Dia de Campo da Embrapa apresenta novas tecnologias
Participantes conheceram inovações que vão desde os bioinsumos no sistema de produção até a pulverização com drones agrícolas
PUBLICAÇÃO
sábado, 11 de março de 2023
Participantes conheceram inovações que vão desde os bioinsumos no sistema de produção até a pulverização com drones agrícolas
Douglas Kuspiosz - Especial para a FOLHA

Centenas de técnicos, agricultores e estudantes se reuniram para o Dia de Campo da Embrapa Soja (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), em Londrina, em 3 de março. O encontro presencial, primeiro realizado após a pandemia da Covid-19, trouxe tecnologias desenvolvidas pela empresa pública de pesquisa nos últimos anos.
Para o chefe-geral da Embrapa Soja, Alexandre Lima Nepomuceno, o evento é importante porque reúne novidades e apresenta em detalhes para técnicos e produtores. Além disso, garante um espaço para tratar do mercado agro.

“Para mostrar a importância do agronegócio brasileiro para o mundo e sua sustentabilidade”, diz Alexandre, pontuando que a “agricultura brasileira é a solução, e não problema.”
bioinsumos
O encontro trouxe palestras e estações sobre o uso de bioinsumos no sistema de produção, benefícios da tecnologia Block no manejo de percevejos e detalhes sobre pulverização de soja com drones agrícolas, além de cultivares de feijão e soja.
“Todas as tecnologias estão disponíveis no mercado, e a gente está aqui para mostrar onde você pode encontrar essa tecnologia e as melhores formas de você usar”, explica Divania de Lima, pesquisadora da Embrapa Soja.
Uma das estações que mais instigou os presentes foi a relacionada à pulverização com drones. Rafael Moreira Soares, pesquisador da área de fitopatologias, destaca que esse é um serviço em pleno crescimento no Brasil, sobretudo nos dois últimos anos.
“Nós estamos com o projeto na terceira safra para testar a eficiência dessa tecnologia, porque a gente vê muitas empresas prestando serviço, realizando aplicações, agricultores adquirindo drones, mas que tem pouca informação científica e técnica em relação a essas aplicações”, ressaltando que muitas pessoas têm aprendido na prática. “Mas a Embrapa, como órgão público, tem o dever de gerar conhecimento, resultados que ajudem o agricultor a fazer um melhor uso da tecnologia.”

O projeto propôs realizar aplicações de herbicidas, fungicidas e inseticidas na cultura da soja, buscando identificar vantagens e dificuldades em comparação com outros meios de aplicação, como os tratores ou os aviões.
“A tecnologia tem vantagens em alguns casos, mas que demandam mais cuidados, principalmente em questões de condições de aplicação, clima e deriva, que são coisas que podem influenciar mais diretamente a aplicação com drone”, alerta o pesquisador.
Entre as vantagens está o não amassamento da lavoura e a não dependência de condições de solo - logo após uma chuva, por exemplo. “É importante que o agricultor coloque na balança esses fatores”, completa Rafael.
BLOCK
Em outra estação, foram apresentados os benefícios da tecnologia Block no manejo de percevejos da soja. De acordo com a pesquisadora Clara Beatriz Hoffmann Campo, trata-se de um trabalho multidisciplinar entre as equipes de Melhoramento, que desenvolve as cultivares, e de Entomologia, que realiza os testes.
“Depois de vários anos, temos cinco cultivares que são consideradas tolerantes a percevejos. Essas cultivares pelo menos aguentam o dobro do nível de dano, de dois percevejos por metro para quatro por metro”, explica Clara. A tecnologia é vantajosa, pontua a pesquisadora, porque raramente, a não ser nos finais de ciclos, a população desses insetos aumenta muito. “É altamente sustentável, poupadora de carbono, porque você usa menos inseticida, porque você vai sempre estar seguindo o nível de dano.”
Além disso, foi apresentada a cultivar BRS 539, que também é Shield, ou seja, além da tolerância aos percevejos, também é resistente à ferrugem asiática. “A gente tem uma sustentabilidade garantida. É um material que aguenta mais as infecções e as populações de percevejo”.
novidades para o agro
O técnico Wilians Maqueda de Oliveira, que atua na região de Assis (SP), viajou para Londrina para acompanhar o Dia de Campo. No seu ponto de vista, o evento foi importante porque apresentou novidades para o setor agro.
“Principalmente essa aplicação com drone, essa inovação genética com a soja. Está sendo interessante”, afirmou à FOLHA.
Outro profissional da área, o consultor técnico Leandro Ferreira da Maia, que trabalha em uma cooperativa na Região Metropolitana de Curitiba, avalia que os temas abordados pelo encontro são importantes para o avanço da agricultura no Paraná.
“Alguns materiais de cultivares de soja são importantes para nós vermos, e principalmente a gente veio em busca de informações para aplicação com drones”, destacou Leandro. “É algo que está em alta e tem muito prestador de serviço que está oferecendo ao produtor, ao nosso cooperado, estamos tentando trazer informação para ver se realmente é um benefício ou se ainda precisa de mais estudo e pesquisa para dizer se é bom ou não.”
TOLERÂNCIA À SECA
O chefe-geral da Embrapa Soja anunciou, durante o evento, que nesta semana a empresa conseguiu aprovar, junto à Comissão Técnica Nacional de Biossegurança, sua soja editada para tolerância à seca. “Foi considerada uma soja não transgênica, o que facilita muito as questões de testar isso no campo”, pontuou.

Para Nepomuceno, o papel da empresa pública é estar atenta aos cenários de médio e longo prazo, buscando inovação e tecnologia. “É papel da Embrapa desenvolver essas tecnologias e trazer para o produtor.”

