AGROMERCADO
PUBLICAÇÃO
sábado, 10 de fevereiro de 2001
M I L H O
HORA DE MANTER A CALMA
Os preços do milho começaram a apresentar redução a partir do mês de setembro do ano passado, lentamente a princípio e de forma mais intensa a partir de dezembro. Em janeiro a queda foi mais suave e voltou a se acentuar nas duas primeiras semanas de fevereiro. Como resultado, o preço médio do milho ao produtor no Paraná nas últimas 22 semanas (setembro até fevereiro) recuou 37,18%. Apesar da queda, o preço médio no Paraná ainda está acima do preço mínimo de R$ 7,28/sc, mas bastante próximo.
Com a redução do preço em reais e o aumento da cotação do dólar (desvalorização do real) nos últimos dias, o preço em dólar desta semana é de apenas US$ 3,68/saca. Este preço é apenas 7 centavos de dólar por saca maior do que o pior preço do milho no Paraná dos últimos 16 anos, que é de US$ 3,61/sc observado em julho de 1987 (fruto de uma maxidesvalorização da moeda nacional na época).
A safra 86/87 foi a resposta à escassez de milho (e outros produtos) que ocorreu em 1986, ano do Plano Cruzado. A valorização do milho incentivou o plantio (crescimento de 11,7% na área) e o clima ajudou elevando a produção para 26,76 milhões de toneladas (aumento de 32%), estabelecendo um recorde nacional de produção de milho que só foi quebrado 5 anos mais tarde, na safra 91/92 (30,77 milhões de toneladas). Ao final do ano safra 86/87, sobraram em estoque 10% do milho disponível naquele ano (estoque recorde na época). Na projeção atual de disponibilidade e consumo de milho, o estoque está projetado em 5,9% - proporção suficiente para questionar preços este ano tão baixos quanto em 87.
Paridade
Que os preços no início da colheita não seriam iguais aos praticados na entressafra, era mais do que esperado, mas os valores que estão sendo sinalizados pelo mercado hoje estão abaixo das expectativas. O preço atual está, inclusive, abaixo da paridade com o produto importado. Segundo a Secretaria de Agricultura da Argentina, o preço do milho FOB portos argentinos está entre 84 e 87 dólares por tonelada.
Para transportar da Argentina (via marítima) até o porto de Paranaguá (ou São Francisco) e desembarcar o produto (incluindo custos portuários, taxas, despachante, etc), custa perto de 27 dólares por tonelada. Somando este valor ao menor preço da Argentina totaliza US$ 111/tonelada, para o produto no porto. O preço ao produtor está em US$ 61,33/tonelada e no atacado (entre empresas) está ao redor de US$ 66,67/tonelada. O custo de transportar milho do Oeste do Paraná, por exemplo, para Paranaguá, não chega a 44,33 dólares por tonelada (daria um frete de quase 90 reais por tonelada).
Estando abaixo da paridade, há a possibilidade de exportar. Aos preços atuais do mercado interno viabilizam a exportação. Há notícias de que exportações já estão sendo feitas por cooperativas da região Sul do País.
Os preços do mercado internacional não estão num bom momento. Na Bolsa de Chicago, o milho para maio foi cotado esta semana ao redor de 84 dólares por tonelada. Este valor é inferior às cotações do produto no mesmo período dos últimos 4 anos, em percentuais que variam de 2 a 22%. Deste lado, o mercado externo não ajuda muito mas, pelo menos, deve garantir um piso de preço para o mercado nacional.
O milho é um produto comercializado externamente de forma marginal pelo Brasil, ou seja, não somos nem francamente importadores nem exportadores. Se o Brasil importa ou exporta depende do diferencial de preços entre o mercado interno e externo. No ano passado, o mercado interno ficou aquecido com preços que viabilizaram a importação. Este ano pode ocorrer o inverso, viabilizando a exportação.
Disponibilidade interna
O tamanho e a qualidade da safra que está sendo colhida, ainda não estão definidos. A produtividade deve mesmo ser alta (recorde talvez). Há regiões que estão obtendo produtividade recorde e boa qualidade do milho. Em outras houve incidência de doença e em outras as chuvas na colheita não estão ajudando. Qual será a disponibilidade de produto, ainda não se sabe na verdade. Outra incógnita é quanto milho sobrou guardado do ano passado.
Qual é o estoque de milho remanescente da safra 99/00 é uma ótima pergunta, pois os estoques privados não são conhecidos, apenas estimados. A estimativa da CONAB é de 676,6 mil toneladas, menos de 2% do volume total de milho disponível durante o ano safra.
O que está predominando no mercado neste momento: o volume de milho já disponível ou a expectativa de produção recorde? Seja o que for, se você puder não vender agora e aguardar, seria melhor. Evita aumentar o volume de produto disponível para negócio evitando, desta forma, uma redução mais acentuada do preço. Trocando em miúdos, se puder esperar, guarde o milho - ao menos até os preços chegarem na paridade. Quem sabe, dependendo do que os produtores decidirem sobre a safrinha (reduzir a área de preferência), os preços mais à frente podem ser melhores. O certo é que o preço atual está muito ruim.
Vania Di Addario Guimarães - Profª. da UFPR
E-mail: [email protected]
B A T A T A
MERCADO EM EQUILÍBRIO
Neste início de ano, os preços da batata apresentaram instabilidade nos principais centros de abastecimento do País. O período de festas do final de ano associado à chuva na colheita de batata em algumas zonas produtoras de Minas Gerais, especialmente no Sul de Minas, provocaram um desabastecimento temporário no Ceasa - BH, onde o preço atingiu o patamar de R$ 65,00 por saco de 50 kg. Mas, rapidamente este preço elevado do dia 2 de janeiro de 2001 entrou em declínio em função do abastecimento de batata procedente de outras regiões produtoras. A Ceagesp registrou um volume de entrada de batata um pouco abaixo do normal e os preços negociados, no mesmo dia, para batata Monalisa beneficiada, saca de 50 kg, foi R$ 40,00.
