Imagem ilustrativa da imagem 'Tudo junto e misturado'
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Enquanto as pessoas do grupo chegavam, Juliana Melo Altimari, 37, contava como foi que ela encontrou seu jeito de jogar vôlei sem ao menos conhecer pessoas na cidade para qual se mudou. As luzes da quadra ainda estavam apagadas quando ela falava sobre as regras do grupo e, conforme os jogadores apareciam, a quadra tomava forma: mastro, rede, bola, gente, aquecimento.

São 18 pessoas que participam do vôlei de quinta-feira à noite, na AEE (Associação dos Empregados da Embrapa), zona sul da cidade. Nas três equipes formadas ali, na hora, homens e mulheres, baixinhos e altos, adultos jovens e experientes se misturam para equilibrar o jogo. “Todos os grupos em que eu participo são mistos, na hora vai formando, não tem par ou ímpar ou escolha de time, a gente mesmo que equilibra. O interessante é dar jogo”, conta a professora.

Ao todo, Altimari participa de três grupos espalhados por quadras diferentes, além dos treinos das terças e quintas-feiras. Como uma pessoa que veio da capital paulista conseguiu encontrar pessoas para formar grupos em Londrina é o que gera curiosidade. “Coincidiu que meu filho jogava futebol aqui e eu via o pessoal jogando vôlei e perguntei como funcionava, aí fui tentando entrar até que um dia eu consegui”, recorda. Já são quatro anos de jogo.

Mas a história do grupo mesmo ninguém sabe ao certo. Edson Sato, 49, um dos mais antigos integrantes, recorda que quando ele começou, em 2014, existiam muitos associados como ele, mas que aos poucos foram desistindo. “Então eu passei a convidar gente de fora (a associação permite), mas ficou muito desorganizado. Para colocar ordem, sem querer, eu passei a colocar regra e começou a funcionar”, lembra. Até hoje ele é responsável por organizar os grupos via WhatsApp e também lida com as finanças, que conta com uma pequena quantia de cada membro para custear aluguel de quadra e compra de equipamentos, como bola e rede.

Para a professora, as regras evitam desconfortos e mantêm o grupo coeso, preservando valores que se iniciam antes das partidas. “É preciso ter compromisso e respeito, tanto dentro, quanto fora de quadra”, conta, referindo-se ao sucesso do grupo. “É um esporte recreativo, não é competição, não é treinamento, então todo mundo quer aproveitar ao máximo. Por isso você vai vendo que os grupos têm níveis diferentes, existem grupos de vôlei que são para iniciantes e outros de gente que está mais avançada, você vai se adaptando onde é mais interessante”, revela.

Encontrar grupos de acordo com seu nível parece difícil, mas Altimari indica pesquisar em redes sociais ou buscar as equipes nas quadras da cidade e fazer como ela diz: “meter o carão e perguntar, como eu fiz”, brinca. Para ela, participar de atividades físicas coletivas faz toda diferença. “Você desenvolve inteligência interpessoal, porque te ajuda a conviver em grupo e eu gosto de conviver com pessoas”, afirma.

O grupo foi fundamental para ela que veio de outra cidade conhecendo pouca gente. “Minha família é de fora, eu ficaria sozinha aqui, mas assim fiz amizades fora do ambiente de trabalho. Londrina é uma cidade universitária, sempre têm estudantes jogando aqui com a gente, é importante. Nas cidades onde eu morei, o esporte me ajudou muito a ter contato com outras pessoas”, defende. Na saúde física e mental, os grupos espontâneos agregam também a saúde social.

São 18 pessoas que participam do vôlei da quinta-feira à noite; três equipes são formadas ali, na hora, entre homens e mulheres, altos ou baixinhos
São 18 pessoas que participam do vôlei da quinta-feira à noite; três equipes são formadas ali, na hora, entre homens e mulheres, altos ou baixinhos | Foto: Lais Taine