Semana triste para a cultura
PUBLICAÇÃO
sábado, 18 de abril de 2020
Bruno Codogno (estagiário)*
#Semana Triste para a cultura
Os falecimentos de pessoas importantes para a cultura foram alguns dos assuntos mais comentados ao longo da semana. As perdas para o cenário cultural passam pelo cantor e compositor Moraes Moreira, fundador dos Novos Baianos; o romancista e contista Rubem Fonseca, autor de “Agosto” e “A Grande Arte”; o matemático e criador do Jogo da Vida John Conway; o baterista Rubinho Barsotti, fundador do Zimbo Trio; Devani Ferreira, compositor e baluarte da Estação Primeira e o cantor sertanejo Leandro Breda.
Diversos tweets relembravam a trajetória dos artistas e criadores, suas obras, contribuições e momentos importantes como o encontro de Moraes Moreira com Bob Marley e a classificação do álbum “Acabou Chorare”, pela revista Rolling Stone Brasil, como o “mais importante álbum da música brasileira”. Outras publicações citaram passagens das obras de Rubem Fonseca com referências ao momento atual de crise. Houveram também publicações cobrando por manifestação do Governo Federal e da Secretaria da Cultura a respeito das perdas. Ainda, diversos internautas publicaram condolências e lamentaram pelo que tem sido uma “semana difícil para quem tem bom gosto”, como publicou um internauta.
#Até 2022
Um estudo publicado pela revista “Science” na terça-feira (14) gerou diversas reações nas redes sociais e foi um dos assuntos mais comentados da semana. A pesquisa, realizada por um grupo de cientistas da Universidade Harvard, mostra que as medidas de isolamento social intermitentes podem ser necessárias até 2022 caso não haja alternativas de combate direto ao coronavírus.
A informação foi republicada nas redes sociais com diversas finalidades. Uma delas foi a divulgação científica, em publicações que destacaram a importância da quarentena e das orientações de órgãos técnicos de saúde. Outro fim foi o esclarecimento sobre o estudo em si. E houveram também publicações sobre a preocupação com a possibilidade de prolongamento da quarentena. A informação, ainda, gerou debates a respeito dos impactos econômicos a curto e longo prazos e conflitos a respeito da política nacional, por conta de 2022 ser ano de eleições aos cargos do governo federal.
#Washington Post
Uma publicação opinativa do jornal estadunidense Washington Post, na terça-feira (14), foi um dos assuntos da semana. O editorial do veículo trouxe um apontamento de que Jair Bolsonaro seria o “pior líder mundial” em relação à pandemia do coronavírus. A publicação argumentou que “líderes arriscam vidas minimizando o coronavírus. Bolsonaro é o pior”. Os internautas compartilharam a classificação de Bolsonaro e mensagens com críticas diretas ao comportamento do presidente frente à crise mundial.
Diversos usuários do Twitter ressaltaram o sentimento de “vergonha” por conta do alcance global da publicação e pelo momento de “divisão política” do país em contrapartida ao enfrentamento à pandemia. Por outro lado, defensores de Bolsonaro publicaram mensagens de apoio e compartilharam atitudes do presidente. Ainda, criticaram a postura do Washington Post e levantaram outra trend em defesa de Bolsonaro.
#Função Passaporte
Um recurso liberado pelo aplicativo de encontros “Tinder” foi um dos assuntos mais comentados no Twitter. Com a liberação de diversos serviços pagos e recursos premium de aplicativos para incentivar o isolamento social em todo o mundo, o aplicativo de relacionamento liberou a função “passaporte”, que possibilita que os usuários interajam com pessoas de outros países por meio de mensagens. Os internautas compartilharam diversos prints de conversas e “matchs” (mecanismo de encontro virtual) com pessoas de diversas partes do mundo.
Várias publicações destacaram a possibilidade de conversar com pessoas de diferentes culturas que também estão em quarentena. Alguns internautas aproveitaram o recurso para treinar conversas em outros idiomas. Também houveram tweets que exploraram memes e mensagens de humor. Um internauta publicou “agora posso continuar não recebendo like algum na Islândia, África do Sul, Coréia, Austrália, etc”. Já outros usuários do Twitter criticaram o recurso, revelando experiências negativas com pessoas de outros lugares do mundo. E, ainda, houveram tweets de trocadilho com o termo “passaporte”, em relação à impossibilidade ou cancelamento de viagens ao exterior.
#Petra Costa
A cineasta Petra Costa, diretora do documentário “Democracia em Vertigem”, de 2019, anunciou nas redes sociais um novo projeto documental e ganhou visibilidade durante a semana. Petra Costa, que foi indicada ao Oscar por seu último projeto, pretende reunir relatos de pessoas de todo o Brasil para construir um “mosaico do isolamento social”, com o retrato de diversas realidades socioeconômicas durante a pandemia do Covid-19. A cineasta, ainda, convocou internautas para que enviem vídeos com os relatos.
A abertura para que as pessoas possam participar foi um ponto levantado em diversas publicações no Twitter. Outro destaque a respeito do anúncio foi a polarização política dos usuários da rede social. Por um lado, críticos do atual governo e admiradores de “Democracia em Vertigem” ressaltaram a importância da documentação deste momento de pandemia. Aproveitaram o canal de comunicação para expressar a admiração pelo trabalho de Petra Costa e sugerir tópicos que pudessem ser explorados no documentário. Por outro lado, apoiadores do governo e críticos dos trabalhos anteriores da cineasta questionaram suas intenções e a acusaram de “tendenciosa”. Houveram, ainda, memes a respeito da pandemia e ironias sobre a iniciativa.
*Supervisão: Patrícia Maria Alves (editora)