Araruna e Marialva produzem mais de 70% das rosas no PR
Em Araruna, a produção da flor é 100 por cento familiar. Os dois municípios produziram juntos 210 mil dúzias de rosas
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sábado, 11 de maio de 2024
Em Araruna, a produção da flor é 100 por cento familiar. Os dois municípios produziram juntos 210 mil dúzias de rosas
Lucas Catanho - Especial para a FOLHA
Há muita chance de algumas rosas que chegarão neste domingo (12) às mãos de mulheres paranaenses como presente de Dia das Mães terem sido produzidas em dois municípios do Norte do Estado. Araruna, no noroeste, e Marialva, norte central, concentram 73% da produção de rosas no Paraná. Essa hegemonia está em um levantamento realizado pelo Deral (Departamento de Economia Rural), órgão ligado à Seab (Secretaria Estadual de Agricultura e Abastecimento), com dados de 2022.
Araruna, com a produção de 110 mil dúzias de rosas, responde por 38,5% da produção estadual. Marialva, por sua vez, produziu 100 mil dúzias de rosas em 2022, com participação de 34,5%.
O VBP (Valor Bruto da Produção), riqueza resultante da produção de rosas em Araruna e Marialva, passou de R$ 2,8 milhões nos dois municípios somados – R$ 1,48 milhão e R$ 1,35 mihão, respectivamente. Segundo o Deral, a produção de rosas no Paraná está concentrada em apenas 10 municípios.
Antonio Camilo Ramalho Sobrinho, secretário de Agricultura e Meio Ambiente de Araruna, destaca que nos últimos anos o número de produtores de rosas caiu no município, no entanto, o volume total da produção cresceu, além do incremento da qualidade. “Em 2011 tínhamos nove produtores, e hoje temos três”, compara.
A produção das rosas é 100% familiar. “É uma atividade significativa. Temos muitas caravanas de moradores de outros municípios que visitam Araruna para conhecer a produção”, pontua. A comercialização se dá em municípios da região, atendendo floriculturas, decoradores de festas, igrejas e eventos particulares.
Entre as características de Araruna que favorecem o cultivo das rosas, o secretário destaca o solo argiloso e bem corrigido. “Como o cultivo é em estufa, trabalhamos com irrigação por gotejamento e aspersão para molhar as folhas e trazer umidade”, pontua.
Entre os desafios da atividade, o secretário destaca a busca por técnicos que tenham conhecimento sobre pragas e doenças. “Mas é uma atividade rentável, que envolve as famílias e ajuda a segurar os jovens no campo.” Sobrinho acrescenta que a secretaria trabalha na conservação das estradas rurais e na orientação dos produtores. “Orientamos sobre financiamentos, onde comprar material de estufas, adubo, mudas, produtos biológicos”, enumera.
PRODUTORA INICIOU TRABALHO HÁ 13 ANOS
A produtora Aparecida Bondezan Ramalho começou a cultivar rosas há 13 anos em Araruna, iniciando com 2,5 mil roseiras de três variedades. Durante esse tempo, a produção registrou um salto: hoje são 21 mil pés cultivados, de 13 variedades distintas.
A produção alcançou 19 mil dúzias de rosas no ano passado. Para este ano, a expectativa é alavancar o volume em quase 30%, chegando a 24 mil dúzias. “Nossa esperança é que volte a haver eventos como tinha antes da pandemia. Antes os decoradores usavam de 100 a 200 dúzias por evento, mas agora não estão usando nem a metade”, compara. Dependendo da variedade, a unidade sai de R$ 1,25 a R$ 2,00.
Para garantir o máximo em produtividade e qualidade, Aparecida pontua que o primeiro passo é fazer a correção do solo. “Busco mudas de mais qualidade em Andradas (MG) e faço o controle de pragas, além de fazer as adubações corretas e investir em estufas”, enumera.
Com tanto empenho na produção, Aparecida vem obtendo um lucro de aproximadamente 60% com a comercialização das rosas. “O maior desafio hoje é encontrar mão de obra adequada”, diz. A produção é vendida para decoradores de festas, igrejas e funerárias.
A propriedade está de portas abertas para visitação. Basta fazer um agendamento antes, pelo WhatsApp (44) 99118-5686, ou pelo Instagram – @ardf.lores.
MARIALVA
Solo fértil, migração da mão de obra especializada da uva para a cultura e a proximidade com Maringá fizeram de Marialva o outro município de destaque na produção de rosas – em segundo lugar no ranking estadual, pouco atrás de Araruna.
Marialva conta hoje com 15 produtores de rosas, grande parte da agricultura familiar. “A atividade movimenta a economia local, gera oportunidade de trabalho no campo, continuidade da sucessão familiar e potencial para turismo rural”, enumera Nathan Bortolon Lucca, secretário de Agricultura e Pecuária de Marialva.
As rosas são comercializadas principalmente em Maringá e em Londrina – floriculturas e empresas de eventos (casamentos e formaturas). “Ultimamente o setor passa por forte concorrência de flores vindas de Holambra (município paulista), que por muitas vezes conseguem chegar com valor menor”, conclui o secretário.