Sarro: nova sensação da dança em Curitiba ultrapassa as barreiras do PR
O 'passinho de rave' tem raízes no Melbourne Shuffle, coreografia muito presente em festivais ingleses dos anos 1990
PUBLICAÇÃO
terça-feira, 11 de março de 2025
O 'passinho de rave' tem raízes no Melbourne Shuffle, coreografia muito presente em festivais ingleses dos anos 1990
Lucas Ribeiro - estagiário*
A dança aproxima e alegra jovens curitibanos que têm popularizado um estilo novo: o sarro. Derivado do shuffle, o ritmo enérgico das músicas leva pessoas às festas e praças da capital paranaense desde cerca de 2017, quando a forma de dança começou a ganhar tração dentro das raves.
O que fez com que o gênero se tornasse realmente viral foi um vídeo no Instagram repostado por Alok, em que “Chapadinho”, dançarino e adepto do sarro, é entrevistado pelo músico e influencer MC Xandre. Desde então, a cultura do sarro vem ganhando mais visibilidade, tanto dentro quanto fora do Paraná.
“Eu acredito que [o motivo das pessoas gostarem do sarro] seja o sentimento de felicidade ao dançar, sabe?” diz Gabriel Carneiro de Moraes, criador de conteúdo digital que leva a dança como um estilo de vida. “Quando eu danço, esqueço dos meus problemas e foco somente na música e na dança ali no momento. Por isso que cresceu tanto, dançar não tem preço e ainda mais quando você está com suas amizades”.

De acordo com a professora de dança Tereza Margarida, o sentimento demonstrado por Gabriel tem explicação. “A dança, em qualquer de suas linguagens, te coloca no momento presente, gasta a adrenalina e o cortisol que estavam na circulação e libera endorfina, dopamina e serotonina no sistema, hormônios que dão a sensação de prazer”. Além disso, Margarida ressalta que a sintonia entre as pessoas que praticam o sarro tem a ver com a própria natureza da dança, já que ela “é uma arte de grupo que necessita engajamento com o grupo para que flua”.
A dança curitibana também se popularizou fora do país. “O sarro se espalhou muito, pessoal lá de Moçambique também está curtindo uma [música] eletrônica e mandando muito no sarro!”, disse Gabriel Carneiro.
A psicanalista Camila Sanae acredita que a adesão de jovens e adolescentes às trends da internet está associada ao desejo de pertencimento, ainda afirmando que parece um movimento positivo e saudável para jovens que convivem com perspectivas de futuro prejudicadas pela questão climática ou pelo trabalho precarizado.
* Supervisão de Patrícia Maria Alves (editora).LEIA TAMBÉM:
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