A citricultura é a principal atividade da fruticultura no Paraná. O cultivo de citros (laranja, tangerina e limão) responde por 52,1% de toda a área com frutas no Estado, ao somar 55,4 mil hectares de pomares em 2020, segundo levantamento realizado pelo Deral (Departamento de Economia Rural), órgão ligado à Secretaria Estadual de Agricultura e Abastecimento.

Em relação ao volume produzido, a citricultura representou 56,5% do total de 1,2 milhão de toneladas de frutas colhidas em 2020 no Estado.

O VBP (Valor Bruto da Produção Agropecuária) da citricultura, por sua vez, registrou um acréscimo de 16,5% em 2020 em comparação ao ano anterior, saltando de R$ 556,5 milhões para R$ 648,3 milhões.

Tangerina e poncã tem como maior produtor no Paraná o município de Cerro Azul
Tangerina e poncã tem como maior produtor no Paraná o município de Cerro Azul | Foto: Gilson Abreu/AEN

Dados mais atualizados do Censo Agropecuário realizado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), divulgado em 2017, apontam que o Paraná contava, naquele ano, com 3.293 citricultores (tangerinas: 1.930; laranja: 993; e limão: 370 produtores).

O número de produtores de tangerina é dominante dentro da citricultura, representando quase 60% dos agricultores que lidam com citros no Estado.

Paulo Andrade, engenheiro agrônomo do Deral, explica que a laranja, com início de safra em meados de julho, tem grande parte de sua produção destinada ao fornecimento de frutas para o processamento industrial, transformada em suco e subprodutos, destinados principalmente para o mercado externo. “A comercialização de frutas frescas é dirigida ao mercado interno, local e regional”, destacou.

Ele acrescenta que a tangerina, em fase agora de início de colheita, se destina ao mercado in natura.

“É uma fruta com colheita concentrada em 10 semanas do ano, tem alta perecibilidade e baixa vida de prateleira. Diante disso, a produção de suco é uma realidade há muito tempo perseguida pelos citricultores do Vale do Ribeira, visando um fornecimento, via transformação agroindustrial, de um produto diferenciado, sinalizando aos agricultores um novo nicho de mercado.”

Assim como a tangerina, o limão também é produzido com maior foco no mercado in natura.

ESTATÍSTICAS

Enquanto a laranja é cultivada em extensos 20,4 mil hectares e a tangerina em 7,2 mil hectares, o limão paranaense possui uma área mais modesta, de 1,3 mil hectares.

Os maiores produtores de citros do Estado são Paranavaí (laranja), que produziu em 2020 R$ 69,3 milhões com a riqueza produzida pela atividade, o que representa mais de 23% da riqueza obtida no Estado com o fruto.

O maior produtor de limão nesse ano foi Altônia, com participação de 4,2% no VBP estadual referente à fruta. Cerro Azul, por sua vez, é o maior produtor de tangerina do Estado, com participação de 25% da riqueza produzida pela atividade.

Com relação à produção de citros em geral, o técnico aponta que o maior desafio está hoje em produzir bem com custos reduzidos para um mercado que remunere bem a atividade.

“Pragas e doenças são controladas, porém o ‘mercado do clima’, principalmente a seca histórica vivida nas últimas safras, compromete a qualidade e a quantidade das safras. As variações térmicas entre o dia e a noite conferem uma cor pronunciada nos sucos e nas frutas propriamente ditas”, destaca.

DIVERSIFICAÇÃO

O produtor rural Mylton Casaroli Neto começou a plantar laranja na sua propriedade, em Londrina, há 15 anos, para diversificar a produção. Hoje, os pomares somam 60 hectares. “Já trabalhávamos com grãos e surgiu a oportunidade de iniciar um negócio que parecia ser promissor e que nos traria mais segurança econômica”, relembra.

Para este ano, a expectativa é de colher ao menos 50 mil caixas de laranja, volume quase 50% superior ao obtido no ano passado, quando foram colhidas 34 mil caixas. “O ano passado foi ruim, com clima não favorável, já que faltou chuva na fase de enchimento do fruto.”

Hoje, 100% da laranja produzida é destinada à indústria. “O mercado de suco, diante dos baixos estoques globais e das recentes quebras de produção na Flórida e na Espanha, tende a ser muito bom. É esperada uma produção em níveis mais altos do que nos últimos três anos. Portanto, tudo indica que a indústria terá um bom ano”, projeta.

O produtor trabalha com contrato de preço fixo, já definido antes do início da colheita. Em 2021, o produtor recebeu R$ 26 por caixa de 40,8 kg comercializada para a indústria de sucos. Em 2022, o valor subiu para R$ 30.

Toda a produção dele é comercializada para a Louis Dreyfus Company, uma das três indústrias que domina o mercado global de suco de laranja. A entrega das frutas é feita na unidade de Paranavaí.

“Nunca tivemos prejuízo com a laranja. Em momentos de quebra de produção de grão, a propósito, a laranja foi o que salvou o caixa da propriedade. A lucratividade bruta tem ficado em torno dos 30% para nós”, calcula.

Para obter a melhor produtividade possível aliada à alta qualidade da fruta, as práticas adotadas no campo são diversas. “Acompanhamento técnico, inspeções periódicas de pragas e doenças, adubação e pulverização seguindo todo o rigor técnico necessário, além de boas práticas na colheita que favorecem a integridade do fruto”, lista.

Segundo Mylton, os maiores desafios hoje são a questão sanitária e a mão de obra. “Há uma doença chamada greening que dizima pomares e o controle é difícil. A colheita, 100% manual, exige uso intensivo de mão de obra, que está cada vez mais rara”, conclui.

RANKING

O Paraná é o terceiro produtor de laranjas e tangerinas no Brasil e responde por 5,8% do VBP nacional da laranja e 15,1% da tangerina. Com relação à produção de limão, o Estado figura na 7ª posição nacional, com participação de 1,7% do respectivo VBP.