Denise Tonin, consultora em marketing digital, criou o blog Viajante Solo, em que compartilha roteiros e dicas
Denise Tonin, consultora em marketing digital, criou o blog Viajante Solo, em que compartilha roteiros e dicas | Foto: Fotos: Arquivo Pessoal



Conhecer novos lugares, novas pessoas, novos costumes e sabores. Viajar nos proporciona tudo isso, mas pode ser também um momento de autoconhecimento, ainda mais se estamos sozinhos. Se para algumas pessoas a ideia de sair sem companhia por aí assusta, para outros é o sinônimo concreto de liberdade. Cada vez mais mulheres têm se aventurado nesta ideia, indiferentes aos olhares curiosos e questionadores.

Viajando sempre sozinha por opção, a consultora em marketing digital Denise Tonin tem há quatro anos o blog Viajante Solo, em que compartilha roteiros e dicas variadas para quem quer viajar sozinha, pela primeira vez ou não, e também administra um grupo no Facebook para troca de experiências.

"Eu sempre viajei sozinha, principalmente a trabalho, mas não me dava conta disso. Claro que no local a gente encontrava os colegas, mas quando acabava o expediente, eu estava sozinha para decidir o que fazer. Hoje isso já virou um estilo de vida, as mulheres veem como um autopoder, de não ter que fazer concessões. Quando viajamos sozinhas passamos a perceber do que realmente gostamos ou não", explica.

É claro que uma mulher viajando desacompanhada ainda causa certo espanto, inclusive nos familiares, entretanto, isso é muito comum, principalmente no exterior. "Minha mãe ainda se assusta comigo, mas já não fala mais nada. Viajar sozinha é um processo. Tem quem viaja a primeira vez e ama, tem quem fica perdido. Espero que as novas mães passem a incentivar mais isso", aponta.

Imagem ilustrativa da imagem Conhecendo o mundo sozinha



Segurança
Uma das principais dúvidas das mulheres que desejam se aventurar sozinhas é em relação à segurança já que, desacompanhadas, podem parecer um alvo fácil para assediadores. "As brasileiras levam uma vantagem, porque já vivem com essa insegurança. Não são necessários muito mais cuidados do que aqueles que nós já tomamos aqui, mas recomendo que se pesquise com antecedência o destino e faça um planejamento. Temos que respeitar a cultura, não dá para ir para um país sozinha e querer brigar contra aquilo. Algumas coisas são sinal de respeito também", alerta Tonin.

Questionada sobre lugares inadequados para uma viagem solo, ela diz que classifica os destinos em "mais ou menos amigáveis para as mulheres". "Os menos amigáveis são aqueles onde podemos sofrer um pouco mais de assédio, não só de natureza sexual. Digo que você até pode ir para esse local, mas viajar de maneira diferente. A Coreia do Norte, por exemplo, exige que você vá com uma agência, que não filme. Na Índia é preciso se atentar para o local que você senta no ônibus, junto a outras mulheres, na parte da frente. Já no Marrocos há o risco de alguém querer te comprar em troca de camelos. Você pode ir, mas contrate um guia local, faça passeios em grupo. Tudo depende do quanto você está disposta a se submeter àquilo."

Para quem quiser começar a viajar sozinha, ela recomenda que faça roteiros curtos, até mesmo dentro do país e de preferência em cidades preparadas para o turismo, com várias atividades para fazer. Para quem tem receio de se sentir sozinha, Tonin lembra que as redes sociais estão aí justamente para isso, além de ser uma forma de tranquilizar a família e amigos.

"Ler jornais locais e blogs ajuda a ter conhecimento sobre fatos que muitas vezes a mídia especializada não traz. Pesquise bastante, faça um roteiro e ouça seus instintos. Eu nunca estive em uma situação de risco, de assédio mais grave. Mas já desisti de dormir em uma cidade porque senti que não devia, não sei se ia acontecer alguma coisa, mas optei por cancelar a reserva que eu havia feito."