Arapoti lidera produção de caqui no Paraná
Produção da fruta alcançou 900 toneladas em 2022, apontou levantamento do Deral. Município também é o que mais produz mel
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domingo, 25 de agosto de 2024
Produção da fruta alcançou 900 toneladas em 2022, apontou levantamento do Deral. Município também é o que mais produz mel
Lucas Catanho - Especial para a FOLHA
Localizada entre os Campos Gerais e o Norte Pioneiro, Arapoti assume mais um protagonismo quando o assunto é agro: além de ser o município brasileiro que mais produz mel, é também o maior produtor de caqui em território paranaense.
Levantamento realizado pelo Deral (Departamento de Economia Rural), órgão ligado à Seab (Secretaria Estadual de Agricultura e Abastecimento), aponta que Arapoti produziu 900 toneladas da fruta em 30 hectares de terras em 2022.
Essa produção representa 13,3% de todo o caqui produzido no Paraná, resultando em um VBP (Valor Bruto da Produção) próximo a R$ 3 milhões, a riqueza advinda da cultura.
O engenheiro agrônomo especialista em fruticultura Alexandre Pozzobom Pavanello destaca que o clima ameno da região de Arapoti proporciona condições ideais para o desenvolvimento das plantas, impactando na produção e na qualidade do caqui produzido.
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“O caqui é uma cultura sensível a condições adversas climáticas. Em anos com pouca chuva, excesso de chuva ou alternância entre baixas e altas temperaturas durante a primavera, a produtividade pode reduzir bastante. Na última safra, por exemplo (2023/2024), a produção chegou a 20% do potencial”, relembra.
Segundo ele, a produção de caqui em Arapoti está concentrada em apenas dois produtores, que cultivam a fruta em áreas de tamanho médio e também produzem outras espécies frutíferas. “Por serem áreas com tamanho médio, a produção não é familiar, contando com funcionários diretos e indiretos o ano inteiro”, explica.
O caqui produzido em Arapoti é comercializado para duas unidades da Ceasa, sendo 80% para o entreposto de Curitiba e 20% para a unidade de Londrina.
DESAFIOS
Entre os desafios enfrentados pelos produtores de caqui, o engenheiro agrônomo destaca os custos altos com manutenção do pomar até chegar à idade adulta.
“A cultura demora 5 anos para começar a produzir e 10 anos para chegar a uma produção significativa comercialmente. Com isso, o retorno do investimento pode demorar mais de 10 anos.”
Apesar de o caqui ser uma fruta rústica, o técnico explica que atualmente há necessidade de realização de poda, raleio (retirada do excesso de frutas do pé) e controle de doenças e pragas bem realizados.
“Isso contribuir para a manutenção e longevidade das plantas, boa produtividade e frutas com qualidade. O manejo não realizado adequadamente pode acarretar em baixa produtividade, surgimento de doenças e pragas, inviabilizando comercialmente a atividade”, destaca.
LONGO PRAZO
O produtor Gilmar Boff se dedica ao cultivo do caqui em Arapoti há 20 anos. Hoje, ele tem 27 hectares destinados à fruta.
“Comecei plantando ainda quando estava em atividades no ramo de comerciante, prevendo um investimento a longo prazo, por ser uma planta que não requer muitos tratos culturais”, destacou o agricultor, que hoje também tem cultivadas outras frutas - ameixa, pêssego, uva e goiaba.
Na safra passada, Boff relembra que colheu 400 toneladas de caqui. Neste ano, a expectativa é colher em torno de 60 toneladas – a queda se deve à ocorrência de chuvas na época da florada. “Esse ano foi ruim de produtividade, mas está melhor no valor agregado”, destaca.
NO ESTADO
Paulo Andrade, engenheiro agrônomo do Deral, destaca que houve uma redução de 56,2% na área e de 57,9% nas colheitas de caqui no Paraná nos últimos dez anos. “Essa queda foi ocasionada principalmente pela incidência do fungo antracnose nos pomares”, destaca.
O Paraná respondeu por 4,6% da produção brasileira de caquis e foi o quinto em volume e VBP em 2022, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Levantamento realizado pelo Deral aponta uma área de 494 hectares, produção de 6,8 mil toneladas e VBP de R$ 22,4 milhões para o mesmo período.
Segundo o técnico, a produção paranaense de caqui está distribuída nas regiões de Curitiba (32,2%), Ponta Grossa (23,7%) e Apucarana (15,4%), com o município de Arapoti sendo o principal produtor (13,3% de participação estadual), seguido por Porto Amazonas (7,6%) e Bocaiúva do Sul (7,4%).