Primavera é a estação mais linda do ano! O clima é ameno e as flores enfeitam as ruas e praças. É também o momento de colher. E o que plantamos? Costumo dizer que não adianta plantar cebolas e querer colher maçãs. Quem plantou maçãs sentirá o gosto doce desta deliciosa fruta, já quem plantou cebolas? Simples assim.

Num mundo cada vez mais introspectivo, onde vivemos conectados a aparelhos elétricos e eletrônicos o tempo todo, acabamos desconectados da Mãe Natureza. É preciso perceber nossos instintos e deixar fluir nossas emoções. A primavera tem um efeito transformador na natureza e nos animais. Nós também passamos por um processo de renovação, revigoramento e rejuvenescimento. Receber flores é sempre maravilhoso! Dar flores, ou fazer um gesto de carinho como um poema, um elogio, vestir-se com roupas coloridas, fotografar e lógico presentear com flores é uma forma de celebrar a estação mais alegre e colorida do ano. Porém, não precisamos esperar a Primavera, ou aniversário, Dia dos Namorados, Dia das Mães, ou pior, no dia da morte de alguém. Como dizia Anne Frank no seu livro homônimo "Os mortos recebem mais flores do que os vivos porque o remorso é mais forte que a gratidão". Eu concordo, acho um enorme desperdício ver aquelas coroas enormes de flores em velório e sepultamentos. É triste e penso que as flores perdem a sua principal função: alegrar, enfeitar, encantar.

INSPIRADOS PELAS FLORES
As flores encantam pela multiplicidade de cores e formas e os artistas sabem muito bem aproveitar esta palheta de possibilidades. Artistas como Monet são um grande exemplo, suas obras mais famosas foram inspiradas pela natureza. Monet criou, cultivou e preservou um imenso jardim durante anos. O Jardim de Giverny, aos arredores de Paris, pode ser visitado e será fácil entender de onde vinha tanta inspiração. "Os Girassóis", de Van Gogh, provavelmente é a obra mais conhecida do artista e seus tons de amarelo são inconfundíveis. Beatriz Milhazes é conhecida mundialmente pelas formas orgânicas e pelo uso de flores e arabescos. E euzinha, modestamente, também me inspiro na natureza. Inspire-se você também!

ONDE ESTÃO AS ABELHAS?
Você já deve ter ouvido falar que o mel está acabando, ou pelo menos sentiu um "zumbido" em seu ouvido sobre esta notícia. Isto está acontecendo porque as abelhas estão sumindo e elas são as principais polinizadoras da natureza. Os motivos são vários e têm até nome e sobrenome: CCD (Colony Collapse Disorder - Síndrome do Colapso das Colônias). Um dos motivos apontados é o uso de pesticidas. Sem a polinização, cairá drasticamente a quantidade e qualidade de flores, frutos e alimentos. Haverá uma ruptura em toda a cadeia alimentar e no ecossistema, pois dois terços dos alimentos que nós ingerimos são cultivados com a ajuda destas operárias. E há tanto mistério neste sumiço, pois não são encontrados os restos mortais das abelhas. Cientistas irão colocar microcâmeras dentro das colmeias para compreenderem este desaparecimento, ou seja, o BBB das abelhas! O mais incrível desta notícia é saber que as abelhas trabalham de forma organizada e sistemática, são verdadeiras operárias "padrão", cada uma tem sua função e trabalham em perfeita ordem. E para ficar ainda mais dramática a situação, Albert Einstein declarou "Se as abelhas desaparecerem da face da Terra, a humanidade terá apenas mais quatro anos de existência. Sem abelhas não há polinização, não há reprodução da flora, sem flora não há animais, sem animais, não haverá raça humana."

FRIDA E AS FLORES
A artista mexicana Frida Kahlo é, sem dúvida, uma das minhas inspirações. O talento artístico, o temperamento forte e a originalidade sempre me seduziram. A empatia por esta artista ocorre também porque fazemos aniversário no mesmo dia, 6 de julho. Suas roupas exóticas, geralmente inspiradas em etnias de várias partes do mundo e, principalmente, da sua terra natal, o México. As roupas tinham o objetivo de criar um estilo, mas também de dar conforto ao seu corpo extremamente debilitado. Frida chamava atenção também pelos penteados exóticos. Geralmente usava os cabelos presos por tranças no alto da cabeça, decoradas com fitas e muitas flores de vários tipos. Ela indubitavelmente amava flores, tanto que disse: "Pinto as flores, assim elas não morrem."

"Me perguntas por que compro arroz e flores? Compro arroz para viver e flores para ter algo pelo que viver". (Confúcio).

Katia Velo, professora de arte, artista visual, e colunista cultural