Os produtores culturais Felipe Augusto e Bruno Gehring e o advogado Tiago Machado produzem 40 litros de cerveja artesanal por mês: "São as horas mais felizes"
Os produtores culturais Felipe Augusto e Bruno Gehring e o advogado Tiago Machado produzem 40 litros de cerveja artesanal por mês: "São as horas mais felizes" | Foto: Fábio Alcover



De mestre cervejeiro e apreciador, quase todo mundo tem um pouco. Este pessoal que vamos conhecer na reportagem leva a sério o prazer da degustação. São amigos que produzem a própria "cerva" e se reúnem em grupo para beber e falar sobre o quê? Exatamente: cerveja artesanal.

O mundo do malte e lúpulo é tão surpreendente que pode enganar quem acredita que entre as cervejas artesanais vendidas no País as melhores são as belgas e alemãs. De acordo com o ranking dos melhores rótulos vendidos no Brasil, da revista de gastronomia Prazeres da Mesa, as brasileiras estão no topo. Os londrinenses não ficam atrás nessa produção.

São cervejas produzidas pelos chamados "paneleiros". Alguns deram tão certo que transformaram o prazer em negócio. O casal de noivos, o engenheiro de software Eduardo Cristiano Negrão, de 30 anos, e a química industrial Karina Mariane Apolinário, de 29, está entre os que não querem misturar prazer com negócio e não pensam em comercializar a produção.

Os produtores culturais Bruno Gehring, de 34, Felipe Augusto, de 32, e o advogado Tiago Machado, de 36, também acreditam que, uma vez cervejeiro artesanal, sempre cervejeiro artesanal.



Outra regra comum entre os apreciadores é a iniciação, geralmente passada de amigo para amigo. Um bom exemplo é o de Felipe Augusto. O pai é dono de choperia. O rapaz cresceu ouvindo falar de cervejas mas, somente conheceu a artesanal depois dos 30 anos, ao ser apresentado à bebida por amigos. O trio produz por mês 40 litros e pretende aumentar a produção para 90 litros.

"É superprazeroso fazer a própria cerveja. A gente marca com as esposas que tal dia é de fabricar a bebida. Deixamos os filhos com elas, preparamos um churrasco e ficamos sete horas em torno da produção. São as horas mais felizes do mês", conta Gehring, que deixa claro que as esposas são bem-vindas, mas que é bom ter este tempinho só com os amigos.
Karina Apolinário, assim que mudou para Londrina, fez um curso de cervejeiro e arrastou o noivo Eduardo Negrão. "É encantador fazer cerveja. Você pega ingredientes, como o malte, que é um grão, passa até 8 horas para fazer um líquido, que é a levedura, até atingir o que a gente quer e, somente saberá se está boa, quando abre a garrafa", afirma Karina.

O casamento dos noivos está marcado para setembro. Os dois estão produzindo parte da cerveja, que será servida na festa. Além do amor, Karina e Eduardo têm essa outra paixão que os une. "Para nós, que somos um casal, além de todo o prazer de fabricar a bebida, o gosto pela cerveja artesanal também é um ponto de união", destaca Eduardo.

Amigos "paneleiros" dizem que a escolha das receitas é democrática. Independentemente das famílias e estilos das "brejas", todos os fiéis cervejeiros concordam que, ao abrirem uma garrafa da produção, são abençoados pela trindade presente no copo: o malte é o corpo, o lúpulo a alma, e a água completa a graça.

Imagem ilustrativa da imagem Não basta a amizade, tem que fazer cerveja junto