Com o desenvolvimento do setor, é possível criar um grande conglomerado de propriedades que exploram o turismo rural e ampliar a conectividade entre os paranaenses e esses atrativos
Com o desenvolvimento do setor, é possível criar um grande conglomerado de propriedades que exploram o turismo rural e ampliar a conectividade entre os paranaenses e esses atrativos | Foto: José Fernando Ogura/AEN

A secretaria estadual de Desenvolvimento Sustentável e do Turismo está mapeado 14 regiões turísticas (as Instâncias de Governança Regional - IGRs) com o objetivo de ratificar cinco produtos que servem de âncoras para atrair o turista que gosta de curtir o campo, a natureza e também aventura: O Coração da Grande Reserva da Mata Atlântica (Região de Curitiba), Corredor das Águas (Região da Tríplice Fronteira), Angra Doce (Norte Pioneiro), Portal da Ilha do Sol (Hard Rock/Primeiro de Maio) e Cachoeiras Gigantes (Região de Ponta Grossa).

Segundo a AEN (Agência Estadual de Notícias), a proposta é que esses locais, considerados chamarizes, sirvam de estímulo para aumentar o tempo que o turista permanece no Estado. Os empreendimentos de turismo rural estão inseridos nesse projeto. Com o desenvolvimento do setor, é possível criar um grande conglomerado de propriedades que exploram a atividade e ampliar a conectividade entre os paranaenses e esses atrativos. O público-alvo são os viajantes instalados em um raio de 200 quilômetros, classificado como turista de curta distância.

Novos empreendimentos também fazem parte da proposta. As IGRs debruçam o olhar sobre cada região, identificando propriedades com potencial turístico. Com esse suporte do governo estadual é possível licenciar a atividade e ter acesso a financiamentos para iniciar um novo negócio, principalmente, nas pequenas propriedades rurais.

Capanema é um dos municípios que integram a Rota de Turismo Rural do Paraná
Capanema é um dos municípios que integram a Rota de Turismo Rural do Paraná | Foto: José Fernando Ogura/AEN/Divulgação

O foco no turismo de natureza no Paraná vem ao encontro também aos ideais do governo federal, de acordo com o secretário de Desenvolvimento e Competitividade do Turismo do Ministério do Turismo, William França, na abertura do 15º Festival das Cataratas. De acordo com ele, o Paraná é um estado líder na prospecção do turismo de natureza.

Ele lembrou que o segmento do turismo como um todo apresentou crescimento de 2,6% no PIB nacional, enquanto a economia em geral cresceu 1,1%. “O setor gerou 7 milhões de empregos novos em um conjunto de 25 milhões de empregos no ano passado”, completou.

Nicho de mercado

A atividade classificada como turismo da natureza cresce no Paraná, segundo a AEN, e ganhou mais corpo nestes tempos de pandemia. Neste ano, a crise econômica tem feito com que famílias de pequenas propriedades rurais apostem em novas formas de ampliar suas fontes de renda. Novos empreendimentos estão surgindo ou sendo ampliados. Áreas muitas vezes degradadas são recuperadas e a exploração turística acontece com respeito ao meio ambiente.

A gastronomia é uma das principais atrações de quem viaja para o campo
A gastronomia é uma das principais atrações de quem viaja para o campo | Foto: Sedest/Divulgação/AEN

O secretário estadual do Desenvolvimento Sustentável e do Turismo, Márcio Nunes, visitou propriedades de agricultura familiar em cinco municípios que exploram a atividade de turismo rural no Oeste paranaense. Medianeira, Serranópolis, Matelândia, Santa Tereza do Oeste e Capanema integram a Rota de Turismo Rural do Paraná que desponta, nesse período de pandemia como novo nicho de mercado para pequenos agricultores.

A principal característica das propriedades são os patrimônios cultural e natural. Fazem parte dos roteiros o conforto das acomodações em hotéis fazenda, opções de trilhas de mountain bike, caminhadas ecológicas, ambientes para colônia de férias, cavalgadas e uma culinária rica em sabores. As receitas são elaboradas com produtos locais e trazem os aromas e paladares típicos de cada lugar.

Em visita a esses paraísos disponíveis para quem procura sossego e lazer, Nunes reforçou que o Estado está criando "instrumentos para dar segurança jurídica e técnica ao empreendedor que, regularizado, pode buscar financiamentos para expandir seu negócio. Ele aumenta sua renda e gera emprego”, disse. “O turista bem recepcionado divulga o local e o dinheiro que entra fica no município, trazendo desenvolvimento e qualidade de vida”.

O Paraná agrega todos os indicativos para ser um estado 100% receptivo, acrescentou o secretário, e a meta é transforma-lo em um grande negócio turístico.

Lugares sem aglomeração

As medidas de restrição continuam em vigência e as viagens dentro do Estado, com custo baixo e longe de aglomeração, se tornaram uma opção para famílias. Entre os frequentadores também estão os amantes da natureza, observadores de pássaros e pesquisadores. Empresas utilizam essas propriedades para fazer treinamentos com colaboradores, atividade que deve ser restabelecida no pós-pandemia.

Ao se hospedar num desses hotéis fazenda, o turista encontra quartos confortáveis, boa comida e um ambiente totalmente harmonizado com a natureza. Para quem gosta de apreciar uma noite enluarada, ouvindo os sons da mata, os destinos são perfeitos. Caminhadas por trilhas com pouca interferência do homem e banhos em rios de águas cristalinas são os atrativos mais procurados.

Em Medianeira, o Recanto Olivo é um desses locais paradisíacos que oferecem descanso e sossego. O local começou a ser explorado comercialmente no ano 2000. Os proprietários vendiam picolé e a área era frequentada por pessoas que depositavam lixo nas margens do rio e no meio da mata. A família de pequenos produtores rurais, para não abandonar o campo, sabia que precisava diversificar a atividade de sustento.

Foi em um momento de crise que Marines e Valentim Olivo decidiram cobrar ingresso dos frequentadores. Com o dinheiro arrecadado ao longo dos anos recuperaram a área degradada, construíram uma nova casa, ampliaram a estrutura existente e, atualmente, a propriedade é procurada também por turistas internacionais.

A Vinícola Dembogurski, em Serranópolis do Iguaçu, é outro recanto da região Oeste explorado por unidade familiar. A estância manteve a arquitetura colonial. Um casarão antigo abriga um porão de vinhos produzidos por Loacir Demoburski, de origem italiana. O visitante aproveita trilhas ecológicas, passeios de jerico (carreta agrícola artesanal), pequenos riachos e açudes. A degustação de vinhos diretamente da produção e a escolha das garrafas na adega são uma atração à parte.

No município de Matelândia, o Vale d’Aventura tem local para pernoite e eventos. As trilhas em meio à natureza, como a Trilha do Sol, fazem parte do roteiro. O proprietário garante tranquilidade e aventura em um só lugar. O local oferece opções de trilhas de jipe, o ar puro da mata, e os visitantes ainda podem acompanhar os trabalhos na fazenda.

O Instituto Pedra da Mataesta, localizado em Santa Tereza do Oeste, nasceu do sonho de vida de um casal de engenheiros agrícolas apaixonados pela agricultura orgânica e energias alternativas. Das experiências vividas ao redor do mundo nasceu o sitio-escola, conjugado a um eco-hostel. O espaço oferece meditação, novos modelos de habitação, produção de alimentos e energias alternativas. Arte-terapia, cozinha vegetariana e oficinas terapêuticas fazem parte do pacote.