Cada vez mais pessoas são dependentes dos óculos de grau e das lentes a fim de corrigir problemas como miopia, astigmatismo, hipermetropia, entre outros. No entanto, o uso incorreto pode causar problemas como fadiga ocular, dores de cabeça, visão turva, além, é claro, de desconforto na visão.

Normalmente esses sintomas aparecem quando os óculos ou as lentes não foram prescritas corretamente, não estão ajustados de maneira correta no rosto do usuário ou até mesmo quando o indivíduo faz o uso de maneira relaxada e indevida.

Um dos erros mais comuns é usar acessórios que não correspondem ao seu grau, ou seja, diversas pessoas tendem a usar a prescrição médica anterior mesmo que seu grau tenha aumentado. Isso pode trazer consequências negativas, além de não suprir esse problema visual.

Outro erro que as pessoas cometem, principalmente aquelas que possuem graus considerados “fracos” é não utilizar óculos ou lentes rotineiramente. A alegação mais comum é que a visão continua boa e que o grau quase não faz diferença.

A FOLHA conversou com o oftalmologista Gustavo Costa, de Londrina, para explicar melhor sobre as consequências do uso errado e os cuidados que se deve ter com óculos e lentes.

O uso incorreto de óculos/ lentes de contato pode afetar a saúde ocular de uma pessoa?

Com certeza. A óptica de cada olho é única e deve ser respeitada. O uso inadequado de óculos ou lentes pode gerar fadiga muscular e até mesmo desvios nos olhos, como estrabismo ou visão dupla. No caso das lentes de contato, há ainda o risco de infecções graves na córnea, aumentando o risco de perda de visão.

Quais cuidados ter com os óculos ou lentes de contato?

Óculos devem ser certificados, com lentes que bloqueiam a radiação UV. Devem ser higienizados com água corrente e detergente neutro para limpeza, sempre que necessário. Idealmente, não se deve esfregar os óculos em tecidos, que podem danificar as lentes.

Em relação às lentes de contato, se forem de uso prolongado, devem ser retiradas todas as noites e devidamente colocadas em solução estéril própria para lentes, que contém enzimas e substâncias que evitam bactérias. Nunca deixar no soro fisiológico (que é um prato cheio para infecções). Além disso, sempre manipula as lentes e os olhos logo após lavar e higienizar as mãos.

Quais são os principais cuidados que devemos ter com os olhos?

Devemos proteger os olhos de vento, poeira e exposição UV, a fim de evitar desde doenças comuns, como conjuntivites, até doenças mais complexas, como pterígio e catarata, ou até mesmo doenças na retina. Além disso, a higiene dos cílios ao final do dia é importante para a superfície ocular.

Quais as principais doenças oculares e tratamentos?

As doenças mais comuns são as ametropias, ou seja, o “grau” que prejudica a visão. O tratamento pode ser desde óculos até cirurgias corretivas. Outras doenças são frequentes a depender da idade, como a catarata e a degeneração macular, na terceira idade. Nesses casos, pode ser necessário tratamento cirúrgico. Doenças sazonais como conjuntivite são mais comuns em crianças em idade escolar. Devem ser tratadas com colírios e higiene dos olhos.

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PRINCIPAIS DOENÇAS OCULARES

Erros de refração

O processo de refração acontece quando um feixe de luz vindo de um ambiente externo atravessa o globo ocular formando a visão na retina. Quando esses feixes de luz são desviados e não chegam focados na retina, a visão acaba chegando com falta de nitidez, esse erro se chama de erro de refração: Entre os mais comuns estão:

Miopia: quando os olhos podem ver com clareza os objetos que estão perto, mas têm dificuldade de enxergar os que estão longe.

Hipermetropia: quando olho é menor do que o normal, criando uma dificuldade para que o cristalino focalize na retina os objetos próximos ao olho, ou seja, é oposto da miopia, pois o individuo tem dificuldade para enxergar com clareza os que estão mais próximos ao seu campo de visão e tem facilidade para enxergar os objetos mais afastados.

Astigmatismo: quando há diferentes curvaturas corneanas ou irregularidades na córnea, formando a imagem em planos diferentes que podem causar a distorção.

Presbiopia: popularmente conhecida como “vista cansada”, costuma se manifestar após os 40 anos, normalmente ela cria uma dificuldade para enxergar tanto de longe quanto de perto.

O tratamento para esses erros é feito por correção óptica, podendo ser feita com óculos corretivos ou com lentes de contato.

Catarata

Umas das doenças mais conhecidas quando se fala de saúde ocular, é caracterizada pela opacidade do cristalino que pode resultar na diminuição da visão. Sendo a responsável 47,8% dos casos de cegueira ao redor do mundo, afetando principalmente a população idosa. O tratamento mais comum (e mais eficaz) é por meio da cirurgia.

Glaucoma

Normalmente é causado devido a alguma lesão no nervo óptico, sendo geralmente associada ao aumento da pressão intraocular, e causando a perda progressiva do campo de visão. Assim como a catarata também está relacionado ao envelhecimento da população, além de ter um fator hereditário. Ele também não provoca sintomas até chegar às fases mais tardias da doença. A doença não tem cura e pode causar cegueira. O tratamento é feito inicialmente com colírios para diminuir a pressão intraocular.

Conjuntivite

É uma inflamação na membrana que pode cobrir a parte anterior do olho, podendo ser infecciosa, alérgica ou química. Se manifesta através da vermelhidão, secreção, inchaços nas pálpebras e sensação de corpo estranho, entre outros sintomas. Ela pode acontecer em qualquer idade. O tratamento é feito com colírios, podendo variar de acordo com o tipo viral ou bacteriana.

Retinopatia Diabética

Geralmente já atinge pacientes diabéticos, se manifestando com a diminuição da visão de duas formas, gradativamente ou subitamente, quando o nível de glicose do paciente está muito elevado durante muito tempo. Normalmente ela acontece na fase adulta. Durante o seu tratamento é preciso manter o diabetes controlado através da alimentação, da prática física e medicamentos.

Degeneração macular relacionada à idade (DMRI)

A doença afeta a parte central da retina, a mácula, área do olho responsável pela formação de imagem, fazendo com que ela faça que o indivíduo perde a visão central progressivamente.

Com envelhecimento da população essa doença tem se tornado mais frequente. A recomendação é ter hábitos saudáveis, como não fumar, se proteger do sol e manter uma dieta balanceada com complementação vitamínica.

(Com Ministério da Saúde)

Supervisão: Celso Felizardo - editor