Há uma frase famosa dos tempos da antiga Roma que diz: “À mulher de César não basta ser honesta. É preciso parecer honesta.”. E, como a frase é atribuída ao imperador Júlio César, ele devia saber sobre o que estava falando. O pior, no contexto da frase, é que ele se divorciou de sua esposa Pompeia, embora não houvesse nada de concreto contra ela.

Deixando de lado o machismo por trás da frase, isso mostra a importância de se ter uma boa imagem, que represente adequadamente a realidade.

Com isso chegamos a um problema muito relevante do agronegócio brasileiro. Embora sua importância na economia nacional, o setor é frequentemente demonizado pela imprensa e por parcela significativas da sociedade. E, pior ainda, é apresentado como grande vilão em muitas apostilas em escolas brasileiras, incutindo nas crianças e jovens conceitos equivocados. Completando essa visão distorcida, muitas novelas em nossa televisão enfatizam apenas os possíveis problemas e omitem os aspectos positivos da agricultura.

No âmbito internacional, em parte devido a essa distorção da realidade no próprio país, o agronegócio brasileiro é caracterizado como destruidor de florestas, escravagista e grande responsável pelo aquecimento global. Neste caso, não vigora só a ignorância, mas também o interesse em deturpar a imagem de um grande competidor no mercado agrícola mundial.

Para restabelecer uma imagem compatível com a realidade, o agronegócio, articulando os atores que o constituem, precisa divulgar melhor os aspectos positivos de sua atuação, tais como o impacto no PIB e no nível de emprego, o desenvolvimento e qualidade de vida nas regiões em que atua mais fortemente, a preservação ambiental que ocorre nas áreas dentro das propriedades, fruto de uma legislação diferenciada em termos mundiais e muitas outras características que contradizem as críticas que o setor recebe.

Esse esforço do restabelecimento dos fatos deve ser focado tanto no país como no exterior, já que as informações distorcidas circulam fortemente fora do Brasil destacando-se principalmente os aspectos sociais e ambientais, com propostas de retaliações comerciais, via barreiras não tributárias.

Nesse trabalho de esclarecimento sobre o que é e como opera o agronegócio no Brasil, é imprescindível reconhecer que, em um universo acima de 5 milhões de estabelecimentos agropecuários, abrangendo mais de 350 milhões de hectares, com certeza ocorrem desvios de conduta em termos morais e legais. Cabe aos atores corretos se posicionar claramente contra esses desvios de conduta e não, simplesmente, defender o setor. Além de divulgar o que é bom, é preciso mostrar que não se compactua nem se minimiza o que é inadequado.

Finalizando, essa divulgação do que é positivo no agro deve-se enfatizar a geração e utilização de inovações tecnológicas que caracterizam o setor e o diferenciam sendo, com certeza, o que vem garantindo a sua extraordinária evolução nas últimas décadas, com grande impacto nos aspectos sociais, ambientais e econômicos.

Paulo Sendin, engenheiro agrônomo, membro da Governança AgroValley Londrina