Renato Saragoça Marcantonio: "Hoje, mais do que o palmito em conserva, o mercado de in natura está muito grande, como por exemplo o macarrão de palmito e a lasanha”
Renato Saragoça Marcantonio: "Hoje, mais do que o palmito em conserva, o mercado de in natura está muito grande, como por exemplo o macarrão de palmito e a lasanha” | Foto: Ricardo Chicarelli - Grupo Folha

Na cidade de Rancho Alegre, uma propriedade de 18 hectares é a prova de como pupunheira tem potencial na região. Numa área de 8 hectares - algo em torno de 40 mil plantas -, Renato Saragoça Marcantonio está há 25 anos na atividade, tanto na produção de palmito quanto na comercialização de mudas.


Produtor e engenheiro agrônomo, ele relembra que entrou na atividade após o irmão, que trabalhava na Cocamar, trazer mudas para ele do Norte do País. Até então a aposta da propriedade era com algodão, café e soja. Hoje permanecem o café e a pupunha. Já as mudas, ele comercializa em torno de 60 mil unidades por ano, com valor de R$ 1,50 cada. Para ele, a atividade é excelente para quem busca diversificação, inclusive em pequenas áreas.


Saragoça explica que muitos produtores ficam receosos de trabalhar com a pupunha devido ao investimento inicial em mudas e também custos de manejo, já que a planta precisa de bastante água. A irrigação é um caminho, mas o próprio produtor não trabalha desta forma. “O sistema radicular da planta é superficial e precisa de mais água nos primeiros meses. Muita gente perde parte da lavoura implantada porque não tem esse capricho nos primeiros cinco ou seis meses.”

.
. | Foto: Folha Arte



A primeira colheita vem com cerca de um ano e oito meses e, segundo ele, a palmeira dá em torno de 1,2 corte por ano se tudo correr bem, inclusive sempre focando na adubação. Saragoça relata que as primeiras pupunheiras que plantou, há 25 anos, ainda estão produtivas. “Tem gente que quer plantar na várzea ou onde tem pedreiro, mas isso não funciona, o solo precisa ser bom, fazer um sulco bom de base...Já em relação a pragas e doenças é muito tranquilo, porque muitas não agridem a planta, caso da lagarta. (Em alguns casos) não precisa nem fazer controle com fungicida e nem inseticida.”


Outro ponto interessante é que o produtor não precisa colher o palmito “com pressa”, como acontece com as hortaliças, por exemplo. Ele pode segurar o produto na lavoura e comercializar de forma mais estratégica. Saragoça consegue vender uma cabeça bem tratada entre R$ 2,50 e R$ 3 com a indústria de Cruzeiro do Oeste, que fica responsável pelo corte e o transporte. “Há mais fábricas surgindo para que possamos vender a produção. Hoje, mais do que o palmito em conserva, o mercado de in natura está muito grande, como por exemplo o macarrão de palmito e a lasanha.”

Por fim, ele também cita o fruto da palmeira de pupunha. Como tem acontecido no litoral com o palmito juçara (leia mais nesta edição), o consumo do fruto da pupunheira também tem espaço, principalmente no Norte do Brasil. “Você cozinha ele e come no café da manhã, quentinho, abre e passa manteiga, por exemplo. Aqui a gente não colhe porque o pessoal não tem o hábito de comer. Cada região tem sua cultura (alimentar). Seria um nicho de mercado muito bom, daria para pensar em plantar a palmeira na mata ciliar só para colher o fruto. Os primeiros surgem com sete anos (após o plantio).”