Imagem ilustrativa da imagem Costumes  antigos e costumes novos
| Foto: Marco Jacobsen

Nesses dias de quarentena, me vem à memória um fato curioso que meu pai contava sobre nossos avós e bisavós da Itália, mais ou menos lá pelos anos de 1800 e pouco. Dizia ele que no sítio colocavam uma vaca num cômodo separado da casa para esquentar o ambiente. Funcionava mais ou menos como um sistema de aquecimento central. É claro que a gente comentava sobre essa forma diferente deles enfrentarem o frio rigoroso. Não sei se era um costume normal ou se foi esporádico, mas lembro da história.

Perguntávamos a ele como as pessoas não ficavam doentes com um animal praticamente dentro de casa. Isso para dizer que em cada época cada um se vira como pode para sobreviver em meio às dificuldades. Hoje, no nosso tempo de coronavírus, mudamos muitos hábitos e não sabemos quais ainda serão mudados. Usa-se máscara, coloca-se pano com água sanitária diluída na entrada, troca-se de roupa e sapato ao entrar em casa, lava-se mais vezes as mãos com água e sabão porque o coronavírus é formado por uma camada de gordura que não resiste ao sabão. Álcool em gel também ajuda muito.

Já convivemos com muitos problemas de ordem microscópica. Na peste bulbônica (1347-1353) por exemplo, o problema era não só com os ratos, mas com os piolhos dos ratos que picavam as pessoas e transmitiam a doença. O problema é a forma do contágio. No caso coronavírus é algo novo. O que conhecemos sobre as formas de transmissão é que parecem ser muito rápidas e a sua permanência nos objetos um tanto duradouras. Será mais fácil detectar o problema a partir do momento em que se souber mais detalhes sobre essa também chamado Covid-19.

Temos uma percepção de que tendo internet 5G é um progresso e tanto da humanidade, mas se não acabarmos com o coronavírus não haverá mais necessidade de internet 5G no mundo. É preciso menos investimentos em foguetes espaciais e mais investimentos em pesquisa biológica.I sso é fato. Nosso organismo humano está debilitado com alimentação desregulada e o mundo está com os aterros sanitários cheios. Estamos doentes num mundo que adoecemos. É preciso mais cuidado conosco e com o planeta. Estamos no limite.

Sem entrar no mérito religioso mas fazendo uma breve menção à Bíblia, um livro sagrado para muitas religiões, diz no capitulo 1, a partir do verso 26, que o homem é responsável pelo planeta. Nisso o homem está sendo muito mal administrador, seja pela ganância ou pela falta de justiça social. Ou ambas. É um importante momento de reflexão sobre o alerta que esse vírus nos deu. Não haverá sistema político ou econômico que ficará de pé se não reavaliarmos ações para o futuro. E o futuro já chegou. O futuro é agora.

Se no passado já passamos pela gripe espanhola em 1918-1920, pela h1n1 em 2009-2010 , só para citar algumas pandemias , e é certo dizer que também passaremos por mais esta se depender da boa vontade das pessoas em assumir a postura indicada pelas autoridades sanitárias. Passaremos, sim, muitas dificuldades por causa da situação econômica de cada um. Vai ser preciso muito discernimento em nossas ações. Unir as pessoas sem aglomerá-las, hoje, se faz virtualmente,e pensar e realizar ações que viabilizem as atividades comerciais para manter os empregos e a dignidade humana e ajudar os mais necessitados e carentes da sociedade que se encontram em situação de risco.

A vida segue se nos cuidarmos e cuidarmos uns dos outros.

Dailton Martins, leitor da FOLHA.