Aumento nos preços do milho e, consequentemente, da ração já resulta em queda de ao menos 20% no ganho dos granjeiros desde o fim de 2017
Aumento nos preços do milho e, consequentemente, da ração já resulta em queda de ao menos 20% no ganho dos granjeiros desde o fim de 2017 | Foto: Lis Sayuri/02-06-2014



Mesmo sem risco, no momento, de abastecimento, os setores que dependem do milho começam a sentir a alta de custos. O presidente da Avinorte (Associação dos Avicultores do Norte do Paraná), Carlos Alberto Vallini, estima que a margem de lucro dos granjeiros caiu ao menos 20%, na média, desde o fim de 2017. "A conversão alimentar na integração aumentou de forma geral e o produtor de bom desempenho, que usava bastante tecnologia e recebia até R$ 1,05 por ave já recebe R$ 0,80", diz.

Apesar de o custo de produção no setor girar em torno de R$ 0,45 por animal, Vallini lembra que gastos com financiamentos ou novos investimentos ficam fora dessa conta, o que inviabiliza a renovação tecnológica. "Na região de Londrina, tem pequeno produtor que precisou fechar até três dos aviários que tinha, porque eram do modelo antigo, não davam bons resultados e ele não tinha como fazer a atualização", conta.

O presidente do Sindiavipar (Sindicato das Indústrias de Produtos Avícolas do Estado do Paraná), Domingos Martins, afirma que o aumentou ocorreu, é considerado normal, mas não impactou fortemente no setor. Para ele, a produção e os estoques paranaenses serão suficientes para abastecer a avicultura. "É natural que possam haver reajustes no preço final. O mercado obedece a lei da oferta e demanda e isso reflete no preço final do produto, mas ainda assim a carne de frango continuará com preços competitivos", diz.

A alta de custos se estende a outros produtores, como de suínos e de leite. Parte desse aumento deve chegar ainda ao consumidor final. "O pessoal da produção animal esperava um milho com preço mais baixo, mas aquele patamar de 2017 fez com que diminuísse a área plantada na primeira safra e que o valor da saca voltasse a subir. Não adianta pensar que vai voltar a ficar tão baixo como no ano passado", diz o economista Eugenio Stefanelo.

PREVISÃO DO TEMPO
O reflexo do fenômeno climático La Niña tende a diminuir nos próximos três meses, segundo o Simepar (Sistema Meteorológico do Paraná). Meteorologista do órgão em Londrina, Angela Beatriz Costa afirma que a expectativa é de chuvas e temperatura dentro da média em março, o que deve contribuir para o desenvolvimento do milho. "A partir de maio existe a possibilidade de entrada de massas de ar frio, mas a intensidade só poderemos saber semanas antes", explica.

Costa conta que o maior risco para o milho é sofrer com geadas quando o grão está mais "leitoso", cerca de 12 semanas depois do plantio. "A chance maior de ocorrer geada na nossa região (Norte do Paraná) costuma ser de 15 de junho a 15 de julho, quando já terá passado a fase crítica do milho", diz. No Sul e Sudoeste do Estado, porém, o risco é maior já a partir de abril, o que ajuda a explicar a menor tendência do produtor dessas regiões de escolher o milho para o período.

Um indício de que La Niña perdeu força, diz a meteorologista, é a mudança da temperatura no Oceano Pacífico na região equatorial. "O auge da temperatura na água foi em dezembro, janeiro e fevereiro, quando ficou entre 0,1ºC e 0,9ºC negativos. Hoje está mais em 0,9ºC negativos e, quando diminui, La Niña caminha para a condição de neutralidade", explica Costa, sobre a tendência menor de grandes variações na temperatura no Paraná. (F.G.)