Imagem ilustrativa da imagem As vassouras de guanxuma
| Foto: Marco Jacobsen

As limpezas da casa na roça, no tempo em que papai e mamãe tinham seu sitiozinho em Reserva (Paraná), tinham inicio com a preparação artesanal da vassoura.

Mamãe ia até o quintal, com uma grande e boa faca, procurar pela guanxuma. Essa faca era necessária porque o caule da guanxuma é forte e rijo.

Essa planta, de bonitas flores amarelas, tem grande proliferação daí ser considerada mato. É uma herbácea de rápido crescimento e que dá muita semente, servindo para “fabricar” a vassoura. É encontrada em várias regiões brasileiras, seja em quintais das casas de roça, em beiradas de estradas, pastagens e em meio à diversas lavouras. Contudo, em várias partes do mundo é utilizada na preparação de cordas, fibras e variados artesanatos.

Bem, depois de haver cortado a guanxuma que considerava suficiente, mamãe aparava as partes mais grossas desse mato e, então pegava um cabo já usado e punha-se a amarrar o mato em torno da ponta do cabo. Usava para amarrar tudo um arame bem forte e até, às vezes, corda.

Depois do tufo de mato muito bem preso ao cabo, ela aparava as pontas deixando-as todas retas. Pronto, já estava garantida a varrição da casa, dos terreiros, dos quintais, a lavagem dos chiqueiros... ou aquilo que a vassoura aguentasse. Se a vassoura acabasse antes do termino de uma tarefa, mamãe voltava aos arredores para procurar material para fazer outra.

E o terreiro era o primeiro a ser varrido porque levantava muita poeira. Varria-se muito bem, deixava-se tudo bem lisinho e sem uma folha qualquer. Ficava uma lindeza na cor marrom!

O passo seguinte era a varrição da casa e, depois a da cozinha que, naquele tempo, tinha por piso a terra batida. A varrição da cozinha era um trabalho delicado que antecedia o “encerar”. Encerar era trabalho para depois da varrição e era demorado porque devia ser aspergida a água no chão para deixa-lo lisinho, lisinho. Só depois disso feito era pulverizado com cinza e, novamente, borrifavam-se gotas de água para manter o chão liso, bem “encerado” e não levantar a poeira da cinza. Assim é que o “piso” ficava bonito e mais resistente dizia quem fazia uso desse “enceramento”.

E a guanxuma, dependendo do lugar, tem outros nomes (tais como vassoura, chá-da-índia, guanxuma-branca, guaxima, vassoura-de-relógio, vassoura-do-campo e vassourinha). Embora sendo uma erva daninha, era planta muito procurada para o fabrico da vassoura e, também, na medicina popular porque considerava-se que ela possui várias propriedades medicinais.

Depois de muito utilizada a vassoura de guanxuma, já inútil porque desfolhada e com ramos secos, era usada nos fogões e fornos à lenha para ajudar a manter o fogo.

Hoje, morando em cidade, entendemos que pouca gente utiliza a guanxuma ou sequer sabe de que se trata. São mudanças dos tempos.

Marina I. Beatriz Polonio é leitora da Folha