“Já pensou na sua relação com as redes sociais? Sim... claro pode ser muito divertido. Sim... Todos nós sabemos que pode ser muito informativo. Mas, sim pode ser altamente viciante." Esta introdução no site do instituto RSPH (Royal Society for Public Health) no Reino Unido lança o desafio Scrool Free Setember (Setembro sem Rolar, em livre tradução) que incentiva os cidadãos a usarem menos as redes sociais e aproveitarem seu tempo off-line por 30 dias.

Calendário da campanha Scroll Free Setember
Calendário da campanha Scroll Free Setember | Foto: Reprodução Royal Society for Public Health

O nome foi criado em alusão ao ato de deslizar da tela do celular. A iniciativa corrobora com recente pesquisa realizada pelo instituto com 1.479 jovens com idades entre 14 a 24 anos, e apontou o impacto negativo que o Instagram pode provocar no sono e autoimagem. Durante a pesquisa, os participantes tiveram que elencar o quanto as redes sociais influenciavam seus sentimentos de bem-estar, ansiedade e solidão. Os resultados também apontaram o Youtube como o menos nocivo, seguido pelo Twitter e Facebook.

#SaúdeMental

Outro estudo, este realizado por pesquisadores do Departamento de Psicologia da Universidade da Pensilvânia, nos Estados Unidos, mostrou que reduzir o tempo nas redes sociais pode levar a redução significativa nos índices de ansiedade e depressão.

Publicada em dezembro de 2018 no Journal of Social and Clinical Psychology, a pesquisa “No More FOMO: Limiting Social Media DecreasesLoneliness and Depression” - (Chega de FOMO: limitar as mídias sociais diminui a solidão e a depressão) foi realizada com 143 estudantes com idade entre 18 e 22 anos, da Universidade da Pensilvânia. Os voluntários foram divididos em dois grupos aleatoriamente. O primeiro tinha livre acesso às redes sociais e outro tinha dez minutos por dia em cada uma das plataformas: Facebook, Instagram e Snapchat. Depois de três semanas, os pesquisadores descobriram que o grupo que teve sua atividade limitada apresentou redução significativa nos índices de solidão, depressão e ansiedade. Ou seja, limitar o uso a 30 minutos por dia nas redes sociais pode levar a uma melhoria na qualidade de vida.

icon-aspas "As redes sociais não devem ser demonizadas, é preciso saber qual o uso que se faz delas".
Sylvio do Amaral Schreiner -

Obviamente essa forma de ver a vida não afeta todas as pessoas, segundo o especialista. Aqueles que trabalham usando as redes sociais como ferramenta, por exemplo, apesar de passarem muito tempo conectados estão nas plataformas com um propósito e por isso não devem ter problemas. “As pessoas que têm a mente mais desenvolvida também não são afetadas. Elas contam com elas mesmas, sabem das suas necessidades, não ficam divagando. Têm boa autoestima, não ficam dependentes do outro nem fazem essas comparações", explica.

Para Schreiner, a utilização das redes sociais exige um filtro por parte dos usuários, principalmente dos adolescentes, que estão mais sujeitos às questões de imagem por ainda não terem experiência de vida. “Mesmo assim as redes não devem ser demonizadas, é preciso saber qual o uso que se faz delas. Como lidamos com tudo isso depende da nossa saúde mental”, alerta.

INSTAGRAM

Após a publicação dessa entre outras pesquisas, a plataforma criou uma ferramenta de ajuda para os usuários da rede social que buscam pela #depressão ou #ansiedade. Uma janela se abre com a mensagem: "Atenção, estas publicações podem apresentar imagens fortes" e oferece um link de ajuda ao usuário que ao aceitar é direcionado para uma página com informações sobre como entrar em contato com voluntários do CVV (Centro de Valorização da Vida ).

Aviso para hashtag de ansiedade e depressão
Aviso para hashtag de ansiedade e depressão | Foto: Reprodução Instragram