O consumo de frutas e hortaliças não é um hábito constante dos brasileiros. Essa conclusão é resultado de uma pesquisa realizada pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). O levantamento aponta que os brasileiros gastam, em média, 6,2% de sua renda com a aquisição de frutas, legumes e verduras. ''É bastante baixo. A Organização Mundial da Saúde recomenda que cada pessoa coma por dia 400g de fruta, isso significa quatro bananas ou três maçãs diariamente'', comenta a presidente da CNA, senadora Kátia Abreu.
Na véspera da pesquisa, 63% dos entrevistados informaram que não consumiram frutas. O levantamento mostra, ainda, que 34% das pessoas comem frutas pelo menos seis vezes na semana e apenas 18,2% dos brasileiros ingerem a quantidade de frutas recomendada pela OMS. ''Nós estamos constatando que os problemas nutricionais têm trazido uma carga muito pesada para o SUS. Hoje, no Brasil, o índice de pessoas em sobrepeso e obesidade já chega a quase 50%'', ressalta. Segundo a senadora, a readequação alimentar e uma pesada campanha de marketing seriam boas alternativa para aumentar o consumo de frutas.
Preço acessível, mudança de hábitos alimentares, maior facilidade de acesso e indicação de médicos e nutricionistas são condições apontadas pelos entrevistados para o aumento do consumo de frutas, legumes e verduras. Em termos percentuais, a classe D é a que gasta maior parcela da renda com esses alimentos, o equivalente a 8%. A maior despesa com frutas e verduras ocorre na faixa etária de 60 a 79 anos, com gastos de 6,8% da renda, enquanto os brasileiros de 20 a 29 anos comprometem 6% da renda. Entre as hortaliças mais consumidas estão cenoura (81%), alface (79%) e tomate (75%); no caso das frutas, as preferidas são banana (90%), maçã (74%) e laranja (73%).
''Falar em frutas sem falar em irrigação é bastante complicado'', aponta Kátia Abreu. Segundo ela, a dificuldade encontrada pelo pequeno agricultor de financiar o sistema de irrigação, obter o licenciamento ambiental para uso da água e comercializar os produtos estão entre os principais empecilhos para a produção de frutas e hortaliças. ''Claro que temos que ter o licenciamento ambiental, mas ele não pode se transformar num impedimento para a produção'', salienta. O Brasil é o terceiro maior produtor de frutas do mundo. No entanto, a presidente da CNA avalia que a produção ainda é irrisória diante do potencial nacional.
Hortaliças
Já a Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), revela que o brasileiro está reduzindo o consumo de hortaliças, como tomate, batata e cebola. Na média geral, a redução foi de 1,93 quilo por pessoa entre os anos de 2002 e 2008. Em contrapartida, analistas do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP, observaram crescimento do consumo de frutas nos lares brasileiros. Houve aumento de 4,38 quilos por pessoa, sendo que a laranja e a banana se mantiveram como as mais consumidas.
O consumo de hortaliças por pessoa/ano em casa era de 29 quilos em 2002, mas em 2008 passou a ser de 27,08 kg. No caso das frutas, em 2002, a média consumida em casa era de 24,49 kg/pessoa e, em 2008, passou para 28,86 kg/pessoa. Na região Sul, que continuou sendo a maior consumidora per capita de frutas, o aumento foi de 5,53 kg/pessoa/ano. Outro aspecto observado é que o principal mercado consumidor de frutas e hortaliças é a classe média. Em 2008, esse segmento da população brasileira representava 49% do consumo de hortaliças no Brasil e 48% do consumo de frutas. (M.F.)