A Adapar (Agência de Defesa Agropecuária do Paraná) intensificou a fiscalização de máquinas e implementos agrícolas que entram no Paraná. O objetivo central da ação é barrar a disseminação de pragas nas lavouras.

Hoje o Estado conta com 31 PFTAs (Postos de Fiscalização do Trânsito Agropecuário), sendo que 22 deles estão na parte norte do Paraná, abrangendo as divisas com São Paulo e com Mato Grosso do Sul. Outros nove postos estão na parte sul do Estado, abrangendo as divisas com Santa Catarina. Ao todo, são cerca de 150 servidores que fazem esse tipo de fiscalização.

Imagem ilustrativa da imagem Adapar intensifica fiscalização da entrada de máquinas agrícolas no PR
| Foto: Divulgação Adapar

Renato Rezende Young Blood, gerente de Sanidade Vegetal da Adapar, explica que esta é uma ação preventiva para reduzir as possibilidades de entrada da praga Amaranthus palmeri. Trata-se de uma planta daninha exótica chamada de caruru gigante, de crescimento rápido e extremamente agressiva, além de outras plantas daninhas que possam chegar com resistência aos agrotóxicos.

No caso do caruru gigante, a introdução no Brasil se deu mais especificamente no Estado do Mato Grosso, oriunda da aquisição de maquinários usados dos Estados Unidos.

“Diante disso, como se sabe que existe uma grande movimentação de maquinários alugados que realizam trabalhos em diferentes estados, estamos orientando os transportadores no momento de sua saída do Paraná para que, em seu retorno, já tragam seu maquinário limpo conforme as recomendações. Caso o maquinário esteja sujo e deseje entrar no Paraná, será impedido de entrar, devendo retornar ao estado vizinho para a devida limpeza”, explica.

Somente no ano passado, foram realizadas cerca de 1,3 mil fiscalizações em maquinários agrícolas, tanto com destino ao Paraná como com destino a outros Estados passando pelo território paranaense.

Dentro desse universo, foram emitidos 80 registros de ocorrência, entre rechaços (impedimento de entrar no Estado) e evasões (falta de parada no Posto de Fiscalização do Trânsito Agropecuário), sendo que ambas as situações podem gerar multas.

“Os fiscais foram treinados para inspecionar as colheitadeiras, verificando locais específicos das máquinas onde possa ocorrer grande acúmulo de restos vegetais, indicando se a máquina foi limpa ou não. Sendo assim, o maquinário é vistoriado presencialmente com a abertura de alguns compartimentos”, explica o gerente.

TREINAMENTOS

O Senar-PR promoveu dois treinamentos de inspeção e limpeza de colhedoras de grãos para 30 técnicos dos postos de inspeção da Adapar, entre o final de novembro e o início de dezembro de 2023.

Os treinamentos foram realizados nas instalações da concessionária New Agro (New Holland) e no Sindicato Rural, em Londrina.

Com abordagem essencialmente prática, foram trabalhados os conceitos de funcionamento das colhedoras de grãos e suas particularidades no acúmulo de resíduos durante e após a colheita.

“Os técnicos puderam comparar diversos modelos de máquinas em relação à presença de resíduos, desenvolvendo dessa forma parâmetros para compreender e inspecionar adequadamente as máquinas em trânsito”, explica Jocelito Buch Castro da Cruz, técnico do Detec (Departamento Técnico) do Sistema Faep/Senar-PR.

PRÁTICA

Para consolidar os conhecimentos, ao final do treinamento os técnicos realizaram o processo de limpeza de duas colhedoras em uma propriedade rural em Cambé. “Para este ano, estão previstos novos treinamentos para contemplar os demais técnicos da Adapar”, acrescentou o técnico.

Cruz explica que foi desenvolvida uma metodologia para limpeza a seco das colhedoras de grãos. O processo utiliza ar comprimido ou soprador de folhas para a remoção de palha, partes de plantas e sementes acumuladas nas partes internas da máquina.

“No processo a seco, além de agilizar o processo de limpeza, evita-se aplicação de água e/ou outros produtos químicos que poderiam danificar componentes internos da máquina e intoxicar o operador/transportador”, detalha.

CARTILHA

Uma cartilha com o procedimento de limpeza está em fase de desenvolvimento, devendo ser distribuída em breve, tanto no formato impresso quanto digital. “Além disso, o processo de limpeza de colhedoras de grãos será implementado nos cursos de colhedoras de grãos do Senar até o final do primeiro semestre de 2024.”

Além da distribuição de cartilha, folders e material digital para conscientizar os agricultores e transportadores quanto à necessidade do transporte de máquinas isentas de resíduos de plantas ou sementes, o Senar está desenvolvendo um protocolo para os técnicos da Adapar utilizarem como guia para a inspeção nos postos de fiscalização nas regiões de fronteira do Estado. “Esse protocolo será aplicado logo no primeiro semestre de 2024.”

REFORÇO

Além do trabalho realizado nas fronteiras, a Adapar realizou mais de 900 inspeções em áreas produtivas no ano passado, sendo que não foi detectada a ocorrência da praga Amaranthus palmeri no Estado. “Isso justifica a necessidade da continuidade das ações de prevenção de introdução da praga no Paraná”, conclui o gerente de Sanidade Vegetal da Adapar.

AVES EM EVENTOS

Foi publicado neste começo de ano, pela Adapar, uma portaria reafirmando a proibição da presença de quaisquer espécies de aves em eventos agropecuários, feiras, exposições, agremiações de criadores e atividades afins no Estado do Paraná, como medida preventiva à gripe aviária.

A Portaria nº 018, de 11 de janeiro de 2024, assinada pelo presidente em exercício da Adapar, Manoel Luiz de Azevedo, tem teor semelhante à Portaria nº 053, de 27 de fevereiro de 2023. Àquela época a decisão valia por 90 dias, mas agora terá validade enquanto perdurar o estado de emergência zoossanitária no País.

O objetivo é manter a vigilância integral em todo o território nacional contra a influenza aviária de alta patogenicidade (H5N1).