Depois de recepcionar no ciclo 2019/20 o maior volume de soja de todos os tempos, ao redor de 1,5 milhão de toneladas, a Cocamar Cooperativa Agroindustrial inicia o período 2020/21 projetando receber uma quantidade ainda maior, de 1,850 milhão de toneladas. Fundada em 1963, a cooperativa mantém operações nos estados do Paraná, São Paulo e Mato Grosso do Sul, onde possui 87 unidades operacionais que prestam atendimento a 15,5 mil produtores cooperados e, em 2020, faturou R$ 7,049 bilhões, 52% a mais que no exercício anterior.

De acordo com a cooperativa, a projeção de ampliar o recebimento se sustenta em vários fatores. No ano passado, graças às oportunidades de negócios oferecidas e a política de pagamento à vista mesmo diante do forte aceleramento das vendas por parte dos produtores, a Cocamar registrou expressivo aumento de participação de mercado em todas as regiões onde atua, sobretudo no norte do Paraná, ampliando sua fatia de 30% para cerca de 50%.

Imagem ilustrativa da imagem Cooperativa estima receber safra recorde de soja em 2021
| Foto: Gustavo Carneiro/03-3-2016

A previsão da área técnica da cooperativa é de uma safra praticamente normal em produtividade, apesar do ciclo considerado atípico. Após o atraso na semeadura em razão da falta de chuvas, houve grande quantidade de precipitações na fase de desenvolvimento da cultura. A estimativa é de uma produtividade média ao redor de 3,2 mil quilos por hectare (53 sacas).

Produtores investiram mais

Diante das cotações da soja, que praticamente dobraram entre janeiro de 2020 e janeiro deste ano, houve também um investimento maior em tecnologias por parte dos produtores.

De acordo com a área técnica, vai ser uma safra mais longa devido às intempéries, com variações na produtividade. As primeiras colheitas já vêm ocorrendo em alguns municípios e a previsão é que os trabalhos se intensifiquem a partir de 20 de fevereiro, avançando até o final de março e, em algumas regiões, o início de abril.

Em seu planejamento para receber a maior safra da história, a Cocamar investiu R$ 32 milhões em adequações nas suas estruturas operacionais nas regiões. Ao mesmo tempo, está finalizando a contratação de aproximadamente 700 trabalhadores temporários para apoiar os colaboradores durante esse período.

Sem concentração

O gerente executivo com operação de produtos e obras, Márcio Kloster, comenta que com uma colheita mais longa “não haverá tanta concentração no recebimento, aliviando pressão, filas e tornando os serviços mais rápidos”.

As áreas operacionais, segundo Kloster, trabalham com a previsão de intensa atividade a partir do início de março e até meados de abril. Para uma capacidade estática de armazenagem de 1,680 milhão de toneladas, 1,600 milhão já se encontram disponíveis para acondicionar a produção, sendo que somente em março devem ser recebidas 1,100 milhão de toneladas – 650 mil, das quais, apenas no primeira quinzena, uma média superior a 43 mil toneladas por dia.

24 horas

Para os produtores, o movimento de entrega na cooperativa funcionará durante o horário diurno, mas a safra é o momento em que as estruturas não param e, ao longo das 24 horas, um grande número de caminhões vai estar realizando, a partir das unidades, o transbordo do grão para armazéns estrategicamente distribuídos nas regiões de atuação. A estimativa é que um terço do volume total seja movimentado por esse sistema.

Todo o volume de soja é encaminhado, a seguir, para o parque industrial da cooperativa em Maringá, que tem previsão de processar mais de 1 milhão de toneladas do produto.

Produtores na expectativa de boas colheitas

Em Cambé, região de Londrina, o cooperado Odair Favale e dois irmãos estão na expectativa de uma de suas melhores colheitas. Cultivando 1,2 mil hectares no Paraná (com a média nos últimos anos entre 65 e 70 sacas/hectare) e outros 1,2 mil hectares no Pontal do Paranapanema, oeste paulista, os Favale são produtores tecnificados e habituados a trabalhar com agricultura de precisão. “Aqui não faltou chuva quando precisou e tudo vai caminhando bem”, afirma Favale.

Odair Favale e a irmã Luzia, na lavoura em Cambé
Odair Favale e a irmã Luzia, na lavoura em Cambé | Foto: Divulgação

Nos planos de Marciel Pedralli, de Ourizona, município próximo a Maringá, está também a sua maior colheita, em 200 hectares. Pedralli, que é zootecnista e há três anos e meio assumiu o comando dos negócios da família, sucedendo ao pai Ayes, conta que vem implantando um programa de modernização da propriedade e, já nesta safra, a primeira sob o acompanhamento agronômico da cooperativa, espera evoluir de uma média de 55 a 60 sacas de soja/hectare, para pelo menos 70. “Estávamos patinando e agora vamos conseguir fazer mais com o mesmo.”

Bom desenvolvimento

Luiz Alberto Palaro, produtor em Floresta, perto de Maringá, afirma ter a previsão de colher 75 sacas por hectare. “A soja se desenvolveu muito bem e o padrão sanitário é visível”, afirma. Em Jaguapitã, região norte, Michael Tchopko e o irmão Vítor vislumbram uma colheita normal em seus 145 hectares, cuja média, nos últimos anos, tem ficado ao redor de 60 sacas/hectare.

Imagem ilustrativa da imagem Cooperativa estima receber safra recorde de soja em 2021
| Foto: Divulgação

Abortamento

Em alguns municípios os produtores observaram abortamento de vagens em maior ou menor grau, como efeito de duas semanas de chuvas intensas no mês de janeiro. Os irmãos Edys e Edenilson Lazaretti, de Cafeara, ao norte, já estimam perdas de uma parte da produção, a exemplo de Luiz Rogério Augusto, da vizinha Lupionópolis. De acordo com a área técnica da cooperativa, são casos pontuais em uma safra que, pelos indicativos até o momento, tem tudo para superar o recorde do ano anterior.