geada
A falta de chuvas é motivo de preocupação para a cultura do café, pois o solo ressecado propicia a formação de cristais de gelo, potencializando os efeitos da geada | Foto: Marcos Zanutto/02/09/2013

O Alerta Geada, serviço oferecido pelo IDR-Paraná (Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná Iapar-Emater) e pelo Simepar (Sistema de Tecnologia e Monitoramento Ambiental do Paraná), entrou em operação nesta terça-feira (5). O serviço tem o objetivo de avisar os produtores sobre a ocorrência de geadas para que eles possam proteger os cafezais.

Segundo Ângela Costa, meteorologista do IDR-Paraná, neste ano não há influência do El Niño ou El Niña, e por isso espera-se um período de outono e inverno dentro da normalidade.

No entanto, a falta de chuvas é motivo para preocupação. “É uma preocupação bem grande para nós. Desde 2018 temos baixa precipitação no Norte do Estado”, diz Costa. De acordo com ela, em 2018, houve precipitação abaixo da média climatológica em sete meses do ano. Em 2019 o déficit atingiu todos os meses do ano, exceto dezembro. Nos quatro meses de 2020, choveu 319 mm quando a média para o mesmo período é de 657 mm.

A preocupação atinge principalmente as culturas de inverno, o café e as hortaliças. As temperaturas baixas e a falta de chuvas podem acarretar em um déficit de produtividade. O solo ressecado propicia a formação de cristais de gelo, potencializando os efeitos da geada na agricultura.

Por isso, já se recomenda desde o mês de maio a utilização da técnica de “chegamento de terra” nas lavouras de café com idade entre seis e 24 meses. “Já recomendamos para os cafés recém-plantados que se faça o chegamento de terra no tronco para evitar a geada de canela, que queima o caule, a partir de maio até terminar a estação do inverno”, orienta a meteorologista do IDR-Paraná. “Se a parte aérea da planta queima, pode-se fazer a poda que o produtor não perde a muda.”

Para plantios novos, com até seis meses de idade, recomenda-se simplesmente enterrar as mudas quando houver emissão do Alerta Geada. Viveiros devem ser protegidos com várias camadas de cobertura plástica. Nos dois últimos casos (lavouras novas e viveiros), a proteção deve ser retirada rapidamente, assim que a massa de ar frio se afastar e cessar o risco imediato de geada.

Alerta geada

Durante o período de funcionamento do Alerta Geada, é possível acompanhar as condições meteorológicas na região cafeeira do Estado e boletins informativos diários nas páginas www.iapar.br e www.simepar.br, pelo telefone (43) 3391-4500 (custo de uma ligação para aparelho fixo) ou pelo aplicativo Iapar Clima, disponível gratuitamente na App Store e no Google Play.

Se houver aproximação de massas de ar frio com potencial de causar danos às lavouras de café, um pré-alerta é emitido com 48 horas de antecedência. Caso as condições para formação de geadas persistam, um novo aviso, de ratificação, é expedido em até 24 horas antes da previsão de ocorrência do evento. (Com informações da assessoria de imprensa)

Paraná tem 38,1 mil hectares de lavouras de café

De acordo com o economista Paulo Sérgio Franzini, do Deral (Departamento de Economia Rural), da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento, a área ocupada com lavouras de café no Paraná é de 38,1 mil hectares. Desse total, 1.990 já podem se beneficiar do Alerta Geada, pois são ocupados com lavouras de até 24 meses – aí incluídos 590 ha de implantação ainda mais recente, de até seis meses.

Franzini calcula que a implantação de um hectare de cafeeiros custa em torno de R$ 15 mil. Para a proteção, o enterrio e o desenterrio de plantas com até seis meses custa em torno de R$ 1,5 mil. Já nas lavouras maiores, o dispêndio para fazer o “chegamento de terra” e posterior limpeza dos troncos é de aproximadamente R$ 1 mil.

A maior parte das lavouras paranaenses tem em média 8 hectares e é conduzida por pequenos produtores familiares. Em fase de colheita, este ano a produção do Paraná pode chegar a 970 mil sacas de café beneficiado.(Reportagem Local)