Com o ano de 2020 consagrado como o ano mais seco da história de Londrina, segundo dados coletados pelo IDR (Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná), as chuvas de janeiro se tornaram as mais aguardadas da temporada pelos agricultores locais. No entanto, a instabilidade prolongada que permanece há semanas, traz riscos para as lavouras com o desenvolvimento de pragas e doenças, principalmente para a cultura da soja, analisa o engenheiro agrônomo do IDR, Renan Barzan.

Imagem ilustrativa da imagem Chuvas prolongadas atraem pragas e doenças nas lavouras em Londrina
| Foto: Gina Mardones/ 24-11-2015

O profissional destaca que a ferrugem asiática é a maior preocupação. Esse fungo, com alto potencial de dano, infecta e provoca a queda das folhas da soja. Como consequência, a planta reduz sua capacidade de fotossíntese e não desenvolve o grão. As lagartas também são responsáveis por danificar as folhagens. Já os percevejos sugam diretamente o feijão, suscitando diretamente a perda produtiva.

Após uma semana de chuvas prolongadas, o agricultor cambeense Cláudio Peruzzi teme que os percevejos se instalem nas lavouras. “Há dois anos, eu tive um prejuízo por conta das tempestades durante o período de colheita. Sempre acompanho as previsões para me prevenir”, relatou o produtor que mantém lavouras em Cambé, no distrito londrinense da Warta e no complexo de chácaras Bratislava. Especializado no cultivo da soja, Peruzzi atua no agronegócio desde 1975 e teve que adquirir insumos para manter o maquinário. Além dos gastos extras, ele aumentou sua carga horária de trabalho para a aplicação preventiva de fungicidas.

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| Foto: Gina Mardones/ 24-11-2015

Hortaliças

Não só os grãos estão sentindo o excesso de chuva. O engenheiro agrônomo explica que a produção de hortaliças é outra prejudicada. A água acumulada nas folhas favorece a evolução de fungos, como bacterioses, antracnose e a requeima do tomateiro. “O produtor deve realizar um controle preventivo para esses organismos, usando produtos à base de cobre, por exemplo. Mas a ação curativa também é indicada caso haja o aparecimento de sintomas”, ressaltou Barzan.

Frequência de chuvas

A agrometeorologista do IDR, Heverly Morais, aponta que janeiro é o mês que mais chove no norte paranaense. Dentre os fatores que provocam a alta da umidade estão as frentes frias vindas do sul, o corredor hídrico oriundo do norte brasileiro e as altas temperaturas locais. Segundo a pesquisadora, os temporais são indispensáveis para a sobrevivência das lavouras, mas sua frequência excessiva, combinada com a nebulosidade, impedem o bem-estar da planta: “O ideal seria se chovesse cinco dias ininterruptos e, logo após, viesse uma semana com clima estável”. No entanto, o que acontece neste período é que “as folhas estão sempre molhadas, e não temos sol para impedir o surgimento das bactérias”.

Desde o início de 2021, o Instituto registrou 197,8 milímetros de chuvas em Londrina. A média hídrica histórica é de 224 mm.

Prejuízos financeiros

Para tentar escapar da ferrugem asiática, o IDR recomenda que o produtor antecipe o plantio dos grãos para os meses de outubro a dezembro, antes do período chuvoso. Essa doença costuma aparecer na evolução inicial da planta, quando ela está em crescimento. Se, durante os dias em que há alta umidade, a vegetação estiver em um ciclo avançado, o risco de contaminação diminui consideravelmente e evitam-se os gastos com agroquímicos curativos.

*Supervisão de Larissa Ayumi Sato (repórter)

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