É certo que o Brasil, em especial o Paraná, possui as tecnologias mais modernas na área de produção de commodities agrícolas e seus arranjos produtivos têm se consolidado cada vez mais, como é o caso da Agro Valley Londrina, com o objetivo de direcionar e discutir os rumos da inovação no agronegócio de Londrina e região. Foi nesse caminho que mais recentemente esse arranjo também se voltou para a transformação e agregação de valor a esses produtos, a tecnologia de alimentos.

Londrina sempre foi um grande polo dessa tecnologia, como são os casos do departamento de Tecnologia de Alimentos da UEL, criado em 1977, com um programa robusto de mestrado e doutorado em Alimentos, o curso de Tecnologia de Alimentos da UTFPR em Londrina, em funcionamento desde 2007, com um mestrado profissional e mais recentemente o grupo FoodTech Londrina, ligado ao IFPR Londrina e seu curso técnico em Biotecnologia, que desde 2019 tem atuado para o desenvolvimento de novos produtos e tecnologias na área de alimentos e aproximação da academia com as empresas da área.

E quando me refiro sobre tecnologia de alimentos, não entenda somente novas receitas, aditivos, composição ou produtos. Existem diversas pesquisas disruptivas sendo realizadas, como a utilização de inteligência artificial para melhorar a qualidade e segurança dos alimentos, o desenvolvimento de produtos sustentáveis de origem vegetal que buscam imitar o sabor e a textura dos de origem animal, a impressão 3D de alimentos, o cultivo de células para produzir carnes, leites e ovos vegetais, a criação de alimentos personalizados de acordo com as necessidades de cada consumidor, o uso de tecnologias de blockchain para garantir a rastreabilidade e a transparência na cadeia de produção, o uso de embalagens inteligentes que indicam a qualidade e frescor e ajudam evitar o desperdício de alimentos que estão prestes a vencer. Isso somente como exemplo, já que existem ainda uma série de outras que podemos citar.

Essas ações são, por um lado, fruto do aumento da demanda por alimentos saudáveis e sustentáveis, o que força a indústria alimentícia a se reinventar, buscando inovações para atender às necessidades dos consumidores e sobreviver. Por outro lado, além do desenvolvimento econômico robusto que o incentivo à tecnologia de alimentos trará, finalmente seremos conhecidos não só como celeiro do mundo, mas também como polo de transformação de produtos alimentícios de vanguarda tecnológica.

Luiz Diego Marestoni, professor do IFPR, pós-dr. em Ciência e Tecnologia de Alimentos, membro da Governança Agro Valley Londrina