Stiletto, ritmo popularizado pela cantora Beyoncé
Stiletto, ritmo popularizado pela cantora Beyoncé | Foto: Shutterstock



O ritmo é bastante feminino e sensual, exige técnica e a capacidade de executar os passos sobre um salto 15, fino. Relativamente recente no Brasil, o stilleto tem levado muitas pessoas às escolas de dança. Embora a grande maioria de alunos seja mulheres, os homens também frequentam as aulas.
O professor e coreógrafo Alexandro Micale, do Conservatório das Artes Londrinense, foi o responsável por trazer o ritmo para Londrina, há cinco anos. Ex-integrante do Balé de Londrina, ele conta que conheceu a modalidade de dança em Paris. "Eu já tinha a técnica de jazz, era fã da Beyoncé, fiquei apaixonado pelo stiletto e fui fazer um curso para trazer para Londrina, mas ainda não sabia se isso iria atrair as pessoas. Mas no fim rolou, foi muito legal", conta.
De fato, a cantora americana é uma das responsáveis pela popularização do estilo, mas não é a responsável por sua criação. Micale conta que o stiletto surgiu nos Estados Unidos, na década de 1980, em musicais da Broadway, inspirado em outro estilo, o vogue ou voguing, popularizado por Madonna. "O vogue é formado por trejeitos femininos e várias poses de divas, como Marlene Dietrich. Ele se misturou ao jazz, balé, danças urbanas e deu origem ao stiletto. Algumas pessoas inclusive confundem o stiletto com o funk, mas ele é mais técnico. No Brasil a Anitta mistura um pouco de stiletto com o funk para ficar mais popular", explica o professor.
Dentro do ritmo existem duas divisões: o street jazz styletto, com mais técnica e que exige que o aluno consiga executar piruetas, saltos e giros, com músicas mais alternativas e o stiletto, com passos um pouco menos sofisticados, mas também com sua técnica específica, segundo o coreógrafo.
Para fazer as aulas é preciso cuidado para não machucar as articulações, por isso deve ser feito um aquecimento antes do início. Os alunos começam usando tênis, aprendem a andar sobre o salto até aprenderem de fato a dançar com ele. "É uma dança que trabalha bastante o físico, são gastas entre 600 a 800 calorias por aula. As mulheres buscam muito esse ritmo porque aumenta a autoestima feminina, tenho alunas de 60 anos. Apenas não recomendo para crianças, por causa do uso do salto alto e também por causa da sensualização."
Micale conta que entre seus alunos há aqueles que querem aprender o ritmo para dançar na balada e também em concursos e festivais, mas há também mulheres que aprendem para dançar para o namorado ou marido. "São duas aulas por semana e os alunos aprendem rápido. Mas o mais importante do estilo é curtir, se sentir feliz. É algo de dentro para fora", finaliza.

"Dançar é uma forma de relacionamento"

Giovana Luppi Pezorini Ribeiro e Heitor Urbano com a professora Daianne Maria Gonzalez
Giovana Luppi Pezorini Ribeiro e Heitor Urbano com a professora Daianne Maria Gonzalez | Foto: Ricardo Chicarelli



Vera Lúcia Dênis Urbano é bióloga e uma entusiasta da dança. Desde pequena ela via os pais dançando e um dia decidiu fazer aulas. Depois de uma pequena parada, voltou a frequentar a escola no ano passado com o esposo Carlos Alberto Urbano e levou consigo o filho Othon, de 14 anos.
"Dançar é uma forma de relacionamento, de ter noção de equilíbrio e coordenação motora. Junto com meu marido faço sertanejo, zouk e samba. E com meu filho faço bolero e axé. Aliás, o Othon faz todas as aulas comigo. Ele curte, sempre gostou da música e para ele é ótimo por conta da Síndrome de Down, ele sabe conduzir e quando tem baile, convida as meninas para dançar."
Ela conta que ainda se preocupa com os passos mas já está se sentindo mais confiante e ficando mais "fluente", dançando com mais consciência corporal. "No salão dançamos em sentido anti-horário, isso mostra que o tempo não passa quando dançamos", filosofa.
Retornando às aulas depois de uma pausa, o casal Giovana Luppi Pezorini Ribeiro e Heitor Urbano também se encantou com o zouk. Aliás, durante a entrevista descobrimos que ele é filho do casal Carlos e Vera, mostrando que o mundo da dança realmente é muito amplo.
"Dançamos em festas e em barzinhos, além dos bailes da nossa escola, o Espaço Latino. Além de ser um exercício, a dança é um tempo de distração para nós e também uma forma de melhorar a comunicação do casal", atesta ela.