Os dias de piscadelas, serenatas e bilhetes de amor pouco a pouco vão se perdendo. Com a internet, os relacionamentos pessoais inevitavelmente passam pela rede, e o namoro não está isento disso. Apesar do sucesso de aplicativos de paquera, tais como Tinder e Grindr, outras redes vêm ganhando espaço na hora do flerte, e até mesmo a plataforma de pagamento eletrônico PIX entrou nessa onda. O empresário libanês radicado nos Estados Unidos Marc Baghadjian, 21 anos, percebeu isso ao se deparar com a formação de casais ao navegar pelo TikTok, app sucesso entre jovens e adolescentes que foi o mais baixado do mundo em 2020, segundo o censo do Apptopia. Foi com isso em mente que se uniu ao ex-doutorando em neurociência Sacha Schermerhorn, 24, para criarem o aplicativo Lolly, ou, como definem, “o encontro do TikTok e do Tinder”.

Imagem ilustrativa da imagem Namoro Z: Novo aplicativo promete ser a rede de relacionamentos da nova Geração
| Foto: iStock

À primeira vista, o Lolly é semelhante ao TikTok, pois reúne vídeos curtos e divertidos em um feed vertical. Mas as semelhanças são meramente visuais. Objetivo final do Lolly não é o entretenimento, mas o encontro de parceiros. Mas no que ela se diferencia das redes de namoro tradicionais? Os fundadores acreditam que a dinâmica própria de vídeos do Lolly o confere maior espontaneidade que outros aplicativos que se limitam a poucas fotografias e textos curtos. “O mundo mudou desde 2012 (ano de lançamento do Tinder), e as plataformas que nos apoiam não” – disse Baghadjian em entrevista à revista Forbes. O CEO da empresa enxerga que essa maneira engessada de interação falha ao mimetizar o mundo real. Portanto, conhecer alguém dessa forma não seria um atrativo a Geração Z, ou seja, jovens nascidos a partir de 1995.

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Já no Lolly, as interações não seguem a fórmula binária de aceitação ou rejeição (ou o “passa para a direita ou passa para a esquerda”) costumeira de sites de relacionamentos. A rede oferece o recurso de “aplaudir” (tradução literal da reação “clap”, equivalente a uma curtida). Ao aplaudir um vídeo, mais conteúdo daquele mesmo usuário lhe é apresentado. Assim, logo você estará familiarizado com aquela pessoa e poderá iniciar uma conversa, de modo que há mais de uma chance de que dois usuários entrem em contato.

Não apenas, o Lolly tem uma maneira distinta de prezar pelo bem estar e segurança do usuário, o que interfere nas ações de interação da plataforma. Além de dispor de diretrizes de uso que, tais quais em outros sites, proíbem nudez e discursos de ódio, o app não oferece a possibilidade de comentar publicações. Os fundadores argumentam que a medida evita a incitação ao comportamento violento e assédio. Já a moderação de conteúdo é feita de forma completamente humana. Caso um vídeo ou perfil for denunciado, o trabalho de verificação é feito por pessoas, e não por sistemas de inteligência artificial.

A ideia da rede não agradou a todos de imediato. O Lolly foi recusado mais de 40 vezes até ser aceito por um investidor. Porém, após o primeiro, outros começaram a aparecer e o aplicativo teve capital semente de U$ 1,1 milhão. Hoje, fazem parte do time de investidores o executivo John Sculley, ex CEO da Apple, e o executivo John Pleasants, ex-CEO da Playdom, pertencente ao grupo Walt Disney.

Oi, sumido

Lançado há menos de um ano, Lolly ainda só é suportado pelo sistema IOS, o que quer dizer que apenas pode ser baixado em iPhones. O aplicativo, por enquanto, é restrito a usuários estadunidenses, e não há previsão para quando – ou se - ele deve chegar ao Brasil e demais países. Já é visto que aplicativos sociais são um grande mercado no Brasil. Segundo dados do SensorTower, em setembro de 2020, o país foi o que mais baixou TikTok no mundo, acumulando 6,7 milhões de downloads. Segundo a companhia Tinder, cerca de 10% de seus usuários são brasileiros, o que representa 10 milhões de contas nacionais. Visto isso, é possível imaginar que a chegada do Lolly no Brasil será bem recepcionada, mas aos apaixonados resta esperar.

*supervisão de Patrícia Maria Alves (editora)