Por trás de cada tuíte, a não mais velada disputa à Presidência da República. A ‘rinha da vacina’, troca amistosa de mensagens entre políticos sobre a eficiência na imunização contra o coronavírus, deixa claro que já existem mais jogadores que anseiam disputar pelo cargo mais importante do País.

A análise é do sociólogo e cientista político Fábio Pacano. “Essa disputa é mais saudável do que a anterior, porque antes era vacinar ou não vacinar e agora é quem vacina primeiro. Todos eles querem se colocar a ser o primeiro a vacinar. Com isso, adquirem cacife para disputar a Presidência”, declarou.

Nesta terça-feira (15), a disputa entre as autoridades na internet ganhou um novo participante. Desta vez, o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), postou que seu estado está na frente na contagem da aplicação das duas doses.

Imagem ilustrativa da imagem ‘Rinha da vacina’ movimenta redes sociais e desenha cenário de disputa à Presidência
| Foto: Reprodução Twitter
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Leite publicou: "Aí,@eduardopaes! Se @jdoriajr é pai da vacina e você diz que adotou o imunizante, é bom alertar que ela fez amizade forte com o guri do RS! A gente segue na frente nas 2 doses e, do jeito que vai, a gauchada estará imunizada pra Semana Farroupilha, 20/09", rebateu.

O tuíte foi em resposta às provocações com tom de humor entre o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), e o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PSD), na segunda-feira (14). Doria tuitou: “Vai preparando o braço! Até 15 de setembro toda a população acima de 18 anos já terá recebido a 1ª dose da vacina”.

Eduardo Paes respondeu: “Me aguarde, @jdoriajr. Você é o pai da vacina, mas eu já adotei a criança e já ganhei o coração do imunizante. Não me provoque. Estou preparando a resposta. Bora vacinar!”.

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Até o prefeito de Maringá entrou na brincadeira, Ulisses Maia tuitou "todo mundo aqui na Cidade Canção vai ser vacinado o mais rápido possível".

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POLITIZAÇÃO

O sociólogo e cientista político Fábio Pacano avalia que, pelo fato de o cacife para disputar a Presidência estar em jogo, a troca de tuítes não teria como intuito brincar com o sentimento do povo.

“É criar uma expectativa consciente, sendo que a frustração vai ser danosa para as pretensões políticas. Mas por outro lado, se conseguirem fazer isso, se cacifam para a disputa. Então a gente percebe que continua politizada demais a questão da saúde pública, do combate à pandemia, que deveria ser algo muito mais técnico do que político. Mas que bom que a disputa política está rumando para esse lado”, considera.

Pacano acrescenta que os autores dos tuítes sabem muito bem o que está em disputa e agora é uma questão de “evitar o Lula”. “Porque com o desenho que está hoje, ‘Lulinha Paz e Amor’ volta carregado pelo povo, o que seria um desserviço pro neoliberalismo brasileiro.”

Depois da polarização Doria-Bolsonaro, agora entram outros jogadores na disputa. “Vamos lembrar que o Eduardo Leite já se colocou à disposição do PSDB para ser candidato à Presidência como uma possível terceira via, segundo ele próprio disse”, conclui.

Nessa corrida da vacina uma coisa é certa: quem ganhar ou quem perder, todos vão ganhar, conforme ilustra a hashtag de Eduardo Paes #corridaemquetodosganham