Vilson Martins trabalha com reparos em ambientes comerciais e domésticos. "O pessoal mais antigo faz, os mais novos pagam". Veja vídeo utilizando a tecnologia da Realidade Aumentada
Vilson Martins trabalha com reparos em ambientes comerciais e domésticos. "O pessoal mais antigo faz, os mais novos pagam". Veja vídeo utilizando a tecnologia da Realidade Aumentada | Foto: Saulo Ohara



E quando ser um "homão" faz parte da sua profissão? Consertar portas, torneiras, instalar cortinas, manutenção de tomadas, trocar lâmpada, salvar uma vida... Salvar uma vida? O serviço de pequenos reparos rende boas histórias e terceirizar as habilidades de um "homão da porra" não é pecado para ninguém.

Vilson Martins trabalhava na parte técnica de uma grande empresa e foi demitido. Para não ficar parado, começou a fazer alguns reparos de maneira informal. Em seguida, a esposa, Vilma Martins, também perdeu o emprego. Com a dificuldade, os dois resolveram levar o trabalho mais a sério e criaram a Help Casa, hoje com filial também em Marília.

Vilma fica com a parte administrativa da empresa, Vilson faz os reparos. "Eu já sabia alguma coisa, mas também fiz alguns cursos na área técnica. As pessoas hoje não têm tempo, nem ferramentas, para resolver esses problemas, então percebemos a demanda", explica.

Apesar de envolver responsabilidades e habilidades, muitas vezes Vilson se viu em problemas que ele nem imaginaria. "Uma vez fui consertar um chuveiro e ele explodiu. Eu nunca tinha visto aquilo. Minha cara ficou cheia de fuligem, a cliente ouviu o barulho e foi correndo ver se estava tudo bem, não aconteceu nada. Era o chuveiro Bin Laden!", ri.

Outra cliente ficou presa na parte de fora da casa ao levar comida para o cachorro e o varal travar a porta. "Ela chamou o chaveiro e ele falou que não tinha solução, que teria que fazer o arrombamento. Então ela chamou a gente pra ver se tinha outra solução. Eu consegui tirá-la de lá sem estragar o local", orgulha-se.

Apesar de a maioria dos chamados serem feitos por mulheres, Vilson explica que homens também recorrem ao serviço. "Hoje em dia a vida é corrida, os homens não têm tempo, ferramenta ou disposição para mexer com aquilo", argumenta. Ao mesmo tempo, Vilson defende que seu trabalho não é essencialmente masculino. "Mulher também faz, minha esposa me ajuda também, ela já foi comigo, só que alguns tipos de serviços exigem mais força", explica.

Em casa, é ele quem faz os reparos. "Eu faço serviço de pedreiro, pintor, jardinagem, vai além", brinca. Com um filho adulto, dois netos, o profissional conta que a geração mais nova é quem mais contrata seus serviços, como seu filho. "Ele paga para fazer. Quando o visito, levo minhas ferramentas", conta.

Por conta disso, o técnico só vê a demanda crescer. "Já me pagaram para trocar lâmpada do banheiro. As pessoas não têm interesse em aprender e se eles sempre pagam, não vão querer se aventurar a tentar. Não é incomum a pessoa começar o trabalho e depois me chamar para consertar", afirma.

Com isso, Vilson vê o perfil do novo homem mudar. Não critica, compreende que são responsabilidades diferentes. "O pessoal mais antigo faz, os mais novos pagam", afirma. Tudo é questão de avaliar o custo-benefício, há quem saiba fazer e os que não sabem, não tem porquê se sentir envergonhados em pedir socorro. "Eu preso pelo serviço profissional, não gosto do termo gambiarra e bastante gente se propõe a fazer sem técnica", argumenta.