Agendar reunião, ok. Passar no mercado, ok. Tirar 30 minutos para relaxar, incompleto. A agenda informa que não há tempo para você e 2018 ainda seria o ano de colocar aquele projeto em ação. Como encaixar mais uma atividade?

"O nosso maior problema não é a falta de tempo, mas o tempo mal aproveitado", afirma Claudia Cantero, psicoterapeuta do Núcleo Evoluir. A especialista indica organização e planejamento para que os projetos fluam, mas não é sobre aquele planejamento anual – que muitas vezes é esquecido semanas depois – que ela fala, mas sim sobre a rotina, o hábito de se organizar. "Eu sugiro sempre fazer uma lista não só com as atividades profissionais, mas atividades pessoais também. É importante saber horário de mercado, de encontrar amigos e de passar mais tempo com a família. Isso também é gestão do tempo", defende.

A questão do planejamento e organização do tempo envolve treino, persistência e prática para encontrar o limite correto de tarefas diárias para executar, evitando frustração. Segundo a psicoterapeuta, os momentos de lazer devem ser considerados com a mesma importância dos compromissos de trabalho, tornando possível incluir atividades que sempre foram desejadas e nunca colocadas em ação.

Ao mesmo tempo, momentos de lazer não precisam ser planejados para aquelas horas vagas difíceis de encaixar na agenda, é possível incluí-los nas pequenas coisas do dia a dia. "Passear com o cachorro, buscar o filho na escola e levá-lo ao parquinho, aproveitar o horário de almoço para ver um amigo. É trazer para o cotidiano momentos prazerosos", indica.

Imagem ilustrativa da imagem Tempo para ser feliz



Atividades que não possuam relação com o trabalho, além de exercer função de lazer, podem também desenvolver habilidades até então desconhecidas. É um cuidar de si sem culpa. "A gente não tem que focar na carreira o tempo todo, a gente precisa relaxar, cuidar da vida pessoal, porque isso faz parte do equilíbrio", defende a psicoterapeuta. Por isso, um curso de panificação, aulas de dança, aprender outra língua são atividades que contribuem para o lazer, pois focam no processo e não no resultado final.

E atualmente, é cada vez mais raro focar no momento. Com tanto acesso à informação, estar por dentro de todos os assuntos tornou-se ao mesmo tempo cobrança e culpa, gerando, segundo a especialista, comportamentos de ansiedade e depressão. "O mundo tem tanta informação, que nós não precisamos saber de tudo o tempo todo. E tudo bem! É impossível consumir todas as informações que são passadas", argumenta.

A teconologia gera atração e dispersão. "Você fica meia hora no Facebook, depois para e se pergunta o que viu nessa meia hora. É um tempo mal aproveitado consumindo informações de outras pessoas que não são relevantes. Acaba deixando de ler um artigo que precisava, de fazer coisas importantes para a sua vida pessoal ou se dedicar a uma atividade de lazer", defende.

Essas questões relacionam o cuidado pessoal a uma vida melhor. "Se cuidar na presença de pessoas que a gente gosta aumenta nossa qualidade de vida e isso envolve organização. 'Eu vou praticar alguma coisa que eu queira só se der tempo', se você fizer isso não vai dar tempo. Passando o Carnaval, vá a uma aula experimental e atribua isso como um horário de trabalho. É um tempo que faz bem", recomenda.