A expectativa de produção de grãos no Brasil, na safra 2021/22 é recorde: 272,5 milhões de toneladas (Mt), sendo 124 Mt de soja, 115,7 Mt de milho, 10,8 de arroz, 9,0 de trigo, 3,1 de feijão e 3,0 de sorgo, entre outros grãos de menor importância, totalizando uma safra 6,7% superior à da temporada anterior, que foi de 253 Mt (Conab). Assim como a produção foi recorde, a área cultivada também o foi: 73,8 milhões de hectares (Mha). Essa produção, no entanto, vem acompanhada de custo de produção, igualmente recorde. Apenas para ilustrar, segundo o Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea), o custo de produção da soja na safra 2022/23 em Mato Grosso, o principal Estado produtor da oleaginosa no País, está estimada em 35,33% superior ao da safra anterior.

Os principais vilões na alta dos insumos de produção foram os fertilizantes, corretivos e sementes, os quais promoveram a alta dos produtos agrícolas; alimentos, principalmente. Mas não são apenas os cidadãos brasileiros que reclamam dos altos preços dos produtos originados do campo. Eles tiveram altas generalizadas, mundo afora.

Grande parte da responsabilidade pela escalada de preços dos insumos e produtos agropecuários pode ser atribuída à pandemia da Covid 19, mas também, à insanidade do conflito entre Rússia e Ucrânia, o qual dificulta o trânsito das mercadorias produzidas em ambos países, encarecendo o seu preço, em especial grãos e minérios. Juntamente com a alta dos custos dos insumos, a inflação também cresceu. Segundo o USDA, a inflação nos Estados Unidos está sendo a maior dos últimos 41 anos.

A bem da verdade, Brasil não pode ser considerado uma grande vítima do conflito, igual acontece, por exemplo, com os países da Comunidade Econômica Europeia, muito dependentes do petróleo, gás e grãos dos dois países em litígio. Embora com impacto menor, o Brasil também sente os efeitos do conflito, via aumento do preço do petróleo e seus derivados, o que está encarecendo o transporte dos bens de consumo, cujo transporte é realizado majoritariamente por caminhões, que se utilizam de diesel, boa parte dele importado.

Na época do ano, quando o escoamento da safra de soja e de milho toma conta dos serviços de frete, a crise se acentua, elevando seus preços a níveis recordes, que, em janeiro de 2022, alcançaram os valores mais altos da série histórica, e a Conab sinalizou com perspectivas de patamares ainda maiores para os meses subsequentes.

Mas nem tudo é tragédia. O aumento do valor do frete promoveu, também, a alta no preço dos grãos e do minério de ferro, beneficiando o Brasil para cujos produtos é grande produtor e exportador. Em janeiro de 2022, por exemplo, o montante exportado e as receitas auferidas com a comercialização de soja, o principal ativo produzido e exportado pelo Brasil, foram históricas: 2,45 Mt exportadas e receita de US$ 1,45 bilhões. O mercado, segundo a Conab, sinaliza com uma demanda crescente de soja, a principal matéria prima utilizada na produção de proteína animal.

O montante investido na produção de uma safra agrícola depende dos custos dos diferentes ingredientes utilizados no seu processo produtivo: fertilizantes, defensivos, máquinas, mão de obra, serviços terceirizados, comercialização agrícola e transporte.

Do uso racional dos insumos de produção depende o lucro da aventura agrícola.