Bioinsumo para pastagens ganha prêmio internacional
Um fertilizante biológico desenvolvido pela Embrapa Soja, em parceria com a iniciativa privada, é um dos vencedores do Crop Science Awards
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sábado, 14 de janeiro de 2023
Um fertilizante biológico desenvolvido pela Embrapa Soja, em parceria com a iniciativa privada, é um dos vencedores do Crop Science Awards
Lucas Catanho - Especial para a FOLHA
Um fertilizante biológico desenvolvido pela Embrapa Soja, em parceria com a iniciativa privada, foi premiado internacionalmente.
Criado com o principal objetivo de promover um salto de qualidade nas pastagens, o Pastomax foi o vencedor da 15ª edição do Prêmio Crop Science Awards, na categoria Melhor Novo Bioestimulante. A premiação é uma das mais prestigiadas da indústria de insumos para o agronegócio mundial.
“É sempre muito bom a gente ter um reconhecimento, ainda mais nesse nível internacional, com um produto genuinamente brasileiro, resultado de pesquisa nacional e inédita no mundo”, celebra Marco Antonio Nogueira, pesquisador da Embrapa Soja.
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“Estamos entusiasmados com o reconhecimento mundial desse bioinsumo que pode aumentar, em média, em 22% a produção das pastagens brasileiras, além de incrementar a absorção de nutrientes. É mais alimento para o gado e alimento de melhor qualidade”, acrescenta a pesquisadora Mariangela Hungria, da Embrapa Soja.
O Pastomax é um bioinsumo que associa duas bactérias benéficas na sua composição: Azospirillum brasilense e Pseudomonas fluorescens.
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O Azospirillum é reconhecidamente um promotor de crescimento de plantas, atuando na produção de hormônios vegetais que estimulam o sistema de raízes.
“Com isso, a planta consegue explorar melhor o solo em busca de água e de nutrientes. A inoculação apenas do Azospirillum já traz uma melhoria na absorção de nitrogênio e de potássio, dois nutrientes de grande importância”, explica Nogueira.
Ao agregar a bactéria Pseudomonas na fórmula, as pesquisas demonstraram que a absorção de fósforo pela planta cresceu cerca de 30%.
"Unindo essas duas bactérias, conseguimos fazer com que a braquiária tenha um melhor aproveitamento dos três nutrientes exigidos em maior quantidade pelas plantas – nitrogênio, fósforo e potássio. São duas bactérias trabalhando em sinergia para entregar o melhor benefício para a pastagem”, acrescenta o pesquisador.
Apesar da melhor absorção dos nutrientes promovida pelo insumo, o pesquisador reforça que o produtor rural deve seguir com o fertilizante tradicional. “Usando esses micro-organismos é possível aumentar a eficiência de uso de fertilizantes nas pastagens, proporcionando uma resposta maior à adubação dessas culturas”, diz Nogueira.
APRIMORAMENTO
Ao todo, foram 11 anos de pesquisas para alcançar esses resultados. Em 2017, os pesquisadores já haviam lançado um inoculante à base de Azospirillum via sementes.
De olho nessa tecnologia, muitos produtores que já tinham a pastagem implantada desejavam essa tecnologia via foliar (nas folhas). Foi daí que surgiu o produto Pastomax, lançado em 2021.
Levantamento realizado pela Embrapa aponta que cerca de 70% das pastagens brasileiras encontram-se em algum estágio de degradação, produzindo abaixo de seu potencial.
“Portanto, não é o momento de diminuir o uso de fertilizantes, mas sim de usar o potencial dos micro-organismos para incrementar a eficiência de uso desses fertilizantes”, conclui Nogueira.
Como uma grande contribuição dessas bactérias ocorre pela promoção do crescimento das raízes, as plantas absorvem mais água e nutrientes, aproveitando melhor os fertilizantes. “Hoje o Brasil importa cerca de 80% do NPK que consome, de modo que o aumento na eficiência de uso dos fertilizantes promove grande impacto”, conclui a pesquisadora Mariangela Hungria.
PARCEIRA
A Biotrop foi a empresa parceira da Embrapa no desenvolvimento do Pastomax.
Rogério Rangel, diretor de marketing Brasil e América Latina da Biotrop, considera que vencer uma competição que reconhece a excelência nas indústrias de insumos em todo o mundo indica que os investimentos massivos em inovação e no desenvolvimento de novos produtos têm sido consistentes, efetivos e bem aplicados.
“É também a consagração de uma importante jornada tecnológica em parceria com a Embrapa Soja que resultou no Pastomax e em outros produtos de sucesso”, pontua.
Na parceria, o papel da Embrapa foi uma contribuição técnica para avaliar as respostas à produção de biomassa, incrementos em produtividade, teores de nitrogênio, fósforo e potássio. Já a Biotrop contribuiu com suas bactérias e expertise em biológicos na consolidação do produto.
CRESCIMENTO
Segundo a Biotrop, o Pastomax registrou crescimento de 132% em apenas um ano, saltando de 6.600 hectares em 2021 para 15.300 hectares em 2022. A projeção da empresa é de que o ganho de mercado avance a passos largos, devido aos resultados observados por pecuaristas em todo o Brasil com o uso da tecnologia, e fique em torno de 250% em 2023.
O produto está disponível no mercado.