O mês de maio é dedicado à conscientização do TPB (Transtorno de Personalidade Borderline), tanto à população quanto aos profissionais da saúde, a fim de desmistificar a doença e incentivar a busca por ajuda psicológica daqueles que se identificam com os sintomas. Aproximadamente 2% da população mundial sofre com o distúrbio e, segundo estimativa da ABP (Associação Brasileira de Psiquiatria), quase 10% dos pacientes diagnosticados no Brasil cometem suicídio. A doença também acomete mais mulheres, representando cerca de 70% do casos nos consultórios.

A psicóloga comportamental Ana Paula Brunasso, que atua em Londrina, explica que os transtornos de personalidade são padrões de traços inflexíveis e mal adaptativos que causam prejuízo significativo ao funcionamento social ou profissional, ansiedade subjetiva ou ambos. São padrões crônicos de comportamento que tem início precoce e insidioso e são evidentes no final da adolescência ou no início da vida adulta. De acordo com a profissional, esses transtornos são difusos e afetam todas as áreas de personalidade, como cognição, afeto, comportamento e estilo interpessoal.

Brunasso conta que o TPB pode ser visto como um dos mais graves transtornos de personalidade e alerta para a importância do tratamento ideal. De acordo com ela, em um momento de crise, algumas emoções mais extremas como a raiva e a impulsividade se sobressaem, sendo necessário o acolhimento de familiares, amigos ou pessoas da confiança do paciente. Não contribuir nos ataques de fúria, manter uma comunicação clara, demonstrar que você se importa e tomar cuidado com possíveis gatilhos são maneiras de lidar com uma pessoa que sofre com a doença.

"Por meio da psicoterapia, trabalhamos para que o paciente consiga lidar com os sentimentos e as frustrações criando uma maturidade emocional, por isso o acompanhamento psicológico é essencial", diz. Além disso, apesar da doença não ter cura, o tratamento multidisciplinar contínuo com fármacos e a prática de exercícios físicos podem amenizar os sintomas e garantir um prognóstico mais favorável e uma melhor qualidade de vida.

Imagem ilustrativa da imagem Maio é o mês de conscientização do transtorno de personalidade borderline
| Foto: iStock

O QUE É BORDERLINE?

O distúrbio é caracterizado por um padrão generalizado de instabilidade e hipersensibilidade nos relacionamentos interpessoais, instabilidade na autoimagem, flutuações extremas de humor e impulsividade.

A definição é do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, ou DSM-5. Um documento criado pela APA (Associação Americana de Psiquiatria) com o objetivo de padronizar os critérios diagnósticos das desordens que afetam a mente e as emoções. Dentre os mais de 300 tipos catalogados, está o transtorno de personalidade borderline, também conhecido como TPB, transtorno de personalidade limítrofe ou síndrome de borderline.

Eventos considerados comuns no dia-a-dia podem desencadear uma montanha-russa de sentimentos na pessoa. Os sintomas se manifestam no medo excessivo do abandono real ou imaginário, dificuldade em lidar com a rejeição, comportamentos compulsivos e autodestrutivos (envolvendo gastos financeiros, sexo, drogas, álcool, vícios, comida ou cleptomania), sentimento crônico de vazio, raiva inapropriada ou intensa, automutilação e ideações suicidas.

Por isso, o diagnóstico correto é de vital importância e pode salvar vidas.

QUAL A DIFERENÇA ENTRE BORDERLINE E BIPOLAR?

O transtorno de personalidade borderline e o transtorno afetivo bipolar são conhecidos por terem como principal característica as alternâncias no estado de humor, mas há distinção. A psicóloga explica que o bipolar alterna fases de euforia com fases depressivas por longos períodos ou de forma mista, com polos mais bem definidos, diferentemente do TPB que possui alterações de humor rápidas, em geral diante de frustrações.

Assim como o transtorno afetivo bipolar, a síndrome de borderline está na lista de doenças mentais incapacitantes, segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde).

Importante lembrar que somente um psicólogo ou psiquiatra devidamente habilitado pode realizar o diagnóstico e orientar sobre as melhores opções de tratamento para qualquer um dos distúrbios.