Um fertilizante biológico desenvolvido pela Embrapa Soja, em parceria com a iniciativa privada, foi premiado internacionalmente.

Criado com o principal objetivo de promover um salto de qualidade nas pastagens, o Pastomax foi o vencedor da 15ª edição do Prêmio Crop Science Awards, na categoria Melhor Novo Bioestimulante. A premiação é uma das mais prestigiadas da indústria de insumos para o agronegócio mundial.

Os pesquisadores Mariangela Hungria e Marco Antonio Nogueira, da Embrapa Soja: 11 anos de estudos para alcançar os resultados
Os pesquisadores Mariangela Hungria e Marco Antonio Nogueira, da Embrapa Soja: 11 anos de estudos para alcançar os resultados | Foto: Luciano Pascoal/Arquivo Embrapa Soja

“É sempre muito bom a gente ter um reconhecimento, ainda mais nesse nível internacional, com um produto genuinamente brasileiro, resultado de pesquisa nacional e inédita no mundo”, celebra Marco Antonio Nogueira, pesquisador da Embrapa Soja.

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“Estamos entusiasmados com o reconhecimento mundial desse bioinsumo que pode aumentar, em média, em 22% a produção das pastagens brasileiras, além de incrementar a absorção de nutrientes. É mais alimento para o gado e alimento de melhor qualidade”, acrescenta a pesquisadora Mariangela Hungria, da Embrapa Soja.

O Pastomax é um bioinsumo que associa duas bactérias benéficas na sua composição: Azospirillum brasilense e Pseudomonas fluorescens.

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O Azospirillum é reconhecidamente um promotor de crescimento de plantas, atuando na produção de hormônios vegetais que estimulam o sistema de raízes.

Bactérias usadas no inoculante que resultou no primeiro lugar da 15ª edição do Prêmio Crop Science Awards, na categoria Melhor Novo Bioestimulante
Bactérias usadas no inoculante que resultou no primeiro lugar da 15ª edição do Prêmio Crop Science Awards, na categoria Melhor Novo Bioestimulante | Foto: Luciano Pascoal/Arquivo Embrapa Soja

“Com isso, a planta consegue explorar melhor o solo em busca de água e de nutrientes. A inoculação apenas do Azospirillum já traz uma melhoria na absorção de nitrogênio e de potássio, dois nutrientes de grande importância”, explica Nogueira.

Ao agregar a bactéria Pseudomonas na fórmula, as pesquisas demonstraram que a absorção de fósforo pela planta cresceu cerca de 30%.

"Unindo essas duas bactérias, conseguimos fazer com que a braquiária tenha um melhor aproveitamento dos três nutrientes exigidos em maior quantidade pelas plantas – nitrogênio, fósforo e potássio. São duas bactérias trabalhando em sinergia para entregar o melhor benefício para a pastagem”, acrescenta o pesquisador.

Apesar da melhor absorção dos nutrientes promovida pelo insumo, o pesquisador reforça que o produtor rural deve seguir com o fertilizante tradicional. “Usando esses micro-organismos é possível aumentar a eficiência de uso de fertilizantes nas pastagens, proporcionando uma resposta maior à adubação dessas culturas”, diz Nogueira.

APRIMORAMENTO

Ao todo, foram 11 anos de pesquisas para alcançar esses resultados. Em 2017, os pesquisadores já haviam lançado um inoculante à base de Azospirillum via sementes.

Rogério Rangel, diretor de marketing da Biotrop, destacou crescimento do produto no mercado
Rogério Rangel, diretor de marketing da Biotrop, destacou crescimento do produto no mercado | Foto: Divulgação

De olho nessa tecnologia, muitos produtores que já tinham a pastagem implantada desejavam essa tecnologia via foliar (nas folhas). Foi daí que surgiu o produto Pastomax, lançado em 2021.

Levantamento realizado pela Embrapa aponta que cerca de 70% das pastagens brasileiras encontram-se em algum estágio de degradação, produzindo abaixo de seu potencial.

“Portanto, não é o momento de diminuir o uso de fertilizantes, mas sim de usar o potencial dos micro-organismos para incrementar a eficiência de uso desses fertilizantes”, conclui Nogueira.

Como uma grande contribuição dessas bactérias ocorre pela promoção do crescimento das raízes, as plantas absorvem mais água e nutrientes, aproveitando melhor os fertilizantes. “Hoje o Brasil importa cerca de 80% do NPK que consome, de modo que o aumento na eficiência de uso dos fertilizantes promove grande impacto”, conclui a pesquisadora Mariangela Hungria.

PARCEIRA

A Biotrop foi a empresa parceira da Embrapa no desenvolvimento do Pastomax.

Rogério Rangel, diretor de marketing Brasil e América Latina da Biotrop, considera que vencer uma competição que reconhece a excelência nas indústrias de insumos em todo o mundo indica que os investimentos massivos em inovação e no desenvolvimento de novos produtos têm sido consistentes, efetivos e bem aplicados.

“É também a consagração de uma importante jornada tecnológica em parceria com a Embrapa Soja que resultou no Pastomax e em outros produtos de sucesso”, pontua.

Na parceria, o papel da Embrapa foi uma contribuição técnica para avaliar as respostas à produção de biomassa, incrementos em produtividade, teores de nitrogênio, fósforo e potássio. Já a Biotrop contribuiu com suas bactérias e expertise em biológicos na consolidação do produto.

CRESCIMENTO

Segundo a Biotrop, o Pastomax registrou crescimento de 132% em apenas um ano, saltando de 6.600 hectares em 2021 para 15.300 hectares em 2022. A projeção da empresa é de que o ganho de mercado avance a passos largos, devido aos resultados observados por pecuaristas em todo o Brasil com o uso da tecnologia, e fique em torno de 250% em 2023.

O produto está disponível no mercado.