São muitos projetos de pesquisa interessantes em Inteligência Artificial (IA) que podem ser aplicados na cadeia de suínos. O professor de departamento de Ciência da Computação da UEL, Sylvio Barbon Junior, relata que os trabalhos estão voltados para o processo de avaliação da carne com dispositivos que simulem quatro sentidos do ser humano: visão, audição, olfato e paladar.

A IA usa sensores e simula, por um processo de indução matemática, unindo informações para a tomada de decisões. "Por meio da visão computacional, por exemplo, é possível identificar a cor da carne, presença ou não de gordura, simulando um especialista (humano) no assunto. Temos também trabalhos que envolvem audição, colocando sensores nas baias que podem identificar pelo grunhido alguma patologia. Temos ainda a língua e o nariz eletrônicos, que por sensores bioquímicos é possível estipular qual composição e o nível de degradação de uma carne."

Apesar de resultados e trabalhos importantes na academia, inclusive com empresas da área de engenharia elétrica já com domínio no uso desses sensores, a comercialização e uso desse tipo de produto pela indústria são iniciais. "Estudamos muitos problemas de nível mundial e talvez ainda sem aderência para implantar (no País). Tudo fica a cargo de uma motivação pontual. A indústria quer fazer testes que vão influenciar na lucratividade dela. Algumas tarefas já poderiam estar automatizadas, mas não são prioridade. A indústria (via de regra) está apagando algum incêndio específico, validando outros produtos, seguindo alguma legislação ou com foco na exportação."

Na opinião do especialista, o que irá "empurrar" essas novidades para o setor da carne será a indústria 4.0. "Quando o pessoal da automação industrial começar esse processo as outras áreas vão aderir. Robótica e IA vão ser impulsionadas pela indústria 4.0 e aí nossas pesquisas vão ser introduzidas de forma mais qualificada, com estudos de caso e maior viabilidade na indústria da carne." (V.L.)