Imagem ilustrativa da imagem Natal Pop: Quando o Papai Noel sai do Polo Norte para invadir o rádio, a TV e as nossas vidas?
| Foto: iStock

Toda a gente mal entra em dezembro e lá está ele, na porta acenando, fofinho feito a carinha do menino Jesus na manjedoura que fica ao lado da gôndola de panetones e chocotones: o espírito natalino. É exatamente o momento que você percebe que um som te persegue e você acha que ele está em todos os lugares e na verdade ele está na tua cabeça. Jingle Bell, jingle Bell. O brasileiro nem sabe ao certo o que são jingle bells, mas as canções de natal estão lá blein blein na mente. Mesmo vivendo em um país que até a neve de isopor "derrete", as figuras de casacos vermelhos e lãs de carneiros pululam nas esquinas. Na lanchonete do bairro, parece que o jovem fantasiado que suporta uma alergia à barriga de pelúcia e à barba de fios sintéticos, se ajeita e ri Ho Ho Ho. Na TV da vitrine da loja de departamento, passa o trailer de um filme no qual a mocinha vestida de duende encontra o amor, mas só para sofrer por 96 minutos até o final feliz na mesa da ceia quando parecem que vai haver um viveram felizes para sempre (até a parte 2, na qual sabemos que eles se separaram).

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O sentimento no entanto é comum: ninguém passa a data imune ao clima natalino. Uma breve pesquisa da Folha Mais com um grupo de pessoas em Londrina, chegou ao resultado que o estado reflexivo de alma é a sensação mais comum nos dias que antecedem o Natal. Entre os sentimentos relatados os mais citados foram melancolia, paz interior, amor familiar, esperança. Por coincidência, parte desses sentimentos estão presentes nas músicas, nos filmes em cartaz, nos programas de televisão, nas propagandas em redes sociais, nos desafios do tiktok.

O dilema aqui é saber se é o espírito natalino que traz esses elementos para o cotidiano, ou se esses pequenos elementos, que vão aparecendo aos pouquinhos no último mês do ano, que instigam esse clima. Pensando nessa magia que transforma a indiferença natural em amor ou ódio a uma data, fomos explorar as opções de filmes e músicas que vão embalar o natal de 2020. Tem opções para os natalinos e para os da turma “sou mais o ano novo”.

Patrícia Maria Alves (editora)

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Panetone – Um clima natalino

Lara Bridi - Estagiária*

Você consegue ouvir os sinos e sentir o cheirinho de panetone que está no ar? É o Natal. Ele está nas comidas, na presença da família (respeitando as medidas de distanciamento social, por favor!), na decoração e também na cultura pop. A festividade é tema recorrente em músicas e filmes lançados no final do ano. Diversos deles fizeram história nos anos 90, tornando-se verdadeiros clássicos, como Esqueceram de Mim (1990) e o hino natalino All I Want For Christmas Is You, de Mariah Carey. Essas obras marcaram corações e continuam sendo sucesso hoje. Mariah Carey, por exemplo, voltou ao primeiro lugar da Billboards com sua canção de 1994, sendo a primeira musicista a ocupar o topo da colocação em quatro décadas diferentes. Além disso, acumulou 83 semanas na liderança das paradas, na frente de artistas como Rihanna e os Beatles.

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Porém, isso não quer dizer que não haja espaço para produções atuais. A cada ano, novos lançamentos surgem no mercado, mas a fórmula de referências à neve, trenós e mensagens positivas é tradicional. É isso que chama a atenção da professora Graziella Cardoso, de 34 anos. Para ela, o atrativo dos filmes natalinos hollywoodianos é ver essa realidade tão diferente da que vive no Brasil: “o clima de Natal para a gente é a família reunida, barulho, comilança e nada disso tem nos filmes. Para mim os filmes de Natal é a estética do Natal, algo que a gente não consegue ter aqui” – conta Graziella. Seu gosto por esse gênero é tão grande que este ano resolveu compartilhar na internet suas impressões sobre os filmes, criando uma lista em que comenta e avalia cada um dos longas a que assistiu.

A professora conta que, desde a chegada das plataformas de streaming, o acesso a filmes de Natal ficou muito mais fácil, o que a permitiu a maratonar quantos filmes desejasse. Assim, surgiu a ideia da criação de um fio (sequência no twitter) com uma coletânea de seus achados, para que seus seguidores pudessem conhecer e escolher a obra que levará a próxima sessão com pipoca em casa. “Não sou uma profissional!” – alerta ela. Os seus critérios para a avaliação são abertamente subjetivos, baseados em “cafonice, atuação pastelão, plot twists previsíveis e quantas vezes peguei no sono”, como ela explica no twitter.

