O engenheiro agrônomo Alexandre Yamamoto destaca sobre a importância do bom manejo do solo
O engenheiro agrônomo Alexandre Yamamoto destaca sobre a importância do bom manejo do solo | Foto: Vítor Ogawa/Grupo Folha

Muitas vezes os produtores rurais cuidam da parte acima do solo, que é a parte vegetativa e reprodutiva da planta, mas negligenciam a necessidade do manejo do solo de forma adequada. “As pessoas ficam mais ligadas às doenças que podem ser combatidas com fungicida, acabam com pragas com inseticida, melhoram a nutrição foliar, mas muitas vezes no solo esse cuidado deixa a desejar”, destaca o engenheiro agrônomo da Bellagrícola, Alexandre Yamamoto. Segundo ele, que atendeu a reportagem durante o evento Bella Safra, é preciso conhecer bem o solo, o seu perfil, saber seus limitantes. “É preciso analisar se o solo tem limitação de fertilidade química, ou limitação de fertilidade biológica, ou, de repente, uma limitação de fertilidade física”, destaca.

Ele ressalta que a limitação de fertilidade química é gerada por fatores como deficiência de cálcio ou excesso ou deficiência de nutriente. “É importante o cálcio se distribuir no perfil do solo. Isso permite que as raízes se aprofundem mais. Já uma limitação biológica, por exemplo, implica em mais dificuldade de fazer trocas de nutrientes, trocas gasosas inclusive. Isso pode gerar dificuldades de retenção de umidade no solo e tudo isso fica comprometido”, aponta Yamamoto.

A menor fertilidade física desse solo pode gerar raízes pobres. “Aquelas raízes, que são as mais importantes, que são as mais finas ou as raízes primárias, são as que absorvem nutrientes, água e fazem mais troca gasosa. A falta de fertilidade física pode limitar o desenvolvimento dessas raízes. As raízes pivotantes, que se aprofundam no perfil do solo, e proporcionam maior estrutura e sustentação para a planta, pode ter o desenvolvimento comprometido por esse impedimento físico. “É mecânico mesmo. As raízes não se desenvolvem bem”, aponta Yamamoto.

Segundo ele, essa falta de bom manejo pode ser evitada com uma boa consultoria. “O consultor vai equilibrar essas fertilidades, fazendo uma adubação consciente, dentro do que as plantas necessitam, com critério e análise do solo. Tudo é feito com manejo realizado com o auxílio de plantas de cobertura e com ativação biológica. Existem produtos que condicionam a atividade biológica do solo e isso permite que eu tenha maior fertilidade e que a planta expresse o máximo potencial produtivo”, aponta.

Yamamoto ressalta que a falta de informação de um diagnóstico preciso são os principais erros que os produtores paranaenses cometem. “As tecnologias acabam virando mito por não serem bem compreendidas e não serem bem manejadas. A própria calagem é uma prática muito mal compreendida, assim como a inoculação da soja com uma bactéria chamada Rhizobium que vai se associar à raiz da planta e vai beneficiar a planta fornecendo nitrogênio. Em troca disso, a planta fornece açúcares e mantém o organismo vivo”, aponta. Ele expõe que essa desinformação gera resultados insatisfatórios. “Alguns agricultores usam produtos mal posicionados e em momentos inadequados. Também usam em locais errados e aplicados de forma incorreta. Essa falta de assistência e consultoria torna a produção ineficiente no campo e pode gerar perdas”, destaca Yamamoto. “Muitos agricultores têm dificuldade de avaliar o que investir e quanto e quando investir. É preciso que ele entenda que isso não é custo. Tem que olhar como investimento. Colocar o dinheiro no lugar certo, onde dá retorno”, destaca.

A pesquisadora da Embrapa, Divânia de Lima, ressalta que muitos problemas podem ser resolvidos com a descompactação do solo. “Isso pode ser trabalhado com a associação de plantas, como a braquiária. Com a retirada do milho safrinha e o uso de diferentes consórcios demonstra que as cultivares podem ter raízes de até três metros de comprimento. A inoculação de bactérias como o Rhizobium também possibilita uma sinergia com a soja, que possibilita a melhor fixação do nitrogênio. Essa microflora do solo é muito importante, porque atua em diversas camadas e a coinoculação com Azospirillum, que era conhecida por promover o crescimento em gramíneas, e que na soja proporciona vários benefícios, entre eles aumento da área radicular da planta, o que possibilita maior aproveitamento dos fertilizantes e até mesmo favorecer as plantas em situações de estresse hídrico.