No decorrer do mês de janeiro, as colheitas das zonas produtoras de batata procederam de forma intensa, e mesmo assim, o mercado atacadista sustentou esta oferta de produto, não apresentando variações significativas com relação ao preço. O valor médio negociado no mercado atacadista, Ceagesp, foi R$ 38,14 na semana entre 22 a 26 de janeiro.
Mercado Paranaense
O CEASA-PR, durante o período das festas, sofreu um leve desabastecimento, mas rapidamente entrou em equilíbrio recebendo um volume normal de batata comum, das cultivares Elvira, Contenda e outros, produzido principalmente no Cinturão de Curitiba.
O preço médio da batata comum no mercado atacadista de Curitiba - Ceasa/PR foi R$ 19,80 e a queda dos preços da primeira semana de janeiro em relação à semana anterior (22-26/01) foi 25%. A justificativa para esta redução de preço é a presença de um grande volume de batata de baixa qualidade no mercado enfraquecendo as negociações no mercado atacadista.
Produção
Segundo dados oficiais da SEAB/DERAL, a safra das águas de 00/01 está estimada numa redução na área de 16,3% e uma redução de 11,7% na produção.
As regiões de Ponta Grossa e São Mateus do Sul praticamente encerraram suas colheitas, restando a região de Guarapuava e Curitiba para o abastecimento do produto no mercado atacadista.
Mauro Osaki
E-mail: [email protected]
S U Í N O
AFINAL, QUAL É O TAMANHO DO REBANHO NACIONAL?
A suinocultura nacional apesar de ter largado 15 anos depois do grande desenvolvimento da avicultura tem se modernizadoo bastante nas últimas duas décadas, principalmente nas regiões sul e sudeste do País. A produção brasileira provém de criações num sistema intensivo, em propriedades altamente tecnificadas que utilizam o sistema de integração vertical com as indústrias do agronegócio.
Assim, o crescimento da produção nacional e o desenvolvimento de todo o segmento suinícola é o resultado conjunto de diversos fatores como os índices de produção, a produção integrada, a excelente sanidade animal e a qualidade da carne suína brasileira. Apesar de todas estas características que comprovam a grande eficiência do setor frente as crescentes dificuldades de mercado, nota-se grandes desencontros quando se deseja determinar o tamanho real do rebanho suíno nacional.
O tamanho do rebanho?
Todo ano, quando são divulgadas as estatísticas referentes a suinocultura nacional (tamanho e composição) cria-se muita divergência e desconfiança no setor. Efetivamente não se tem certeza com relação ao verdadeiro tamanho do rebanho nacional e, por consequência, a estratégia de mercado traçada para o ano, de certa forma, acaba sendo comprometida. O principal fator responsável por esta confusão vem a ser a metodologia utilizada para mensurar os rebanhos e gerar os respectivos índices zootécnicos.
Para as regiões sul e sudeste onde existe um grande controle gerencial das propriedades rurais obtêm-se elevada produtividade e a metodologia funciona efetivamente bem. Já nas regiões norte e nordeste, onde os levantamentos não são tão precisos, surgem então as distorções que acabam afetando sobremaneira as estimativas do rebanho nacional. Para se ter idéia de tal fato, basta analisar a tabela 1.
Assim, pode-se observar a grande variabilidade existente nas estatísticas levantadas pelos principais órgãos de pesquisa do setor. Para o ano de 2000, a média das projeções indicou que o rebanho nacional de suínos era formado por aproximadamente 31,2 milhões de animais, com um desvio-padrão de 5,1 milhões de cabeças para mais ou para menos em relação a média. O maior valor observado para o rebanho nacional foi o da ABCS (Associação Brasileira dos Criadores de Suíno) com 38,3 milhões de cabeças enquanto que o menor valor registrado foi o da CONAB (Companhia Nacional de Abastecimento) com aproximadamente 27,3 milhões de cabeças.
Tabela - Evolução do rebanho suíno brasileiro, 1990-00 (em milhões de cabeças).
Órgão - 1990 - 1995 - 2000 -
CONAB - - - 27,9 - 27,3 -
ABIPECS/ABCS - 30,0 - 34,0 - 38,3 -
ANUALPEC 2000 - 29,4 - 32,3 - 31,5 -
IBGE/SIDRA - 33,6 - 36,1 - 27,5 -
Média - 31,0 - 32,6 - 31,2 -
Fonte: IBGE/SIDRA, Associação Brasileira de Indústrias Produtoras e Exportadoras de Carne Suína (ABIPECS), Associação Brasileira de Criadores de Suínos (ABCS), CONAB/SEPLAN/NUPLA/GEAME e ANUALPEC 2000.
Na semana
O preço médio do suíno tipo carne negociado no Estado do Paraná apresentou novamente uma retração da ordem de 4,23% em relação a cotação observada na semana passada, com o quilograma sendo comercializado a R$ 1,12. Quando comparada com a cotação média de janeiro (R$ 1,24) observa-se uma redução da ordem de 9,5% na mesma e, quando relacionada com o preço médio nominal praticado no mesmo período do ano passado, notamos uma redução de 7,05% nas cotações.
João Batista Padilha Junior - Prof. da UFPR
E-mail:jpadilha@agrárias.ufpr.br
