Como em qualquer setor econômico, no agronegócio também se exige qualidade nos produtos oferecidos ao mercado. Mas, o que definiria essa “qualidade”? Seriam produtos maiores, mais bonitos, mais frescos, de maior durabilidade, naturais, processados adequadamente, orgânicos...?

De fato, a qualidade, como a beleza, está no “olho do dono”. Só que o “dono”, não é o produtor, mas sim o consumidor. A qualidade (ou o diferencial de qualidade) no mercado seria algo pelo qual o comprador está disposto a pagar. Alguma característica que satisfaça um desejo ou necessidade do consumidor e o induza a aceitar um diferencial de preço.

Entendendo o que é qualidade, o produtor tem que conhecer o mercado que pretende atingir de forma a poder definir quais as características que seu produto deve ter para ser competitivo. Nos mercados de commodities os produtos, geralmente, são menos diferenciados mas, assim mesmo, além de atingir os níveis pré-definidos de qualidade podem ser oferecidos diferenciais que garantam ágios nos preços, tanto positivos como negativos. É no âmbito do consumidor final, no entanto, que a questão da qualidade como fator de competitividade se torna mais evidente.

Nos mercados de produtos alimentícios, especialmente os FLV, (Frutas, Legumes e Verduras) dos supermercados, as possibilidades de diferenciação de produtos são quase ilimitadas, pois há uma grande variabilidade nas percepções de “desejos e necessidades” dos consumidores. Para o produtor, que se insere na cadeia de comercialização dos FLVs mas tem pouco acesso ao consumidor final, fica o problema de conhecer bem essa cadeia para poder negociar melhor seus contratos e demonstrar (e garantir) os diferenciais de qualidade que oferece.

Como a oferta de produtos de qualidade depende essencialmente da produção no campo, com todos os seus percalços climáticos, ambientais e de pragas e doenças, a melhor forma de reduzir esses riscos é sempre se utilizar de tecnologias adequadas à sua situação e ter um bom processo de gestão. Ao mencionar “tecnologias adequadas”, estamos obviamente falando da necessidade de se desenvolver e utilizar inovações que se preocupem com a qualidade final a ser obtida no produto a ser oferecido ao consumidor. E, voltando ao início deste texto, lembrar que a “qualidade” do produto está no “olho do consumidor” e não na perspectiva do produtor ou do desenvolvedor da inovação.

Resumindo, o que garante a competividade de um produto é sua qualidade e o suporte a essa qualidade é dado pelo uso adequado de tecnologia e gestão. E uma tecnologia adequada é aquela que deriva de um processo de inovação que, desde seu início, se preocupou com os desejos e necessidades do consumidor final.

Paulo Sendin, engenheiro agrônomo, membro da Governança AgroValley.