As festas de final de ano fazem a alegria, em dezembro, para muitos produtores rurais. Um bom termômetro desse cenário é a expectativa de comercialização nas cinco unidades da Ceasa no Paraná (Curitiba, Londrina, Maringá, Cascavel e Foz do Iguaçu), que esperam vender cerca de 12% a mais que nos meses anteriores.

O volume de pessoas triplica nas unidades da Ceasa no período que antecedem as festas. Somente na unidade de Curitiba, o fluxo alcança 35 mil clientes por dia. Nos cinco municípios, a expectativa é comercializar 125 mil toneladas de produtos em dezembro deste ano, volume 3,3% maior que no mesmo mês de 2021, que alcançou 121 mil toneladas.

“Este é o melhor período, não fica produto sem vendas. Na semana das festas de fim de ano, toda fruta produzida é comercializada. A venda de verduras e legumes também é garantida”, destaca Éder Eduardo Bublitz, diretor-presidente da Ceasa Paraná.

A Ceasa de Londrina estima que somente o volume de frutas comercializado deverá aumentar até 30%, em comparação aos outros meses do ano. O número de produtores e permissionários no entreposto, por sua vez, já saltou de 250 para até 310 ao dia.

As frutas mais vendidas no final do ano no entreposto de Londrina são as de caroço (pêssego, ameixa e nectarina), a uva de mesa, a melancia, o abacaxi, a manga, o melão, o morango e a lichia.

André Luiz Varago, engenheiro agrônomo da Ceasa Londrina, explica que essas variedades ganham importância devido à safra nacional, que se concentra principalmente entre os meses de outubro e dezembro. “A produção da lichia também se concentra em dezembro, no entanto, devido às condições climáticas deste ano, não é prevista uma produção expressiva.”

Como as uvas são bastante requeridas nesta época, muitos produtores planejam a produção da fruta propositalmente para o final do ano.

Em todo o Brasil, a oferta de melancia, abacaxi e morango se mantém constante praticamente no ano todo, porém, há um acréscimo na comercialização no final de ano. As vendas de batata inglesa, tomate e vagem também apresentam aumento em dezembro. O acréscimo abrange ainda as frutas secas e desidratadas (uvas passas, ameixas e damasco), além das frutas cristalizadas e as castanhas.

Uma das frutas mais demandadas em dezembro é a cereja, com consumo muito associado ao Natal. Soma-se a isso que a época de produção de cereja no Chile e na Argentina coincide com esse período – ambos são os principais países que exportam a fruta para o Brasil. Outra fruta bastante procurada é a romã, muito utilizada em simpatias no dia de Ano Novo com a promessa de trazer mais prosperidade.

CRESCIMENTO

O agricultor Valdecir Ambrósio se dedica ao cultivo de uva e goiaba junto com os familiares em Uraí, norte do Paraná. Com as festas de final de ano, o aumento nas vendas das duas frutas sobe até 30% em comparação a outros meses do ano. “As semanas que antecedem o Natal e o Ano Novo são as melhores”, pontua.

Neste ano, a expectativa é produzir cerca de 20 toneladas de uvas e 30 toneladas de goiabas – o volume deve ser menor que no ano passado (10 toneladas a menos de cada cultura).

“A perda de produção em 2022 está diretamente ligada ao uso de herbicidas nas lavouras de soja e milho. Esse produto se espalha além dessas lavouras e afeta consideravelmente a produção das frutas, verduras e hortaliças em geral”, alerta.

Toda a produção de Valdecir é comercializada na Ceasa de Londrina. O trato nas lavouras é totalmente familiar, envolvendo o produtor, a esposa, os irmãos, cunhadas e filhos.

Para obter o máximo de qualidade nas duas frutas, as práticas incluem poda, atenção diária no controle de pragas, adubação, ralear dos frutos, irrigação, amarração de galhos, entre outras.

“Para uma produção de qualidade são usados fungicidas, inseticidas e fertilizantes que consomem a maior parte dos lucros dos agricultores, mas sem eles, infelizmente, não conseguimos os frutos desejados. Mesmo diante de tantas dificuldades, nos mantemos firmes buscando sempre levar o melhor para a mesa de todos os brasileiros” conclui.

FLORES

O mercado de flores também ganha fôlego nesta época. Segundo a Ceasa de Londrina, uma das variedades mais procuradas é a poinsétia, popularmente conhecida por flor-do-natal, estrela-do-natal ou bico-de-papagaio, com grande presença nas decorações natalinas. A tradição do uso de branco nas festas de Ano Novo, por sua vez, estimula a demanda por orquídeas brancas.

“Com relação às flores, há uma boa demanda no final do ano, mas a maior procura por essas mercadorias ainda se concentra para o Dia de Finados e o Dia das Mães”, explica o agrônomo.

MOVIMENTAÇÃO

Somente a Ceasa de Londrina comercializou 19,8 mil toneladas de hortifrútis em dezembro de 2021, que movimentaram R$ 54,7 milhões. A expectativa é que neste ano o volume comercializado supere o mesmo mês do ano passado.

Apesar dos produtos sazonais que costumam ganhar força nesta época do ano, o produto mais vendido em dezembro na Ceasa de Londrina, nos últimos dois anos, foi a batata inglesa, sempre seguida de perto e às vezes até alternando posição com o tomate e a melancia. Eles formam o “Top 3” de produtos mais vendidos no entreposto local no último mês do ano.

O agrônomo explica que dezembro é visto não apenas como oportunidade de os produtores rurais incrementarem as vendas, mas também ampliar as carteiras de clientes. “No caso de vários produtos a oferta é menor do que a demanda, ou seja, há venda garantida a um preço mais atrativo ao produtor.”

Afinal, é atacado ou varejo?

Uma dúvida dos consumidores é com relação ao atendimento prestado pela Ceasa. A maior parte das mercadorias são vendidas no entreposto de Londrina em caixas com capacidade entre 12 kg e 25 kg, voltadas ao atacado.

No entanto, alguns produtores e permissionários se especializaram em vender algumas mercadorias fracionadas em cumbucas ou bandejas de 180 a 700 gramas, agregando valor ao produto.

As principais mercadorias comercializadas dessa maneira são milho verde, tomate-cereja, pimentas, quiabo, jiló, feijão-vagem, abobrinha, pepino, mandioquinha salsa, gengibre, brócolis, couve-flor, lichia e jabuticaba.

Alguns atacadistas comercializam frutas por peso, como o abacaxi-havaí, o melão amarelo, a manga e a melancia, ou por unidade, que é o caso do abacaxi-pérola. As uvas, de acordo com o permissionário, podem ser encontradas em cumbucas de 500 gramas e em embalagens de 2 kg, 5 kg, 7 kg e 8 kg, por exemplo.

Com relação aos preços, o agrônomo explica que os produtos importados, fora de época e com baixa oferta ou alta demanda costumam ser mais caros. Entre os importados figuram as cerejas, caquis, romãs e algumas castanhas. Como exemplos de produtos com baixa oferta destacam-se o mamão, a lima ácida tahiti, a cebola e a batata.

SERVIÇO

A Ceasa Londrina fica na avenida Brasília, 10.000 – Lindóia, na saída para Ibiporã e Jataizinho. A unidade atende às segundas-feiras, quartas e sextas das 3h às 10h, com maior movimento entre 3h e 7h.

No entreposto há duas modalidades de comercialização: o Mercado do Produtor, em que os produtores paranaenses vendem sua produção; e o Box, que permite a entrada de mercadorias de outros estados e países, não sendo exigido que o empresário seja o produtor. A permissão de uso do box é obtida por meio de licitação pública.