" É preciso aproveitar o momento, pois embora o preço em dólar da soja tenha caído, o preço em reais ainda é crescente”, afirma Andreo
" É preciso aproveitar o momento, pois embora o preço em dólar da soja tenha caído, o preço em reais ainda é crescente”, afirma Andreo | Foto: Saulo Ohara 25/01/2019

O preço do dólar alto pode beneficiar os produtores de soja. Segundo o CEO da Bellagrícola, Flávio Andreo, o cenário da produção deste ano está muito positivo. “A soja está excelente no campo, com exceção do Rio Grande do Sul, que vem apresentando problemas. O milho ainda é cedo para dizer como ficará, porque ainda será plantado. Esse plantio está um pouco atrasado do que a janela ideal, mas não há perspectiva negativa. Há uma perspectiva mais neutra em relação a ele”, aponta Andreo. O CEO da Bellagrícola ressalta que os preços das commodities em reais estão relativamente altos. “É o momento do produtor aproveitar desse câmbio alto com essas oportunidades em aberto”, aponta.

Segundo ele, o preço futuro da soja ainda é uma incógnita. “O preço da soja em dólar vem caindo há algum tempo, mas isso vem sendo compensado pelo câmbio, que tornou o preço do dólar em reais alto. É o momento do produtor olhar isso com cuidado, porque se o dólar cair e voltar a patamares como R$ 3,80, pode dar uma mudança no preço em reais. É preciso aproveitar o momento, pois embora o preço em dólar da soja tenha caído, o preço em reais ainda é crescente”, aponta.

Questionado se esse dólar alto pode provocar o aumento do preço dos insumos, Andreo destaca que os insumos tendem a acompanhar essa alta. “Estamos em um momento único, porque eles ainda não acompanharam. A relação está melhor que a do ano passado, mas não sei por quanto tempo ela vai ficar assim. Os insumos estão sendo importados com o dólar a R$ 4,20, e a soja, com esse valor em dólar, torna o momento ideal para o fechamento de negócios”, aponta.

Questionado sobre o momento da relação entre Estados Unidos e China, que tem provocado o aumento das compras de soja dos Estados Unidos, Andreo ressalta que ficou bem claro que a base de importação da China é o Brasil. “Eles confiam no Brasil como fornecedor. A base deles é aqui. Apenas o complemento é dos EUA”, aponta.

O pesquisador da Embrapa Soja, Amélio Dallagnol, ressalta que a perspectiva da produção de soja do Brasil está excelente. “A estimativa do próprio Departamento de Agricultura dos EUA é de que podemos chegar a 124 milhões de toneladas, ultrapassando os EUA em 25 milhões de toneladas. Eles acabaram de fazer a colheita e a produção deles foi de 96,8 milhões de toneladas”, aponta. Questionado se a superprodução brasileira pode resultar na queda do preço da soja, ele diz que não necessariamente. “O consumo de soja depende muito da economia. Se o PIB chinês cair 5%, pode haver impacto pela redução da capacidade de gastar do povo chinês. Com isso o PIB chinês ficará próximo ao do Brasil, em torno de 1% ao ano”, destaca.