Mais de 15 mil propriedades rurais no Paraná já adotaram o sistema de geração própria de energia em suas propriedades. Entre os 15.571 estabelecimentos rurais que aderiram, 15.424 optaram por energia solar, 136 por biogás, 10 por geração hidráulica e 1 por geração eólica.

No Paraná, 15.424 propriedades rurais já optaram por adotar a energia solar
No Paraná, 15.424 propriedades rurais já optaram por adotar a energia solar | Foto: iStock

Entre agosto de 2021 e o início deste mês, quase 9 mil agricultores paranaenses aderiram a algum sistema de geração própria, um reflexo do programa estadual RenovaPR (Paraná Energia Rural Renovável), que subsidia taxas de juros de financiamentos junto aos agricultores.

Lançado em agosto de 2021, o programa já acatou quase 4.700 projetos de instalação de sistemas de geração de energia renovável. Para participar, o agricultor deve procurar o escritório municipal do IDR (Instituto de Desenvolvimento Rural) mais próximo, podendo optar por energia solar ou biogás/metano.

Hoje, são 564 empresas prestadoras de serviços cadastradas em energia solar e 18 em biogás/biometano no Paraná.

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“O Estado arca com a taxa de juros, sendo juro zero nas linhas de crédito do Plano Safra. Nas demais, de recursos próprios dos bancos, subvencionamos 5 pontos percentuais”, explica o engenheiro agrônomo Herlon de Almeida, coordenador do programa RenovaPR. Essas condições são válidas até 31 de dezembro deste ano.

Apesar da procura crescente por energias renováveis no campo, ainda há muito a avançar. O Censo Agropecuário contabiliza cerca de 340 mil propriedades rurais no Paraná – ou seja, hoje são menos de 5% das propriedades que adotam os sistemas alternativos.

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“Gerar energia própria ainda é uma questão nova, de quebra de paradigmas, já que fomos criados que energia é algo que alguém vai produzir para nós. Estamos num processo que as pessoas estão se dando conta de que conseguem reduzir o custo de produção e melhorar a sua competitividade com geração própria de energia", afirma.

A adesão vem crescendo recentemente, sobretudo no meio rural. Uma das explicações para esse movimento é que, até dezembro de 2023, o governo federal cancelará totalmente as subvenções que barateavam o custo da energia elétrica para os produtores rurais.

“Até dezembro de 2023, o preço da energia elétrica rural passará a ter o mesmo preço da energia urbana. A energia rural sempre teve subvenção, foi muito barata, só que passou a ter encarecimento a partir de 2019, quando a subvenção começou a diminuir. Isso impactou na alta do custo de produção.”

O coordenador acrescenta que os processos de geração própria de energia se pagam muito rapidamente.

“No caso do biogás, o payback – retorno sobre o capital investido – começa a partir de 6 meses até 38 meses. E de energia solar, a média do programa RenovaPR fica entre 42 e 44 meses. Não há melhor investimento do que investir em geração própria de energia. Um negócio muito bom para qualquer produtor, e o Estado incentivando fica melhor”, conclui.

INVESTIMENTO

O produtor rural Ildo Alexandre Rottoli teve um financiamento liberado, em setembro de 2021, para adquirir 144 placas fotovoltaicas que foram instaladas sobre o aviário que mantém na sua propriedade, em São João do Oeste, distrito de Cascavel (PR).

Em janeiro deste ano, a propriedade começou a gerar energia própria por fonte solar – uma economia de aproximadamente R$ 2,9 mil ao mês com a conta de energia elétrica, que virou coisa do passado.

Atualmente, inclusive, Rottoli paga um pouco menos pela parcela do financiamento, em comparação à conta de energia antiga. O plano escolhido para financiar as placas fotovoltaicas foi estruturado para oito anos.

“Optei pela energia solar para reduzir o gasto que tinha anteriormente com a conta de luz. Exaustor, comedouros, fornos, nebulizadores, placas evaporativas, lâmpadas, tudo isso consumia muita energia elétrica”, enumera. Neste ano, a expectativa de Rottoli é produzir mais de 200 mil frangos para corte.

Feira em Cascavel debate uso de energias renováveis

A energia alternativa é o grande tema da Feira Paranaense de Energias Renováveis, evento que será realizado de 26 a 28 de outubro, no Centro de Convenções e Eventos de Cascavel.

A feira contará com a presença de expositores de empresas que vendem e instalam sistemas de energia solar e biomassa, principalmente. Também haverá instituições financeiras para fomentar crédito e financiar projetos junto aos interessados.

A programação da feira inclui palestras técnicas e a respeito da legislação sobre energias renováveis. Um dos destaques é a palestra sobre cenários e perspectivas da geração de energia solar no Brasil. Haverá também uma palestra sobre linhas de crédito ofertadas pelos governos estadual e federal para incentivar o uso de energias renováveis.

No último dia da feira, haverá duas palestras sobre matriz energética e segurança energética com foco no Oeste do Paraná, com a presença de palestrantes renomados.

“Como uma grande região produtora de suínos, o Oeste do Paraná dispõe de grande quantidade de dejetos, que são a fonte de energia para o sistema de biomassa, uma fonte muito barata para o produtor”, explica Cesar Veronese, presidente da Associação Regional dos Engenheiros Agrônomos de Cascavel e um dos organizadores da feira.

O público-alvo é composto por agricultores, comerciantes, industriais e público em geral.

A feira tem como organizadores: Associação Regional dos Engenheiros Agrônomos de Cascavel; Federação dos Engenheiros Agrônomos do Paraná, IDR (Instituto de Desenvolvimento Rural) Paraná; Sindicato Rural de Cascavel; Sistema Faep e Codesc (Conselho de Desenvolvimento Econômico e Sustentável de Cascavel).

O evento conta com os patrocínios do Crea (Conselho Regional de Engenharia e Agronomia) Paraná, do Confea (Conselho Federal de Engenharia e Agronomia) e da Mútua (Caixa de Assistência dos Profissionais do Crea).

A feira é totalmente gratuita, basta comparecer ao Centro de Convenções e Eventos de Cascavel. Não é preciso fazer inscrição prévia. Para mais informações, acesse: feiraenergiasrenovaveis.com.