Projeção estimada pelo Deral (Departamento de Economia Rural) aponta que a primeira safra de milho 2023/24 deverá registrar um volume de produção 17% menor no Paraná em comparação à 1ª safra passada.

A expectativa do órgão ligado à Seab (Secretaria Estadual de Agricultura e Abastecimento) é que sejam plantados 317 mil hectares no Estado, a menor área da história para a safra. Até o início de setembro, já foram plantados em torno de 9% do total.

A 1ª safra começou em agosto com o plantio e se estende até junho do próximo ano, com a finalização da colheita. Até o início de setembro, já foram plantados em torno de 9% do total da safra.

Edmar Gervásio, analista de milho do Deral, explica que a primeira safra de milho tornou-se um “negócio de nicho”.

“Ficam, em geral, os produtores nas regiões que têm alta produtividade. Isso porque a soja é a opção econômica mais segura e com liquidez maior que o milho. Os preços menores nesta safra foram o fator determinante para a redução de área de milho 1ª safra na safra 23/24”, explica.

PRODUTOR OPTOU PELA SOJA

O produtor rural Fernando Zanzarini Garcia não plantará milho 1ª safra no período 23/24 em sua propriedade em Luziana, região noroeste do Paraná, por uma série de motivos. O cereal será substituído pela soja.

“O custo com os insumos é maior em relação à soja e, com o preço atual de mercado, não traz o mesmo retorno. Outro ponto é que a soja é mais segura em relação à seca, o que traz uma segurança maior para a gente”, lista.

O produtor destaca ainda que o milho apresenta um espaçamento maior entre as linhas de plantio, deixando a lavoura mais suscetível a doenças. “Isso facilita o desenvolvimento de plantas daninhas que trazem mais gasto para fazer o controle”, conclui.

CONSOLIDAÇÃO

O técnico Edmar Gervásio acrescenta que a produção de milho já é uma atividade consolidada no Estado e compartilha de boa parte da infraestrutura que a soja tem. “Hoje os maiores entraves têm a ver com logística e armazenamento do produto”, pontua.

No ano passado, 393 municípios paranaenses produziram milho. Os três maiores produtores foram Cascavel (445,7 mil toneladas em 76,5 mil hectares); Toledo (418,9 mil toneladas em 65 mil hectares); e Assis Chateaubriand (410 mil toneladas em 68,3 mil hectares de terras).

O VBP com a atividade nos três municípios foi de R$ 547,8 milhões, R$ 508,9 mi e R$ 497,6 mi, respectivamente.

NO TOPO

Levantamento realizado pelo Deral mostra que a produção de milho nas duas safras figura entre os 10 produtos agropecuários que mais geraram riquezas no Paraná em 2022.

O milho 1ª safra figura como a 10ª cultura com maior VBP do Paraná. A atividade gerou quase R$ 4,1 bilhões em riquezas no ano passado. O milho 2ª safra, por sua vez, está na terceira posição do ranking, totalizando um VBP de R$ 16,1 bilhões – atrás somente da soja (1ª safra) e do frango de corte.

Segundo dados da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), o Paraná é hoje o segundo maior produtor de milho do país, somadas as duas safras. Fica atrás somente de Mato Grosso.

“A produção de milho no Paraná é essencialmente consumida internamente. Estima-se que mais de 11 milhões de toneladas são transformados em proteína (carne suína e de frango). As exportações historicamente ficam em torno de 2 a 2,5 milhões de toneladas em média ao ano”, conclui o analista do Deral.

O Censo Agropecuário do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) indica 802 estabelecimentos agropecuários com a cultura de milho em Londrina.