Boa parte da grande safra de café que o Paraná espera produzir em 2024 (entre 700 e 750 mil sacas) deve sair de Carlópolis, no Norte Pioneiro. O município é o maior produtor de café do Paraná. Ele colheu 6.872 toneladas do grão em quase 5 mil hectares de terras em 2022, segundo levantamento realizado pelo Deral (Departamento de Economia Rural), órgão ligado à Seab (Secretaria Estadual de Agricultura e Abastecimento).

A produção nesse município representou 23,5% do VBP (Valor Bruto de Produção) da cultura do café em todo o Estado, alcançando R$ 114,4 milhões. O VBP estadual do café em 2022 ficou em 486,8 milhões.

Em segundo lugar do ranking estadual na produção de café está Pinhalão, com 3.248 toneladas de café produzidas em 2.195 hectares de terras em 2022 e participação de 11% no VBP estadual da cultura.

Otávio Oliveira da Luz, coordenador estadual do Projeto Café do IDR (Instituto de Desenvolvimento Rural)-PR, explica que um dos motivos para o destaque de Carlópolis na produção de café é a execução de um plano bemestruturado de desenvolvimento da cultura.

“Montamos há cerca de 25 anos um plano municipal de desenvolvimento da cafeicultura, com parcerias com prefeitura, sindicato, associações e agentes de crédito. Treinamos quase 400 cafeicultores em parceria com o Senar no plantio de café, técnicas. Treinamos bastante e acompanhamos em campo”, lista.

APRENDIZADO EM OUTROS CENTROS

Os produtores são levados a outros centros com frequência, como Minas Gerais e Espírito Santo, para se atualizarem na questão técnica.

“Carlópolis é hoje referência no manejo de solo e de poda, técnicas que baixam custos e ampliam a produtividade. Quase toda a cafeicultura no município é mecanizada – tem trator com ar-condicionado, o trabalho não é penoso. Temos uma cafeicultura robusta, sustentável, desenvolvida em sua maior parte nas pequenas propriedades.”

Com 17 mil habitantes, Carlópolis conta hoje com cerca de 700 produtores de café. A atividade gera cerca de 2 mil empregos diretos e 5 mil indiretos.

“Boa parte da produção vai para exportação por meio de cooperativas. Hoje a Capal está muito forte na comercialização, com equipe técnica que presta atendimento muito bom”, destaca o técnico.

Entre os desafios dos produtores, além do custo de produção variável e a questão do clima, Otávio da Luz pontua a estrutura pós-colheita. “Há propriedades que não têm estrutura de pós-colheita (secagem). Seria necessário montar unidades coletivas para dar vazão”, conclui.

3ª GERAÇÃO

O produtor Marcelo Teixeira já está na terceira geração familiar na produção de café em Carlópolis. A área destinada à cultura chega hoje a 100 hectares, com uma produção estimada de 6 toneladas por hectare.

“Neste ano, a produção deverá cair uns 15% por causa da seca e das temperaturas altas”, detalha. Apesar da queda, a produtividade deve alcançar um ótimo patamar – mais de 100 sacas por hectare. “Procuro fazer o manejo correto, o espaçamento na lavoura, além de contar com assistência técnica da Capal”, lista.

Grande parte da produção é comercializada para a cooperativa, mas há casos em que o produtor vende de maneira antecipada para uma exportadora.

Além do tempo, outro desafio enfrentado pelo produtor são as pragas – a principal delas é o bicho-mineiro. “Tivemos muita praga na última safra e foi difícil encontrar inseticida no mercado, consegui encontrar mais no final da safra”, relembra.

SAFRA

Segundo o Deral, a safra paranaense de café para 2024 está projetada entre 700 e 750 mil sacas.

“O volume representa uma estabilidade na comparação ao produzido na safra anterior. As condições climáticas em geral até o momento estão favoráveis, apesar de períodos de calor excessivo e poucas chuvas. A maturação está mais uniforme este ano e os trabalhos de colheita estão iniciando e serão intensificados nas próximas semanas”, analista Paulo Franzini, economista do Deral.

ESTADO

O Paraná produziu 722 mil sacas beneficiadas em 2023, volume 48,2% superior à colheita de 2022, que foi severamente castigada pelas adversidades climáticas registradas no ciclo anterior (geadas e seca).

A área cultivada soma 26.180 hectares. Segundo dados recentes do Deral, foi registrada produção de café em 172 municípios, sendo os cinco principais Carlópolis, Pinhalão, Ibaiti, Tomazina e Apucarana, que juntos responderam por 48,5% da produção paranaense.

Levantamento mensal do Deral aponta que o preço médio recebido pelos produtores paranaenses pela saca beneficiada do café ficou em R$ 1.033,72 em abril/24, contra R$ 992,14 em abril/23.

A projeção para a safra 2024 entre 700 mil e 750 mil sacas são do Boletim de Conjuntura Agropecuária referente à semana de 10 a 16 de maio, elaborado pelos técnicos do Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria da Agricultura e do Abastecimento (Seab).

De acordo com o Deral, as condições climáticas em geral até o momento estão favoráveis, apesar de períodos de calor excessivo e poucas chuvas. A maturação está mais uniforme neste ano e os trabalhos de colheita estão iniciando e serão intensificados nas próximas semanas.