Em 20% dos mais de 5 milhões de estabelecimentos agropecuários, mulheres trabalham ao lado dos maridos : gestão compartilhada
Em 20% dos mais de 5 milhões de estabelecimentos agropecuários, mulheres trabalham ao lado dos maridos : gestão compartilhada | Foto: iStock

Dezenove por cento dos estabelecimentos agropecuários no Brasil são comandados por mulheres. É o que aponta o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), conforme o último Censo Agropecuário divulgado em 2017 . O número aumentou desde o censo anterior, em 2016, quando elas comandavam 13% das propriedades rurais do país.

As mulheres também estão ao lado dos maridos fazendo a gestão compartilhada e tomando as decisões nas propriedades. Em 20% dos mais de 5 milhões de estabelecimentos agropecuários, o casal define unido.

É o caso da produtora rural Juliana Mikolaiewski Dziurza, de 30 anos, que decide junto com o marido o futuro da propriedade que sustenta a família, em Cruz Machado, no Sul do Paraná. Segundo a Agência Estadual de Notícias, ela recebe assistência técnica do Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná – Iapar-Emater (IDR-Paraná) há pelo menos cinco anos. Os profissionais a ajudaram a investir na infraestrutura da propriedade e na diversificação da produção.

“Eu nasci no campo e nunca quis sair do meio rural. Trabalhando aqui, sempre vi a necessidade de as mulheres tomarem um pouco mais a frente dos negócios e não só dos cuidados da casa. Nós temos uma visão diferente, porque conseguimos observar coisas que passam despercebidas aos olhos dos homens. Então, eu achei que poderia dar certo dividir o comando da propriedade com o meu marido”, conta a produtora rural.

Juliana recebeu orientação do instituto para começar com a atividade leiteira, trabalhar com fruticultura e com olerícolas. O apoio do IDR-Paraná foi além dos serviços de assistência técnica, pois a produtora destacava-se também à frente da Cooavi (Cooperativa Agroecológica Vale do Iguaçu), que tem 55 cooperados produtores de hortaliças orgânicas e é assistida pelo órgão, por meio do Programa Mais Gestão.

“Ela já tinha um acompanhamento da extensão rural. Isto fortaleceu a atividade produtiva até para se destacar e assumir um papel de liderança em um empreendimento coletivo importante para a região de União da Vitória e para o município de Cruz Machado”, destaca a economista doméstica do IDR-Paraná, Francieli Gervasoni.

A visão da economista doméstica, neste caso, foi preparar Juliana para se tornar uma mulher exemplo para as demais não só na cooperativa, quando ela se tornou presidente, mas também no meio rural, como produtora e exercendo um papel estratégico nos locais onde atua.

Até chegar à presidência da cooperativa, Juliana encontrou alguns percalços. “Eu já ouvi questionamentos de outras mulheres sobre o porquê de eu estar fazendo algo, já que aquilo não era coisa para mulher. Só que eu vejo com outros olhos. Eu enxergo que a gente é capaz. E a hora que a gente começa a liderar, em que a gente começa a puxar outras mulheres junto, elas também passam a agir diferente e a acreditar em si mesmas, porque elas percebem que são capazes”, afirma a agricultura.

Pedagogia

Agora, ela começou a cursar Pedagogia para aumentar o conhecimento, já que a ideia é não sair da propriedade tão cedo. “Eu gosto de desafios e me formar na faculdade é também um. Quando eu comecei a atividade leiteira aqui, meu marido não acreditava. Peguei esse desafio para mim. Fui participando de cursos, fui aprendendo, hoje até faço inseminação”, comemora a produtora.

Atualmente, ela produz e comercializa em torno de 200 quilos mensais de morango orgânico para os mercados privado e institucional. Alface, brócolis, couve flor, cenoura, beterraba, tomate, pepino e abobrinha representam outros mil quilos por mês.

Para a economista doméstica, modelos como o da Juliana são vistos em muitas regiões do Estado, mas podem ser multiplicados. “A gente fica muito feliz quando vê exemplos de mulheres na produção e em um papel mais estratégico”, celebra Gervasoni.