Segundo a professora Vera Lúcia Menezes de Oliveira e Paiva, da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), autora do artigo científico "A Linguagem dos Emojis", explica que a escrita é uma tecnologia e o emoji é uma evolução disso. “O problema do alfabeto e das pontuações, que são representações tipográficas, é que eles são insuficientes para representar todas as emoções”, ressaltou. Ela explicou que em um diálogo frente a frente é possível dar uma entonação na frase e fazer uma cara de tristeza ou alegria. “A questão é que a linguagem escrita é ambígua. A pontuação é uma forma de ajudar a expressar as emoções, mas é insuficiente. Quando se escreve e se acrescenta os emojis, isso amplifica o significado. Com o emoji a pessoa se comunica de forma mais complexa do que a comunicação só por palavras.”

Imagem ilustrativa da imagem ESPECIAL EMOJIS | O emoji possibilita uma comunicação mais complexa
| Foto: Folha Arte

Ela explica que o uso dos emojis é uma tentativa de transmitir mais sentido de forma mais econômica em determinados contextos de interação, mas, ao mesmo tempo, fazendo emergir sentidos acrescidos de muitos outros significados, especialmente, de emoções. Ela ressalta que as imagens são sempre mais fortes e é muito mais fácil enviar um coração pulsando do que dizer para um amigo "eu te amo".

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Questionada se o emoji permite comunicação com diversas pessoas do planeta, Paiva diz que ele é insuficiente e muitas vezes envolve questões culturais. Ela aponta que o emoji “high five”, que significa "toca aqui" nos EUA, é usado no Brasil como agradecimento, e quem é religioso dá outra interpretação para ele, como se fosse uma oração. “Você pode reagir em uma rede social a uma determinada publicação com um emoji, mas só com ele você não consegue uma comunicação mais profunda.” Ela explica que se alguém ler esta reportagem pode colocar um coração para dizer que gostou ou uma cara vomitando para dizer que não gostou. “Se você enviar um coração, isso serve para dizer que você amou. Se a pessoa colocar três corações, tem uma repetição que demonstra uma intensidade. Mas se ela quiser comentar de maneira mais aprofundada não tem como ser somente com emoji.”

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Ela se recorda de uma iniciativa da publicação de um livro utilizando somente emojis, o Emoji Dick, que foi uma tradução da obra Moby Dick para a linguagem dos emojis, que para ser viabilizada foi financiada coletivamente. “Acho que foi uma iniciativa única. Também tentaram criar uma rede social em que as pessoas se comunicavam só por emojis, mas também não foi para a frente”, observou.

O livro Emoji Dick foi uma tradução da obra Moby Dick para a linguagem dos emojis.
O livro Emoji Dick foi uma tradução da obra Moby Dick para a linguagem dos emojis. | Foto: Fred Benenson

Confrontada com a informação de que na pré-história os homens já se comunicavam por pictogramas, ela destacou que as imagens não podiam transmitir todas as informações. “Elas têm sua limitação. A gente nunca deixou de se comunicar por imagens, mas o alfabeto permitiu colocar no papel o que só podia se fazer pelo meio oral. Isso foi revolucionário para preservar a memória”, expôs.

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Ela enalteceu que a linguagem humana está sempre em evolução. “O verso dos poemas foi uma tecnologia que surgiu na antiguidade para ajudar a memória a guardar as histórias. A escrita surgiu para colocar as informações orais no papel. A linguagem é um sistema vivo e vai sempre evoluir e vai depender da tecnologia que vai surgir”, destacou.

O livro Emoji Dick foi uma tradução da obra Moby Dick para a linguagem dos emojis.
O livro Emoji Dick foi uma tradução da obra Moby Dick para a linguagem dos emojis. | Foto: Fred Benenson

“Sou linguista e trabalho em uma área chamada linguagem e tecnologia. Essa área trabalha com as inovações que a tecnologia traz à linguagem. As pessoas que não são linguistas gostariam que a gente falasse que a tecnologia vai acabar com a língua portuguesa, que os adolescentes estão desaprendendo a língua. Isso não procede. São códigos diferentes e as pessoas sabem mudar de código. Os jovens usam determinado tipo de linguagem e quando falam com o professor usam outra. As pessoas conversam com o patrão de uma forma e com o filho de outra maneira. Os novos meios de se comunicar só agregam e não corrompem língua alguma”, destacou.

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