A barata tem um papel fundamental para a nossa sobrevivência, pois vive para se alimentar de materiais  em decomposição
A barata tem um papel fundamental para a nossa sobrevivência, pois vive para se alimentar de materiais em decomposição | Foto: Istock

Sei que é um bicho asqueroso. Mas merece uma história.

A barata é um desses bichos que, mesmo que a gente não goste, é necessário existir e tem um papel fundamental para a nossa sobrevivência, pois vive para se alimentar de materiais em decomposição que, é claro, não percebemos, mas fazem parte do dia a dia do ser humano.

Se não houvesse barata, é bem provável que haveria muitas doenças proliferando mais do que existem hoje.

A natureza é uma coisa fascinante. Na agricultura, há insetos que são importantes por servirem de alimento para outros na cadeia alimentar. O seu descontrole pode ser perigoso e pode até afetar produções agrícolas.

E quem já não ouviu falar sobre a polinização feita pelas abelhas? Se não houvesse abelhas no mundo, teríamos um colapso total dos ecossistemas e a agricultura seria impossível.

Muitos insetos servem de alimento para outros insetos ou animais que controlam um ecossistema que - grosso modo - é o conjunto formado pelos elementos vivos e o ambiente.

Isso acontece também com as baratas. O problema é quando a população de baratas sai do normal e começa a andar dentro de casa.

Essa irreverência em relação ao meio social do homem é um ultraje inaceitável! É um bicho intrometido e insolente, como se entendesse que a sua importância fosse maior do que o verdadeiro pavor que incute nas mais variadas pessoas. Não é de hoje que as suas atitudes são totalmente contrárias ao sossego do lar.

Já houve noite em que eu e minha esposa escutamos um barulhinho de “coisa” andando numa caixa em cima do guarda roupa. E o desenrolar da história foi que tiramos tudo de cima do móvel em plena madrugada e nada de achar o bicho. A desconfiança era de que fosse realmente uma barata. O silêncio imperou depois de quase uma hora de olhar embaixo da cama, atrás do guarda roupa e em tudo quanto era gaveta e canto que houvesse. E nada! Absolutamente, nada! Pior que uma barata seria uma barata fantasma!

Depois de tudo arrumado novamente, isso às três horas da manhã, acordando meus filhos pequenos, na época, que se divertiram no começo e depois se aborreceram com a falta de resultado da busca, aconteceu de nos ajeitarmos para dormir novamente. Luz apagada e lençóis aconchegantes, bocejos e olhos ardendo de sono porque de manhã tínhamos que trabalhar e...sim o barulhinho de novo.

Mas dessa vez era num móvel pequeno. Acendi a luz rapidamente e arrastei a pequena cômoda, peguei a vassoura e zás! Ela correu e, como a porta da cozinha já estava aberta na hora em que fui pegar a vassoura, a barata resolveu abrir as suas enormes asas ,-sim ela tinha um par de asas que daria inveja em qualquer super-herói com capa-,na verdade, parecia asas de pterodáctilo, e deu no pinote.

Fiquei eu brandindo a vassoura como um celerado. E quase disse: "E não volte mais aqui!" Mas pensei comigo que não seria de bom alvitre ser um vizinho incômodo gritando de madrugada, mas murmurei baixinho. As baratas são espertas, ela deve ter ter ouvido.

Enfim ,guardei a vassoura , fechei a porta, apaguei a luz da cozinha e voltei ao quarto. Minha esposa já sabia o que tinha acontecido, mas perguntou:

- E a barata?"

Eu disse: "Não volta mais".

- Como você sabe?

- Voou pra longe. Pode dormir, vou ler um pouco, estou muito agitado ainda.

Lavei as mãos , fiz um chá de camomila pra relaxar, fui à estante e peguei um livro qualquer para descontrair. E comecei a ler “A metamorfose", de Franz Kafka!