O Dia do Agricultor é comemorado no dia 28 de julho. E essa categoria tem muito a celebrar. O PIB (Produto Interno Bruto) do agronegócio brasileiro cresceu novamente em 2020. Na comparação com 2019, a soma das riquezas geradas no campo avançou 24,31% e alcançou participação de 26,6% no PIB brasileiro – era de 20,5% em 2019.

Imagem ilustrativa da imagem A força do agricultor: um terço da riqueza paranaense vem dele
| Foto: Gustavo Carneiro

No Paraná, essa participação é ainda mais expressiva. Em 2017, o agronegócio já era responsável por 33,9% do PIB do Estado. Com o decorrer dos anos, houve evolução – em 2012, a fatia era de 31,95% do PIB.

O Dia do Agricultor foi instituído em 1960 pelo então presidente Juscelino Kubitschek, para comemorar os 100 anos da criação do Ministério da Agricultura.

Nesses mais de 60 anos, muita coisa mudou: a ciência, a tecnologia e o empreendedorismo inerentes aos agricultores simplesmente transformaram a atividade.

Tanto é assim que a produtividade das áreas agrícolas cresceu mais de dez vezes em 40 anos no Brasil, entre 1979 e 2019. Segundo o Ministério da Agricultura, enquanto a área plantada aumentou 33%, a produção agrícola cresceu 385%.

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Somente no Paraná, existem hoje 305 mil propriedades rurais. O presidente do Sistema Faep/Senar-PR, Ágide Meneguette, destaca que os desafios dos agricultores paranaenses são muitos, mas a categoria sempre trabalha para buscar a superação.

“Hoje tem a questão da falta de internet em muitas áreas rurais. E esse serviço é fundamental, pois cada vez mais é preciso implantar tecnologias dentro da porteira. Outra questão é a energia elétrica, que está cara e existe risco de racionamento. Por isso, o produtor rural está, aos poucos, apostando em fontes alternativas e limpas, como energia solar e biomassa.”

Meneguette destaca que o Paraná é um estado essencialmente agrícola. “Os números comprovam a importância do setor e, consequentemente, dos produtores para a economia e para sociedade. Afinal, além de produzir alimento, o campo gera riquezas, empregos e renda.”

Ele acrescenta que as mudanças no campo foram inúmeras nas últimas décadas.

“Podemos citar as diversas tecnologias aplicadas para melhorar a produção e a produtividade, como sementes, maquinário e insumos. Mas a principal mudança aconteceu na mentalidade do produtor rural. Mais do que nunca, ele sabe a sua importância econômica, social e ambiental. E isso foi conquistado com muito trabalho.”

NATURAL

O trabalho no meio rural sempre foi muito natural para o produtor Marcio Rodrigo Gambetta. Ao todo, são mais de 36 anos na atividade, sempre buscando evolução. “Quando meus avós vieram de Santa Catarina para o Paraná, há quase 60 anos, em 1963, trouxeram vacas na mudança, então sempre mexemos com leite. Desde pequeno tenho gosto pela atividade.”

O produtor Marcio Gambetta herdou dos avós o gosto pela atividade no meio rural
O produtor Marcio Gambetta herdou dos avós o gosto pela atividade no meio rural | Foto: Arquivo pessoal

Hoje, Marcio cuida de uma propriedade de 30 hectares, na divisa dos municípios de Cafelândia (PR) e Nova Aurora (PR). A produção é variada, incluindo leite, milho, trigo e soja.

O leite é comercializado por meio da cooperativa Copacol. A soja e o trigo são entregues na cooperativa, e o milho é usado basicamente para alimentação das vacas leiteiras.

Marcio diz que o maior desafio hoje é lidar com as instabilidades do clima. “Tem época muito seca, outra época com chuva ou frio demais. Com relação à logística, aqui na nossa região o escoamento é bom e está evoluindo bastante.”

Ele relata a satisfação que é se dedicar ao campo, desde a inseminação de uma vaca até os cuidados com a bezerra, para que chegue à fase adulta na melhor condição possível. Em relação ao trato com a terra, a sensação é semelhante: “Plantar uma sementinha na terra, esperar ela germinar, encaminhar, cuidar direitinho para ver a produção lá no final. Esse é o maior prazer do agricultor”, conclui.