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Graziella selecionou essas categorias tendo em mente que ela não propunha uma crítica cinematográfica, dado a qualidade questionável das produções de Natal. Para ela, objetivo desses enredos é outro: “eu quero ver um filme que me de um calorzinho interno, que me faça sentir esse espírito natalino, um romancezinho bobinho, que eu não tenha que pensar”. Mas há uma ressalva quanto algumas produções em que o papel da mulher é diminuído. Ela afirma que às vezes o enredo erra ao fazer com que uma protagonista precise escolher entre amor e carreira, por exemplo, e isso é uma mensagem ruim para quem assiste.

De certa forma, a imagem estadunidense cria um clima familiar, mas ao mesmo tempo diverso do latino. “Eu acho que uma coisa não precisa excluir a outra” – diz a professora – “não gosto menos do nosso Natal porque eu acho a estética norte americana mais bonita. São os dois”. Mas, para quem gosta das coisas a moda brasileira, o lançamento Tudo Bem No Natal Que Vem (2020) é uma boa pedida. A comédia nacional traz Leandro Hassum como um pai de família no Rio de Janeiro. No lugar da neve, o calor da estação é acompanhado de cenas mais identificáveis aos brasileiros: o caos da família na ceia, as crianças gritando no quintal, agregados dos quais você nem lembra o nome.

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PASSAS - CALMA, GRINCH!

Para quê essa cara azeda? Tem uva passa no seu arroz? Se você não aguenta o clima natalino como aquela criatura verde de O Grinch (2000), saiba que ainda assim existem filmes perfeitos para você. A estudante de administração Milena Horiye, 20 anos, não assiste produções da estação e entende que a questão não é não gostar da data, mas não gostar dos filmes, pois “eles são todos iguais e previsíveis. Não é algo que vai te surpreender e você sempre sabe o que vai acontecer” – explica ela. O segredo para conseguir fugir dessa previsibilidade, para Milena, é encontrar filmes que se passam no Natal mas que não o tem como ponto principal. Sua dica é a Fantástica Fábrica de Chocolate (2005). “Nem sei se poderia considerar um filme de Natal, mas entra um pouco no clima natalino, porque no início do filme está frio e tem a vibe do final de ano” – avalia.

Nessa mesma linha, outras produções podem ser a certa para você. Se seu problema, na verdade, são os filmes, Dash & Lily (2020) é o destaque da temporada. Em vez de um longa, a série conta as aventuras natalinas de dois adolescentes que não se conhecem a não ser por bilhetes deixados em um caderno. Perfeita para maratonar: são penas oito episódios.

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Agora, se o foco no Natal é o que te incomoda, que tal um filme que traz também outras datas comemorativas? O favorito de Graziella este ano foi Amor com Data Marcada (2020), comédia romântica que acontece no intervalo de um ano, passando por demais comemorações, como Ano Novo e o Dia dos Namorados. Outra dica, esta para se aproveitar em família, é A Origem dos Guardiões (2012), animação que apresenta um universo em que cada celebração sazonal tem um ser mitológico que a guarda. Mas se o que não o agrada é quando o protagonista “tem uma experiência natalina, vê que o Natal é ótimo para todo mundo e é tudo felizinho”, como Milena, não se pode negar que Duro de Matar (1988), apesar de seu clima mais hostil, ainda é uma história no Natal.

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Independente de sua preferência, produções natalinas sempre serão peças de entretenimento com uma mensagem comum “que a gente deveria ter no Natal de amor, de querer estar com as pessoas de que a gente gosta, de resgatar momentos com a família, de pausar, parar de trabalhar um pouco para prestar atenção nas pessoas” – completa Graziella.

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PAVÊ - ABAIXO OS JINGLE BELLS!

Dentro dos filmes e fora deles, os sinos e guizos embalam o ambiente festivo, como se fossem os sons dos flocos de neve caindo. As canções clássicas se tornam um apelo em corais, campanhas, lojas, supermercados e, logo, parecem se repetir dentro de nossas cabeças. No dia 24, Então é Natal já está mais saturada do que a piada do “é pavê ou pra comê?”. Para você que quer uma trilha sonora para a chegada do Papai Noel, mas já não aguenta mais o Jingle Bell Rock, a Folha criou uma playlist que reúne o melhor do pop, rock, jazz, R&B, rap e hip-hop – tudo em clima natalino. Há natal para todos os gostos! Você encontra essa seleção no perfil da Folha de Londrina no Spotify.

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image description | Foto: Patricia Maria Alves - Grupo Folha

Quer escolher um filminho para assistir com a família? Você pode conferir os trailers de todos os filmes citados e alguns outros em uma playlist da Folha de Londrina no YouTube!

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image description | Foto: Patricia Maria Alves - Grupo Folha

*Supervisão de Patrícia Maria Alves (editora)