Imagem ilustrativa da imagem De 'garota tímida' à liderança na cooperativa


Por todo o Estado são diversas as ações e projetos relacionados ao fomento do jovem no cooperativismo. Os resultados, ao longo dos últimos anos, são muito positivos com alguns cases de sucesso de como o sistema impactou na vida de quem vai assumir a propriedade daqui em diante. Se a sucessão familiar no agronegócio é algo delicado, que exige uma atenção enorme, no cooperativismo o dever de casa está sendo feito de forma profissional e dedicada.

Um exemplo impactante de que essas atividades direcionadas podem transformar a vida dos jovens está no município de Floresta (Norte Central). Na propriedade de 60 alqueires com produção de grãos, mel e morango, Ligia Mara Jung, de 30 anos, bem provavelmente não estaria tão ativa na área pertencente a família há 70 anos. De uma "garota tímida, do interior, que ficava atrás da barra da saia da mãe" - como ela mesmo se definia – para uma mulher atuante, proativa e vice-coordenadora do núcleo de cooperados da Integrada na sua região. Uma transformação que não seria possível se ela não estivesse tão inserida no meio cooperativista.

Ela relembra que aos 16 anos sua mãe foi convidada para participar do núcleo de mulheres da cooperativa. Logo ficou sabendo que havia um grupo direcionado aos jovens e assim a tímida Ligia começou a se transformar. "Minha vida social começou com a cooperativa. Comecei a participar de reuniões, visitas, viagens. Fiz curso de oratória, liderança, a conhecer outros jovens que gostavam do agro e foi assim que resolvi fazer agronomia."

Aos 17 anos, foi para Maringá cursar agronomia na UEM. O sonho se era tornar engenheira agrônoma e trabalhar numa cooperativa. Durante o curso, apaixonou-se pela agricultura familiar e trabalhou num projeto do governo no Estado nessa vertente por quatro anos. "Depois, acabei indo para uma parte burocrática do projeto e comecei a adoecer, ficar estressada. Com medo da depressão, resolvi voltar para a casa e trabalhar junto com meus pais, mas com meu próprio negócio."

O falecimento de um tio fez com que ela e o irmão herdassem um pedaço de terra junto à propriedade dos pais. Foi a cartada final para permanecer nas raízes. Hoje ela trabalha com uma estufa de morango, com produção de uma tonelada por ano, e o mel, juntamente com a mãe, com produção de duas toneladas, além dos grãos, atividade encabeçada pelo pai e o irmão, de 28 anos. "Quando voltei para casa já entrei como cooperada em 2016. Nesse tempo, me convidaram para a coordenação da cooperativa, como vice-coordenadora de núcleo. Levamos os problemas regionais para as reuniões gerais da cooperativa e decidir o que precisamos."

Para ela, é inimaginável pensar em tudo que ela se tornou e os resultados para a propriedade familiar sem o cooperativismo e tudo que ele representa. "A cooperativa garante a nossa renda. Se fôssemos vender soja e milho diretamente não teríamos poder de comercialização. Hoje brigamos com grandes empresas e não estamos na mão de multinacionais devido ao sistema. O mercado já está nas mãos de poucos grupos e seria ainda pior sem o cooperativismo."

Para o futuro, ela se vê sempre cooperada e formando sua família dentro da propriedade. "Minha vida foi construída aqui e minha intenção é continuar na propriedade, tornando-a cada cada vez mais rentável." (V.L.)