No Brasil o 1º de novembro é o Dia de Todos os Santos e o 2 de novembro é o Dia de Finados. No México, o dia de Finados também é conhecido como o Dia de Los Muertos e nos países de origem anglo-saxã há o costume de celebrar o Halloween, que é a véspera do Dia de Todos os Santos. Trata-se de um período do ano reservado para matar a saudade e reencontrar quem já partiu deste plano. Segundo o Padre Marcelo Gomes dos Santos, Pároco na Paróquia Nossa Senhora das Graças (Vila Brasil), a celebração de Finados é antiga na tradição cristã. “Desde o século 13 a igreja celebrava o Dia dos Fiéis Defuntos no dia 2 de novembro. Essa tradição já vem desde o Antigo Testamento, 200 anos antes de Cristo”, destacou o religioso.

Imagem ilustrativa da imagem Tempo para matar a saudade e de reencontro com quem partiu

A Igreja Católica sempre ensinou que os sufrágios, preces e sacrifícios dos irmãos vivos ajudam os mortos que devem ser purificados. Para ensinar esta doutrina, a Igreja se ampara no texto bíblico do 1º Livro dos Macabeus 12, 38-45, que diz: “É, pois, santo e salutar pensamento orar pelos mortos, para que sejam livres dos seus pecados.” Este é o motivo das orações pelos falecidos. Santos explicou que Judas Macabeu disse isso quando fez uma coleta de objetos de soldados mortos em campo de batalha que traziam objetos de deuses pagãos e pediu que os perdoasse por aquela idolatria.

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Ele explicou que o Halloween é uma cultura que não tem a ver com a fé católica, assim como o Dia das Bruxas. “A nossa tradição não confunde com essas outras coisas. Até contrasta com a nossa fé”, deixou claro. “Já o Dia de Los Muertos é uma maneira mais mexicana de festejar o Dia de Finados”, expôs. Questionado sobre o motivo do estilo de se celebrar a data no México ser tão diferente do Brasil, já que no México há o costume de se fantasiar, de ser um dia festivo com muita música e cores e por aqui a data é mais solene, ele não soube responder. “Na verdade não sei como tratam essa expressão no México, mas é um dia como o nosso, no qual visitam os túmulos, rezam e entregam flores. Como eles enfrentam, porque eles encaram de um outro jeito não saberia explicar porque eles fazem assim”, destacou.

Santos explicou que Finados não tem que ser uma data triste. “Nesta data celebramos e lembramos de pessoas que são queridas e faleceram. Não é que tem que ser uma data triste. É uma data cheia de esperança. Para comparar, uma mulher pronta a dar a luz está muito alegre, mas está apreensiva. A gente percebe uma alegria, mas ela está aos gritos, chorando. O Finados é um dia que nos toca, é um dia da saudade e é mais melancólico por conta disso. Enquanto a tristeza é ficar no fundo do poço, a saudade você chora, mas mantém viva esta pessoa. É saudade sim, tristeza não”, apontou. “O Dia de Finados é um dia de esperança para os mortos que estão no purgatório. É o último ato de misericórdia de Deus, que está dando mais uma oportunidade para a alma se purificar”, descreveu.

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Sobre a festa de Todos os Santos, a cerimônia honra a todos os santos, conhecidos e desconhecidos. O padre diz que são homens e mulheres que passaram por esta vida, e experimentaram o amor de Deus de tal maneira que a vida deles mudou. “Assim como a gente vai ficando com os trejeitos do amigo de tanto conviver com ele, se tiver Deus tão próximo em sua vida vai acabar se tornando parecido com ele. Digamos que você tem uma avó, que viveu uma vida correta, amou a Deus, procurou fazer o seu melhor. Se está no céu foi uma santa. Não entrou no cânone dos santos da Igreja Católica, mas é santa”, explicou. “ Segundo ele, São Francisco de Assis, que estava preocupado com o poder passageiro, depois de ir na guerra na Peruggia experimentou a graça e o amor de Deus por meio de cristãos que estavam presos. “Ele larga a vida errada e começa a viver a vida totalmente para Deus”, exemplificou. “Existem santos que são modelos de vida para todos nós. Por isso celebramos o Dia de Todos os Santos e depois rezamos pela Igreja Padecente, ou seja, rezamos pelas almas que estão no purgatório”, destacou.