SUINOCULTURA

Neste sábado, dia 24 de julho, é celebrado o Dia do Suinocultor. Boa parte deles, assim como no caso de Marcio, tem a atividade ligada a histórias familiares.

Longe do que faziam as gerações anteriores, a suinocultura hoje pouco tem de semelhante à praticada 20 anos atrás, tanto em manejo quanto em rentabilidade.

Os irmãos Alaor e Aneucemar Bressan, da Granja Bressan, em Marechal Cândido Rondon (PR), se lembram bem de como era atividade nesses tempos não muito profissionalizados.

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Quando nasceu, conta Alaor, sua família já lidava com suinocultura em Santa Catarina. Depois, se transferiu para o Paraná e há cerca de 40 anos Alaor Bressan tem sua própria granja.

“A atividade mudou muito”, resume. Ele ainda se lembra das roças preparadas com a ajuda da tração animal, o milho guardado no paiol e sendo debulhado, moído e misturado com soja cozida, mandioca, inhame, abóbora e o que mais tivesse disponível para alimentar os porcos da propriedade do pai, que fazia o ciclo completo e onde todos os animais nasciam e cresciam juntos até irem para o abate.

Bressan conta que as mudanças começaram a chegar na propriedade do pai no início dos anos 1980, quando a família comprou uma granja em Marechal Cândido Rondon, região onde o movimento de integração já era mais forte.

“As empresas e as cooperativas trouxeram profissionalismo e tecnologia para as granjas. As empresas de genética também se desenvolveram, daí tudo começou a mudar.”

Hoje, ele se dedica à UPL (Unidade Produtora de Leitão Desmamado) e, com a evolução, se viu diante da necessidade de contratar mão de obra para o trabalho, antes executado apenas pela família.

“Com a evolução da suinocultura, foi ficando mais difícil para o produtor cuidar de tudo sozinho”, menciona. No caso de Bressan, são 550 matrizes, responsáveis por parir 1.500 leitões por mês. Os filhotes permanecem na propriedade de 24 a até 26 dias, até atingirem de 7 kg a 8 kg – antes de seguirem para a próxima fase em outra propriedade.

Os irmãos Bressan trabalham há anos como integrados e consideram que esse modelo possibilitou a continuidade da atividade para muitos suinocultores. Atualmente, eles têm parceria com o RPF Group, quarto maior produtor de proteína suína do Paraná, que abate cerca de 3.100 cabeças por dia em duas unidades, nas cidades de Ibiporã e Bocaiúva do Sul.

EVOLUÇÃO

Luana Bombana, sanitarista do RPF Group, destaca que a suinocultura vem organizando processos e buscando novas tecnologias. Exemplo disso é o sistema organizacional da suinocultura intensiva, que no início da produção baseava-se no sistema de ciclo completo, onde todas as fases de produção ficavam na mesma propriedade.

“Hoje, tornou-se muito mais comum o desmembramento por sítios, onde cada fase de produção fica localizada em propriedades diferentes, e na maioria das vezes por proprietários diferentes também, otimizando assim a produção.”

Segundo ela, o emprego de tecnologias veio para auxiliar na gestão da propriedade e também no monitoramento e no manejo das granjas e dos animais. A precisão dos equipamentos, sensores e dispositivos facilita o trabalho e o controle das variáveis, como temperatura e alimentação, proporcionando um ambiente melhor e consequente sanidade aos animais.

A área biológica também tem avançado ao longo dos anos, focando no bem-estar dos animais. “Hoje, por exemplo, já estão disponíveis no mercado vacinas que podem ser aplicadas sem agulha, por via intradérmica, e também via oral, proporcionando maior conforto.”

Daniel Piacentini Metz, gerente de fomento de suínos do RPF Group, lembra o importante papel da inseminação artificial em larga escala, a partir dos anos 2000. Ele cita ainda novos conhecimentos sobre nutrição animal, proporcionando menos tempo de alojamento.

Os benefícios podem ser medidos em números. “Antigamente, levava-se em torno de 220 dias para abater um suíno. Hoje, com 160 dias já é abatido”, conclui.

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