Uma das coisas que mais gostava quando criança era montar a nossa pequena árvore de natal.

Lembro de um dia de 1969 em que meu pai chegou com uma caixa comprida das Lojas Americanas e abrimos no meio da sala. Nesse ano aconteceram dois grandes eventos da humanidade : meu irmão caçula Damar nasceu e me colocou como ex-caçula e o homem foi à lua.

A árvore não tinha mais de um metro mas parecia a coisa mais linda do mundo mesmo desmontada.A gente só via árvore de Natal em filmes, nos desenhos animados ou nas lojas comerciais. Antigamente, no sítio, celebrar o Natal era mais uma prática religiosa com missa do Galo à meia-noite e uma ceia .Não havia muito costume de comprar tanta coisa. Demoramos um pouco até adquirir o hábito de trocar presentes.

Minha mãe e eu ficamos montando por muitos anos aquela árvore. As bolinhas naquela época eram de um vidro fininho e que quebrava à toa. Havia muito cuidado para as crianças pequenas não colocarem na boca. Depois inventaram as de plástico. Todo ano a gente tinha que comprar mais bolinhas pois sempre quebrávamos algumas até guardá-las quando a desmontávamos em janeiro. Os festões, então, a cada ano que passava, ficavam mais curtos pois normalmente estragavam nas pontas, então juntávamos de um ano para o outro e ficava tudo muito colorido como uma árvore de Natal tem que ser.

Há muitas histórias acerca da simbologia da árvore de Natal, mas a que eu mais admiro é que ela traz a ideia de vida. Na Europa o pinheiro era uma árvore muito resistente ao frio mais intenso do inverno e mesmo na neve lá estava aquela árvore majestosamente verde. Gosto de lembrar disso. Resistência na maior adversidade.

Depois de uns anos o hábito de montar árvore foi se perdendo pois as crianças haviam crescido. Compramos as tais luzinhas de Natal e colocamos na janela em forma de pinheiro. Minha mãe gostava. De um ano para o outro tínhamos sempre que comprar novas porque aquilo embolava de tal maneira que não havia quem desenrolasse aquelas lampadazinhas. Ainda mais quando vinham aquelas que tinham uns plásticos que espetavam os dedos e as mãos da gente. Quem já comprou sabe do que estou falando. Depois vieram as lisas. Mas ainda embolavam. E hoje em dia tem as de leds. As casas todas enfeitadas fazem um Natal de luz e de alegria todo especial. E as lampadazinhas, claro, muito mais fáceis de manusear.

O Natal por si é uma época de reflexão e preparação para uma vida nova .O Ano Novo já é festa daquilo que se preparou no Natal. Esperança e renovação da vida. E o principal de toda a preparação é o nascimento de Jesus Cristo Salvador da humanidade. Sem Jesus não há Natal.E Natal com Jesus é o verdadeiro Natal.

Hoje em dia trabalhamos demais e vivemos sem tempo para muitas coisas. A vida, às vezes, parece sem sentido e o alcance das coisas que desejamos se distanciando cada vez mais. Mas se lembrarmos que um Deus nasceu pobre numa estrebaria e se fez homem para que ganhássemos a maior riqueza do mundo, então entendemos que sua contradição é que nos leva a crer na sua mensagem: Morreu numa cruz porque falava do amor.

Como uma árvore verde na neve, vivemos no inverno da fé mas na esperança da primavera da ressurreição.

Dailton Martins, leitor da FOLHA.