Barato e resistente, o plástico faz parte do nosso dia a dia mais do que nos damos conta. Canos, peças de veículos, equipamentos médicos e outros objetos tão comuns como uma simples escova de dentes são feitos do material. Foi graças a ele também que vários produtos puderam ser produzidos em escala industrial, porém, é justamente essa durabilidade que se torna um problema quando pensamos no meio ambiente.

Se descartado de forma incorreta o plástico pode acabar nos rios, mares e oceanos e a cada dia se tornam mais comuns notícias de animais encontrados mortos, com o estômago cheio de plástico. Há pouco tempo circulou na internet o vídeo de uma tartaruga com a narina obstruída por um canudo. Pesquisas também já apontaram que as micropartículas de plástico que fazem parte tanto do glitter usado no Carnaval quanto das pastas de dente e alguns cremes esfoliantes, podem ser ingeridas pelos animais marinhos e acabar no prato de quem os consome. A cada dia, portanto, se torna mais necessário fazer uso racional do plástico.

"É bom fazermos a diferença entre o plástico em si e aquele plástico descartável. Como todo material, ele é super importante, seu uso cresceu por ele ser leve, versátil e até trazer alguns benefícios, mas se estabeleceu a cultura do descartável. O canudo se tornou um símbolo disso porque na maioria das vezes é desnecessário", explica Virginia Antonioli, coordenadora de conteúdo do Instituto Akatu.

Dados do Instituto apontam que se cada brasileiro usasse um canudo por dia, durante um ano, seriam descartados 75 bilhões de canudos. Considerando os canudos de 6 milímetros de diâmetro, o volume ocupado por eles equivale ao volume de quase 1.800 piscinas olímpicas e, se pensarmos em distância, empilhados esses canudos atingiriam uma altura suficiente para ir e voltar à Lua vinte vezes.

Muitas pessoas passaram a abolir não só canudos, garrafas e sacolas como outros produtos feitos com plástico, como fraldas descartáveis e absorventes higiênicos. "É um problema sério porque não há um sistema que possa dar conta do plástico que usamos. Mas há mudanças mais fáceis e outras mais difíceis. Cada um vai fazer o que é possível e qualquer mudança ajuda no coletivo", diz Antonioli.

Ela explica que o objetivo não é abolir de vez o uso do material, mas utilizar de forma mais consciente. Antonioli lembra que todo objeto gasta recursos naturais para ser produzido, dessa forma, só vale comprar canudos de metal ou vidro se eles realmente forem ser usados.

E trocar sacos de lixo por sacolinhas de supermercado, é uma alternativa na redução de consumo de plástico? Mesmo aparentemente sendo uma solução para o plástico que já entraria em casa, Antonioli discorda. "Dificilmente iríamos gastar tantas sacolas quanto levamos para casa. É importante olharmos nossos hábitos com consciência e fazermos pequenas mudanças." (E.G)